Preso suspeito de chefiar quadrilha que extorquia empresários no Vale do Sinos

Em uma rápida resposta a episódios de extorsão contra empresários do Vale do Sinos, a Polícia Civil prendeu três homens nesta quinta-feira (6), durante a operação Timeo. A investida foi coordenada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo.

Um dos investigados, de 38 anos, foi capturado em Sapiranga. Outros dois, pai e filho, de 37 e 20 anos, foram presos em Novo Hamburgo. Conhecido como "Vand", o mais velho da dupla é apontado pela Polícia como principal chefe do esquema criminoso, que cobrava até R$ 1 mil semanais como "pedágio" a empresários e comerciantes da região. As identidades dos presos não foram divulgadas pela Polícia por conta da Lei de Abuso de Autoridade.

De acordo com o titular da Draco leopoldense, o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, a Polícia chegou aos suspeitos a partir de denúncias feitas pelas vítimas e da prisão de outro integrante da quadrilha, no mês passado, em Sapucaia do Sul.

"Naquela oportunidade, pensávamos que aquele homem (de 27 anos, preso em Sapucaia) seria o líder do grupo que praticava extorsões contra empresários do ramo de veículos. No entanto, descobrimos que ele acatava ordens dadas por este homem preso hoje em Novo Hamburgo e que é de alta periculosidade, com uma ficha criminal extensa", pontua o delegado.

Conforme a Polícia, "Vand" tem antecedentes por crimes de homicídio, extorsão mediante sequestro, motim e resgate de presos com roubo de armas de agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

Além das prisões, na operação foram apreendidos simulacros de armas, entre eles um fuzil de pressão, drogas, três carros e dinheiro. Segundo o delegado, as armas falsas eram utilizadas pelos criminosos para amedrontar as vítimas. Àquelas que se negavam a pagar os valores cobrados, os bandidos, que se intitulam membros de uma facção, enviavam ameaças por meio de mensagens, áudios e vídeos pelo WhatsApp.

De acordo com a investigação, os valores cobrados variam. "Até o ano passado, eram R$ 500 mensais. No início de 2023, a quadrilha passou a exigir valores semanais, chegam a R$ 1 mil a empresários de grande porte. Os depósitos eram exigidos em Pix", comenta o delegado.

Crimes na região

As investigações tiveram início depois de uma revenda de carros ter sido apedrejada em Estância Velha, no mês passado. Poucos dias depois, um homem de 27 anos, que integraria a quadrilha responsável pelos crimes de extorsão naquela cidade, foi preso em Sapucaia do Sul.

A suspeita da Polícia é de que o mesmo grupo tenha agido em diferentes cidades da região. Dentre as vítimas dos criminosos estão empresários do ramo de revendas de veículos e de outros empreendimentos.

Em São Leopoldo, desde 2021, há, pelo menos, 16 casos sendo investigados, nenhum referente a revenda, e todos em bairros da área da 2ª Delegacia de Polícia, que abrange, entre outras localidades, a Scharlau e a Vicentina. Neste último bairro, o depósito de uma reciclagem foi incendiado no dia 23 de março.

Denúncias

De acordo com o delegado Ayrton, o nome escolhido para a operação, "Timeo", que significa "medo" em latim, reflete um sentimento comum entre as vítimas de extorsão. Apesar disso, o delegado frisa a importância das denúncias, que podem ser feitas de forma anônima à Draco, pelo WhatsApp (51) 98585-6118.

"São as denúncias que nos ajudam a chegarmos nestes indivíduos e o combate ao crime de extorsão depende apenas de investigação e repressão", destaca. Conforme o delegado, a orientação é para que as vítimas não paguem os valores exigidos pelos criminosos.

"E mesmo quem já pagou precisa denunciar à Polícia. Muitas vítimas ficam receosas, pensam que estiveram ajudando o crime. São pessoas de bem, que são vítimas de uma quadrilha", pontua.

Casos serão tema de reunião na segunda-feira

Na quarta-feira (5), o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, convocou os integrantes das forças de segurança para uma reunião extraordinária do GGI-M. O encontro ocorrerá na segunda-feira (10), às 9 horas.

Vanazzi também enviou ofício à Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), solicitando uma reunião sobre o tema com os prefeitos da região. Na pauta do encontro, estão eventuais ações conjuntas para deter a prática de extorsão a empresários.

"Reuniões como essa servem para que o serviço nas operações integradas sejam cada vez mais eficientes. Não podemos deixar que facções criminosas amedrontem nossos comerciantes e coloquem medo na população. Nossa estratégia de governo nos permitiu manter o saldo positivo na geração de empregos com carteira assinada e possibilitar o crescimento econômico. Por outro lado, temos obtido bons resultados com o trabalho integrado das forças de segurança como no caso da redução do número de homicídios em São Leopoldo. Queremos garantir a segurança necessária para as pessoas trabalharem", afirma Vanazzi.