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Notícias | Região TEATRO

Peça 'Sobrevida', que aborda diagnóstico positivo de HIV, será encenada em São Leopoldo

Projeto será apresentado no Teatro Municipal neste sábado (11), a partir das 20 horas; os ingressos são gratuitos mediante retirada antecipada pela plataforma Sympla

Publicado em: 10.03.2023 às 08:12 Última atualização: 10.03.2023 às 08:16

Trabalho autobiográfico criado a partir do diagnóstico positivo de HIV, o espetáculo 'Sobrevida' terá sua história encenada em onze cidades do Rio Grande do Sul, levando arte e conscientização aos municípios gaúchos onde mais ocorrem casos do vírus. Combinando apresentações com bate-papos entre público, elenco e agentes de saúde de cada local no final da peça, o projeto inicia sua nova temporada neste dia 11 de março, sábado, às 20 horas, com apresentação no Teatro Municipal de São Leopoldo.

Peça de teatro 'Sobrevida' será encenada em São Leopoldo
Peça de teatro 'Sobrevida' será encenada em São Leopoldo Foto: Bob Sousa/Divulgação

Com direção e dramaturgia do artista e jornalista Jaques Machado, a peça retrata a vida de um ator que, ao revelar seu diagnóstico positivo para HIV, conduz a plateia por um passeio através de suas memórias e medos. Nesse trajeto, revive o conflito de compartilhar sua situação de risco com amigos, família e paixões.

A montagem tem no elenco Lincoln Camargo e Xandre Martinelli. O espetáculo ainda conta com a atriz e bailarina Angela Spiazzi, responsável pela direção de movimento e corpo do espetáculo; com Ricardo Vivian na iluminação cênica; e com Rodrigo Shalako na cenografia.

Depois de São Leopoldo, a encenação passa pela capital no dia 29 de março, no Teatro Renascença, além de estrear em Alvorada, Gravataí, Viamão, Canoas, Novo Hamburgo, Rio Grande, Pelotas, Santa Maria e Bagé em datas ainda a serem confirmadas. O Teatro Municipal de São Leopoldo fica na Rua Osvaldo Aranha, 934, no Centro. Ingressos gratuitos mediante retirada antecipada pela plataforma Sympla.

Entrevista: Jaques Machado (diretor e dramaturgo)

Como surgiu a ideia do espetáculo ‘Sobrevida’?
Jaques Machado -  Desde quando recebi meu diagnóstico para HIV (há 11 anos) sempre tive vontade de ajudar outras pessoas a passarem por esse momento de forma menos traumatizante. Quando soube, eu já tinha muita informação sobre e foi menos difícil pra mim. Anos atrás, soube que um conhecido, que não sabia sobre mim, descobriu ser soropositivo e escolheu não tomar a medicação e morreu. Com isso pensei que eu tinha que retomar a ideia de ajudar as pessoas a perceberem que se pode viver com o vírus hoje.

Quando conseguimos ter informações, eliminar o preconceito e o estigma, a gente salva a vida de algumas pessoas. Com isso, na pandemia, resolvi escrever uma peça de teatro contando essa jornada de descobertas e de sensações de morte e renascimento para cada pessoa que eu contava sobre mim.

O que motivou contar essa história?
Jaques Machado -  Eu acredito que falando abertamente sobre a minha história eu possa estar ajudando no combate ao preconceito e levando informação através da arte para que as pessoas se testem, se cuidem, se previnam. As pessoas precisam compreender que quem vive com HIV e segue o tratamento como deve ser, fica com a carga indetectável. Ou seja: não transmite o vírus. Ou seja: a motivação foi levar informação no combate ao preconceito e em favor da vida.

Quais os desafios para a construção da montagem?
Jaques Machado - Como passamos em uma residência artística em São Paulo e estreamos o espetáculo lá, o primeiro desafio foi levantar toda estrutura com o valor que tínhamos disponível. Foram quatro idas e vindas da equipe e estadias de uma semana por lá. Mas foi um processo lindo de conhecimento entre a equipe e de construção de um trabalho lindo. Depois disso, o desafio foi levar o público ao teatro. Às vezes a temática parece pesada, triste e as pessoas estão preferindo buscar comédias e espetáculos leves para dar risada na vida.

Porém, o nosso espetáculo não é algo triste, mas é emocional e quando a gente libera a nossa emoção, a alegria e a tristeza tem caminho aberto. Tentamos conduzir o público nesse embalo e nessa alternância de sentimentos. Além disso, fazer teatro sempre foi e continuará sendo um desafio. Só conseguimos fazer a nossa circulação agora graças aos recursos do PRÓ-CULTURA RS FAC - Fundo de Apoio à Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Como foi o processo de definição do elenco?

Jaques Machado - O espetáculo foi escrito para ser um monólogo, mas depois que o Lincoln e o Xandre fizeram uma leitura juntos, percebi que o texto era perfeito para os dois. Com isso eu reescrevi e coloquei no roteiro as divisões de textos que surgiram de forma orgânica em uma leitura dramática. O Xandre conheci em Brasília ainda, já no primeiro espetáculo que assisti com ele. Achei o trabalho dele maravilho na prática e como intelectual, professor, pesquisador e bailarino que ele é.

Trabalhamos junto já em Porto Alegre em um Laboratório de Montagem Cênica exclusivo para travestis e transexuais que ganhou um prêmio Açorianos de melhor ação formativa. O Lincoln trabalho com ele desde 2018 em outro espetáculo, desde então nos encontramos profissionalmente e na amizade. Agora formamos um trio que sempre que pode trabalha junto e cria junto.

Algum novo projeto no horizonte?
Jaques Machado - Estamos com várias ideias na cabeça, mas ainda não começamos efetivamente a trabalhar no projeto novo. A circulação pelo RS com o Sobrevida vai nos tomar muito tempo. E eu faço produção de outros espetáculo e os meninos dão aula e tem seus projetos também. Mas a rotina maluca não vai nos privar de fazermos mais um lindo trabalho em breve!

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