Casal é indiciado por torturar bebê de oito meses que foi levado ao hospital com fraturas
Inquérito policial foi concluído e enviado ao Ministério Público; menino e irmãos seguem em abrigo de Sapiranga
O casal que levou um bebê de oito meses a um hospital do Vale do Sinos com fraturas pelo corpo foi indiciado pela Polícia Civil. "O indiciamento foi por tortura, com o agravante de ser lesão corporal grave", afirma o delegado Clóvis Nei da Silva, titular da Delegacia de Sapiranga.
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Com os resultados dos exames feitos no dia do atendimento hospitalar, a Polícia Civil avaliou que as fraturas tinham sido causadas por uma pessoa e não por uma queda de andador, como a mãe havia relatado aos profissionais de saúde. "Tem as lesões que foram identificadas nos exames hospitalares. Fraturas em braços e pernas, mas igual vai passar por perícia", diz Silva.
A partir de depoimentos dos investigados e de testemunhas, o delegado constatou que o padrasto agredia o menino com conhecimento da mãe. "Se verificou que não houve proteção e as autoridades não foram comunicadas. Ela acabou sendo indiciada pela omissão."
O conselheiro tutelar Vanderlei Rodrigo de Araújo afirma que a mulher havia conhecido o namorado pela internet e havia se mudado para Cambará do Sul, nos Campos de Cima da Serra. O casal estava junto há um mês e meio.
Além do bebê, ela levou os outros dois filhos, uma menina de seis anos e um menino de dois anos, para morar com o homem. Para verificar se os irmãos também foram torturados, a Polícia solicitou que eles passem por perícias. A mulher está a espera do quatro filho, no quinto mês de gestação.
O inquérito policial foi concluído na última quinta-feira (8) e enviado ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) que vai decidir se oferece uma denúncia contra os dois. Caso o MP acuse o casal, o caso será encaminhado à Justiça e, se a denúncia for aceita pelo judiciário, os dois viram réus no processo.
Mãe está em liberdade provisória
A indiciada ficou presa por um dia e recebeu liberdade provisória. Porém, a Justiça determinou uma medida protetiva que impede a mulher de se aproximar dos filhos.
Já a prisão do homem, foi convertida em preventiva.
Crianças estão em abrigo
Com a decisão judicial de afastar as crianças da genitora, os dois mais velhos, que estavam na casa da avó materna, em Sapiranga, foram levados no dia 5 para o Centro de Atendimento São Francisco (CASF). O irmão já estava no abrigo desde o dia 2, quando saiu do hospital.
O local acolhe crianças e adolescentes de zero a 17 anos. Nesta quarta-feira (14), o Conselho Tutelar confirmou que os três irmãos seguiam no abrigo.
Irmã já havia sido recolhida quando era bebê
Em 2017, a irmã mais velha tinha apenas alguns meses de vida quando foi levada para um abrigo, ela estava sob os cuidados da avó materna. O Conselho Tutelar recolheu a criança ao constatar que a casa não era adequada.
"Na época, ela [avó] morava em uma área invadida, em situação de vulnerabilidade e pobreza extrema. Usavam banheiro comunitário e, à noite, faziam as necessidades em balde e deixavam naquele mesmo ambiente", conta o conselheiro tutelar, que diz que a situação atual da residência ainda é parecida.
Denúncias
Casos de violência e de negligência com crianças podem ser denunciados pelo Dique 100 ou o 190, da Brigada Militar, os serviços são gratuitos e garantem o anonimato de quem liga.
Em Sapiranga, o Conselho Tutelar atende em regime de plantão pelo telefone (51) 99707-5087. "Sempre algum conselheiro vai atender, em qualquer hora do dia", afirma Araújo.