Um a cada cinco alunos da rede estadual precisa recuperar notas para passar de ano na região
Estudantes participam de programa de reforço que evita a reprovação escolar antes do início das aulas
Estudantes das escolas estaduais que não atingiram as médias ou tiveram número excessivo de faltas em 2022 têm uma última oportunidade para passar de ano. Iniciaram nessa quarta-feira (8) as aulas do projeto Estudos de Recuperação, desenvolvido pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Os alunos terão uma semana de aulas especiais e avaliações.
Na região da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que compreende Novo Hamburgo e São Leopoldo, o órgão estima que um a cada cinco estudantes precisem de recuperação.
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Na escola Frederica Schütz Pacheco, eram esperados 31 estudantes para a recuperação. A escola tem, ao todo, 350 alunos. A adesão foi considerada boa pela direção. As famílias de três jovens optaram por não fazer a recuperação e preferiram que os estudantes repitam de ano, em função de estarem muito defasados.
Rotina
Nos primeiros dois dias, as atividades são focadas nas disciplinas de língua portuguesa e matemática. No primeiro ocorrem aulas de reforço e no segundo atividades de avaliação.
Para a diretora da escola Frederica, Daniela da Silva, a possibilidade de recuperação é válida, em função das perdas de aprendizagem durante a pandemia e pela alta evasão escolar. No entanto, Daniela pondera que a prática deve ser algo pontual. "Hoje estou vendo com bons olhos. A gente sabe que isso pode provocar em algumas pessoas uma impressão de que qualquer um passa e não precisa de esforço. Mas também temos que entender que a defasagem está muito grande. A gente precisa trazer os alunos de volta para a escola e sabemos que isso é difícil", diz.
Última oportunidade de aprovar
Por dois pontos em matemática, Yuri Eduardo de Andrade, 16 anos, ia repetir o 9º ano. O estudante afirma que seu desempenho escolar ficou abaixo do que costuma ser e avalia que a pandemia pesou. "Eu não conseguia prestar atenção, acabava não fazendo nada. Até colocar a cabeça em dia, demorou um pouco", afirma.
Yuri ficou feliz com a oportunidade de recuperar o conteúdo e garante que, no próximo ano, seu aproveitamento será melhor. "Vou me puxar mais para que, caso tenha a recuperação de novo, eu não precise fazer. É uma oportunidade para todo mundo que está com dificuldade. A maioria ficou por um ponto ou dois", diz.
Alunos aproveitando também em São Leopoldo
Na Escola Estadual Polisinos, que fica no bairro Rio Branco, o cronograma prevê períodos de aula nos três turnos. Pela manhã, são priorizadas turmas de ensino fundamental; à tarde e à noite, as de ensino médio. Em cada turno, seis períodos de matérias diferentes são realizados, a fim de atender os alunos que foram reprovados nestas matérias ou desistiram durante o ano.
"É por disciplina. Temos determinadas disciplinas e ele (o estudante) vem no dia e horário que tem a matéria que ele precisa recuperar", explica o diretor da instituição, Eloyr Raul Schneider, destacando que 18% dos cerca de 1,1 mil alunos poderão participar da recuperação.
Na tarde desta quarta-feira, uma das disciplinas oferecidas era a de matemática e o aluno do 1º ano do ensino médio Kleiton Rodrigues, 17 anos, aproveitou para relembrar os ensinamentos na matéria. Ele conta que acabou reprovando de ano, quando mudou o turno de aula que estudava do noturno para a tarde. Agora, ele vai aproveitar os estudos para melhorar as notas em cinco matérias. "Essa oportunidade é uma mão na roda", resumiu, sobre a possibilidade de seguir para o 2º ano.
Em Canoas, críticas ao modelo
Diretor da Escola Estadual André Leão Puente, Felipi Vidal Fraga classificou a medida tomada pelo Estado como "desestimulante" para a maioria dos alunos que se empenharam ao longo do ano passado inteiro pela aprovação. O diretor de 36 anos diz entender que a medida foi tomada visando recuperar estudantes que evadiram. Porém, ela pode ser vista como um sinal que "qualquer estudante pode passar de ano".
"Ao criar um recurso que pode viabilizar a aprovação de um estudante que não obteve mais de 75% da presença ao longo do ano letivo, o Estado está divulgando que qualquer um não precisa frequentar as aulas e mesmo assim pode conseguir passar de ano", opina.
Dos 1,2 mil alunos, cerca de 300 foram chamados para o reforço, mas a maioria não apareceu. "Acho que o Estado não vai conseguir trazer de volta a maioria dos estudantes que evadiram, porque eles não pararam de estudar por falta de esforço", frisa. "A situação está muito difícil e muitos precisaram parar de estudar para trabalhar e ajudar em casa. É o que observo."
Colaboraram: Priscila Carvalho e Leandro Domingos