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Notícias | Região ECONOMIA

PIB do RS cai 5,1% em 2022 e governo alega impacto da estiagem

Agropecuária teve queda significativa e outros setores também foram afetados

Publicado em: 24.03.2023 às 05:00

A estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul impactou os números da economia gaúcha, que apresentou queda de 5,1% em 2022. Mesmo com a recuperação registrada no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior ( 1,7%), livre de efeitos sazonais, o Produto Interno Bruto (PIB) foi diretamente afetado pelo resultado da agropecuária, que caiu 45,6% em 2022.

Os outros dois grandes segmentos da economia que compõem o cálculo, a indústria ( 2,2%) e os serviços ( 3,7%), sustentaram altas no acumulado do ano. No Brasil, o PIB de 2022 teve crescimento de 2,9%.

Quando considerado apenas o quarto trimestre de 2022, em relação ao trimestre anterior, o setor de serviços ( 1%) e a agropecuária ( 43,3%) puxaram a alta de 1,7%. Na comparação com igual período de 2021, a variação do PIB do RS foi negativa (-1,3%).

O resultado do acumulado do ano e do quarto trimestre de 2022 da economia do Rio Grande do Sul foi divulgado na quinta-feira (23) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), e contou com a participação da titular da SPGG, Danielle Calazans, e dos técnicos do departamento.

Entre os grandes setores da economia, a queda na agropecuária (-45,6%) foi puxada pelas reduções na produção de soja (-54,3%), milho (-31,6%), fumo (-14,6%) e arroz (-9,7%), principalmente. O trigo, principal cultura de inverno, apresentou alta de 49,0% na quantidade produzida.

Na indústria, todas as atividades registraram desempenho positivo em 2022, com destaque, em termos percentuais, para Construção ( 5,8%), Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana ( 5,6%), indústria extrativa mineral ( 3,4%) e indústria de transformação ( 0,7%), o setor industrial mais representativo no Estado.

Entre as 14 atividades da indústria de transformação, os principais destaques positivos nos números vieram das indústrias de máquinas e equipamentos ( 12,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (15,3%) e produtos do fumo ( 11,4%). As maiores quedas no setor foram observadas nas indústrias de produtos químicos (-12,5%), móveis (-12,9%) e produtos de metal (-4,1%).

Nos serviços, das sete atividades divulgadas no PIB, seis tiveram variação positiva no ano passado. Em termos percentuais, os principais destaques são para os serviços de informação ( 8,7%), outros serviços ( 8,2%) e o comércio ( 5,3%), enquanto administração, educação e saúde públicas teve o único resultado negativo do segmento (-0,6%).

Nas atividades comerciais, seis das dez atividades apresentaram desempenho positivo, entre elas os hipermercados e supermercados ( 4,5%), combustíveis e lubrificantes ( 30,4%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico ( 6,9%). Comércio de veículos (-8,1%) e material de construção (-12,1%) registraram as quedas de maior impacto nos números.

Lazzari
Lazzari Foto: Divulgação

"Como já era esperado, a queda da produção agrícola do Estado, ocasionada por forte estiagem, notadamente nos dois primeiros trimestres do ano, acabou por determinar que o PIB gaúcho apresentasse retração em 2022, na comparação com 2021. Por outro lado, indústria e serviços cresceram, compensando, em parte, as perdas na agricultura", avaliou o pesquisador em Economia do DEE, Martinho Lazzari.

Queda já era esperada

Para o economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, a queda no PIB do Rio Grande do Sul já era esperada. "Lá no início do ano nós fizemos uma projeção de queda de 8% . Foi isso que nós estávamos projetando. E a perspectiva pra crescimento Brasil lá no início do ano passado era 0,5%. E nós só crescemos 2,9% porque se 'anabolizou' a economia", avalia.

Luz entende que o PIB do RS só se "descola do Brasil quando nós temos uma estiagem e quando a gente se recupera de uma porque de resto nós acompanhamos o crescimento brasileiro".

O economista destaca que o crescimento do setor de serviços ficou menor do que a Famurs estimava.

"Se não fosse a estiagem, o Rio Grande do Sul teria crescido mais ou menos o que cresceu o Brasil. Nós não somos uma ilha. E a expectativa era da queda em razão da estiagem", comenta.

Para 2023, Luz espera que o PIB do RS vai crescer. "Mas vai crescer bem menos do que deveria, pois novamente nós tivemos estiagem", diz.

Colaborou: Matheus Chaparini

TAGS: estiagem queda
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