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Notícias | Região VIOLÊNCIA

Traficante de Novo Hamburgo é acusado de invadir casa e matar criança no litoral norte

Preso no bairro Santo Afonso com drogas, armas e fardas da Brigada Militar, criminoso deve ir a júri pelo homicídio de filho de policial em Imbé

Publicado em: 11.07.2023 às 19:14 Última atualização: 12.07.2023 às 16:35

Apontado como matador de facção, um traficante do Vale do Sinos é acusado de invadir a casa de um brigadiano aposentado em Imbé e assassinar o filho dele, de 6 anos, em agosto do ano passado. Preso há seis meses em casa, em Novo Hamburgo, com armas, drogas e fardas da Brigada Militar, o executor foi denunciado pelo homicídio em maio e deve ir a júri no litoral. Pelé, como é conhecido, tem 36 anos e extensa ficha criminal.


Três encapuzados entraram na casa atirando | Jornal NH
Três encapuzados entraram na casa atirando Foto: Reprodução/Polícia Civil

O caso, conforme investigações, envolve um grupo de extermínio encarregado de eliminar rivais da facção entre o Vale do Sinos e o litoral. No rastro de execuções ficaram inocentes, como Bryan Vidal Ferreira, estudante do 1º ano do ensino fundamental.

A criança levou tiro na cabeça e no braço quando assistia televisão com a família, no sofá da sala, na tarde de 7 de agosto de 2022, um domingo. Morreu no dia seguinte no hospital. O pai, Alexandre Ferreira, 50, sargento da reserva, ficou ferido no braço.

Mais de 50 tiros


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Os baleados não eram o alvo. O jurado de morte, amigo de uma pessoa da família, conseguiu escapar. A brutalidade foi tamanha, segundo a Polícia, que as seis pessoas que estavam na residência teriam sido executadas se não tivesse acabado a munição. Foram mais de 50 tiros de pistola, efetuados por três encapuzados. Um deles, conforme a Polícia e o Ministério Público, era Pelé. O grupo usou um Ford Ka, incendiado logo após ao ataque em um terreno baldio ainda em Imbé.

Tráfico e agiotagem em esquema com colombianos

A Polícia apurou que a invasão à casa do policial tinha relação, entre outros crimes, com a execução de um colombiano de 30 anos, dois dias antes, na Estrada do Mar, em Capão da Canoa. Foi descoberto que, por trás do conflito, havia um esquema de tráfico de drogas e agiotagem do Vale do Sinos com ramificações no litoral norte.

Na manhã de 13 de janeiro deste ano, quando ainda não havia sido indiciado pela morte de Bryan, Pelé foi preso no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, com dois comparsas. Tinham duas espingardas, duas pistolas, munições, 46 quilos de drogas e uniformes completos da BM, entre outros materiais para se passarem por policiais. Um giroflash apreendido seria usado para o grupo chegar aos alvos como se estivesse em viatura discreta.


Pelé foi preso em janeiro no bairro Santo Afonso  | Jornal NH
Pelé foi preso em janeiro no bairro Santo Afonso Foto: Polícia Civil

“Apuramos que estavam se preparando para executar mais rivais na região de Tramandaí”, recorda o titular da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, Tarcísio Kaltbach, que coordenou buscas em casas dos quadrilheiros também nos bairros Operário e Santo Afonso. Foram ainda recolhidos quatro carros usados no transporte da droga e armamento ao litoral.

Em fevereiro, recolhido no sistema prisional, Pelé foi indiciado pela morte de Bryan. Entre as condenações, tem 16 anos e seis meses de prisão por homicídio em razão de rixa do tráfico em Porto Alegre.

Droga com referências bíblicas

Cada tijolo dos 46 quilos de maconha apreendidos com o grupo tem logomarca em embalagem preta que remete à intimidação e demonstração de poder na guerra do tráfico. É uma balança, com um olho em cada prato, e uma frase no meio: “lei de talião”. A mensagem tem referências bíblicas e de outros registros da era antiga. Representa a vingança como forma de justiça, ao pregar que a pessoa que fere outra deve ser penalizada em grau semelhante, com a punição aplicada pela parte lesada. A maconha com a estampa hamburguense vem sendo apreendida desde o ano passado no litoral norte, principalmente em Tramandaí e Imbé.

Chefe do grupo foi preso duas vezes em seis dias

Com a prisão de Pelé e outros três subordinados no início do ano, o chefe do grupo de extermínio, conhecido como Bodão, 45, foi se refugiar em um sítio no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo. Com o passar do tempo, começou a frequentar ambientes públicos até ser capturado quando almoçava em um restaurante na área central da localidade rural, na terça-feira da semana passada. Estava foragido do semiaberto. 


Quadrilheiro de 45 anos se escondia no bairro Lomba Grande | Jornal NH
Quadrilheiro de 45 anos se escondia no bairro Lomba Grande Foto: Polícia Civil

Três dias após a recaptura, fugiu do Instituto Penal de Charqueadas e foi pego de novo, na tarde desta segunda (10), após perseguição em Gravataí. Segundo o delegado, tem extensa ficha criminal por homicídio e tráfico. “As investigações indicam que é o responsável pela onda de homicídios ocorrida no litoral norte no primeiro semestre deste ano”, observa Tarcísio.

Silvio Milani

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