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Notícias | Região TENTATIVA DE HOMICÍDIO

Professora é condenada por esfaquear ex-marido na frente dos filhos pequenos em Novo Hamburgo

Vítima sobreviveu ao golpes no abdômen, em abril de 2020, mas crianças ficaram traumatizadas e com medo da mãe

Publicado em: 15.06.2023 às 21:51 Última atualização: 15.06.2023 às 23:26

Uma professora de educação infantil de 47 anos foi condenada no fórum de Novo Hamburgo, na noite desta quarta-feira, por esfaquear o ex-marido na frente dos filhos pequenos. Ela recebeu pena de quatro anos e dois meses pelo crime de tentativa de homicídio qualificado, mas, pelo tempo que ficou presa preventivamente, restam um ano, dez meses e 14 dias para cumprir, no regime aberto. E pode recorrer em liberdade. O nome não é informado para preservar a identidade das crianças, que ficaram traumatizadas e com medo da mãe.

 

 


Julgamento da professora aconteceu no Fórum de Novo Hamburgo nesta quarta-feira
Julgamento da professora aconteceu no Fórum de Novo Hamburgo nesta quarta-feira Foto: Arquivo/GES

O júri começou por volta das 10 horas. A vítima, um funcionário público de 50 anos da área de segurança do trabalho, compareceu e falou sobre as facadas que levou no abdômen. A mãe dele e uma irmã também prestaram depoimento contra a ré sobre o fato da noite de 24 de abril de 2020, no bairro Rincão.

Relataram que o ataque foi de surpresa, com a intenção de matar.

A professora contou com cinco testemunhas de defesa, entre elas outra ex-companheira da vítima. No interrogatório, a ré alegou que feriu o ex-marido para se proteger de agressão.

Houve réplica e tréplica entre acusação e defesa

O promotor Robson Jonas Barreiro apresentou as provas formuladas na denúncia e pediu a condenação. Os defensores, Nemias Sanches e Camila Ferreira, priorizaram a tese de absolvição por legítima defesa. Porém, postularam como alternativa a desclassificação do crime de tentativa de homicídio para lesões corporais, a fim de abrandar a pena. Houve réplica e tréplica.

Para juíza, motivo não ficou esclarecido

O corpo de jurados, formado por quatro mulheres e três homens, considerou a ré culpada. Também reconheceu a qualificadora de recurso que dificultou a defesa da vítima. Por volta das 22h30, a juíza Anna Schuch leu a sentença com algumas considerações. “O motivo não restou suficientemente esclarecido. As consequências são agravadas, na medida em que o fato atingiu, ainda que indiretamente, os filhos das partes, menores de idade. A vítima não contribuiu para o delito.”

Funcionário público teria sido salvo pela irmã

Os depoimentos foram marcados pela tensão entre as famílias com duas crianças no meio. Parentes do funcionário público narraram que ele só não teve consequências graves porque a irmã dele interveio. Já a ré contou com o depoimento de outra ex-companheira do homem, que disse ter sido agredida por ele.

A vítima: O técnico em segurança relatou que estava no trabalho, recebendo mensagens de áudio com ameaças da ex-mulher, e foi para casa preocupado. Ao chegar, por volta das 18h30, viu a ré sentada na calçada, rindo e brincando com o filho mais novo - o menino e a menina estavam morando com o pai. O homem disse que pensou que ela havia se acalmado, mas passou a gritar, por causa de dinheiro, e começou a esfaqueá-lo. Contou que foi salvo pela irmã, que conseguiu tirar a faca da agressora. Conforme ele, a ex gritava que na próxima vez seria um tiro.

A mãe: Declarou que a ex-nora gritava que iria matar a vítima e a golpeou na frente dos filhos. Segundo ela, após o crime, a acusada voltou à casa para ver as crianças, que se recusaram a vê-la, pois passaram a ter medo da mãe. Afirmou que teme pela vida do filho e das crianças, pois acha que a acusada poderia usá-las para se vingar.

A irmã: Disse que foi socorrer o irmão pelos gritos da mãe e que ficou ferida na mão ao desarmar a ex-cunhada.

O brigadiano: Chamado para a ocorrência, um soldado da Brigada Militar informou que, quando chegou à residência, a vítima já tinha sido socorrida para atendimento médico. Descreveu a ré como "abalada e nervosa" quando levada à delegacia. A faca foi apreendida.

A ré: Segundo a professora, o casal de filhos havia ficado com o pai em comum acordo até que ela se organizasse após a separação, em 2019, pois estava sobrecarregada com a faculdade e o trabalho. No entanto, conforme ela, o ex passou a impedi-la de ver e falar com as crianças. Comentou que o divórcio não foi amigável. Também disse que ele a agredia verbalmente pelo WhatsApp, mas que não salvou as mensagens. Relatou que, no dia do crime, "espetou" o ex com a faca após ele dar dois tapas no rosto dela durante discussão. Contou que ele ainda tentou estrangulá-la. Frisou que estava em estado de choque e que teve a faca tirada de sua mão pela ex-cunhada. A professora ficou preventivamente recolhida por dois anos, três meses e 14 dias.

A outra ex: Arrolada como testemunha de defesa, a mulher disse que sofreu relacionamento abusivo nos seis meses que morou com o funcionário público. Afirmou que recebeu medidas protetivas, segundo ela, por ter sido agredida e ameaçada pelo técnico em segurança do trabalho. Disse que ficou sabendo do esfaqueamento pela própria acusada e pela imprensa. Referiu que não acredita que a professora tenha tido a intenção de matar o ex-marido.

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