Pizzaria de vereador sofre golpe do falso Pix no Vale do Sinos

A pizzaria de um vereador de Ivoti é a mais nova vítima do golpe do falso Pix no comércio do Vale do Sinos. Um suspeito de Dois Irmãos chegou a ser preso e indiciado por estelionato, mas foi solto sob pagamento de fiança. No celular dele, apreendido para a sequência da investigação, havia várias mensagens com encomendas de refeições na região.

Foram cinco pedidos no intervalo de cinco dias, que resultaram em prejuízo de aproximadamente 800 reais à Pizzaria Alface, da Colônia Japonesa. O primeiro foi feito no último dia 17, um sábado. “Viram que deu certo e continuaram. Na correria dos pedidos, a gente recebeu o comprovante do Pix e não conferiu o crédito na conta bancária, até que veio a desconfiança. Constatamos o golpe e fizemos o boletim de ocorrência”, relata o dono, Satoshi Suzuki.

O flagrante

A Brigada Militar, que já monitorava uma onda de golpes semelhantes, entrou em contato com a empresa do vereador e fez o flagrante quando um suspeito de 14 anos recebia duas pizzas, na noite da última quarta-feira (21), no bairro São João, em Dois Irmãos. O adolescente e dois parentes disseram que o responsável pelos pedidos era um amigo conhecido como “Pelé”. Entregaram a pessoa certa.

O homem indicado, de 27 anos, foi encontrado em condomínio nas imediações e reconhecido pelos brigadianos como autor do golpe. Levado à Central de Polícia de Novo Hamburgo, foi autuado em flagrante por estelionato pelo delegado plantonista Kevin Garcia, que arbitrou fiança de R$ 1,3 mil. O indiciado pagou e responderá inquérito em liberdade pelos crimes contra a pizzaria, além de ser investigado por golpes parecidos a outros estabelecimentos comerciais da região. O nome não é informado por causa da Lei de Abuso de Autoridade.

Parlamentar destaca a importância do registro

Suzuki diz que, após a experiência negativa, a empresa vai ficar mais atenta. “É complicado ficar abrindo o aplicativo do banco a toda hora, mas vamos conferir melhor.” Ele observa também que é essencial fazer a ocorrência. “A Brigada fez um excelente trabalho no flagrante.” Segundo a vítima, o morador de Dois Irmãos era cliente recente. As dez pizzas pedidas em cinco dias levantaram a suspeita. Suzuki acrescenta que há várias situações que dificultam a identificação do consumidor. “Ocorre, por exemplo, quando a pessoa passa como endereço um condomínio onde não mora e vai receber lá na frente.”

Tenha cuidado

Em vigor desde novembro de 2020, o Pix popularizou as transferências e pagamentos bancários. Ao facilitar a vida das pessoas e crescer vertiginosamente no uso, passou a ser estudado pela indústria do crime, que foi criando golpes para se apoderar de parte dos trilhões já movimentados na plataforma do Banco Central.

No caso da pizzaria de Ivoti, os estelionatários simularam pagamentos por meio de editor de texto. A modalidade de golpe mais usada no comércio se vale do Pix agendado. Em vez de fazer a transferência imediata, o vigarista programa o pagamento e apresenta o comprovante para receber a mercadoria. Depois cancela.

O Serasa, referência no País em serviços de análises e decisões de crédito, dá dicas para não cair em golpes do Pix:

• Entregue a mercadoria somente após ter o dinheiro em conta. O agendamento não garante o pagamento. O Pix agendado pode aparecer no extrato bancário como lançamento futuro, mas isso não é pagamento.
• Cadastre o consumidor com comprovantes de residência e outras informações de referência antes de aceitar Pix parcelado ou agendado.
• Evite compartilhar CPF ou outro dado pessoal, como chave Pix, com estranhos. Prefira o número do celular ou e-mail.
• Consulte o extrato bancário para confirmar o pagamento do Pix e peça para a pessoa aguardar a conferência.
• Verifique se o comprovante da transação contém número de ID ou da transação, valor transferido, data e hora, descrição da compra, informações do destinatário, informações do pagador.