Morre Erni Engelmann, empresário e pesquisador da imigração alemã em Igrejinha

Morreu na tarde desta quarta-feira (19) o escritor, pesquisador e empresário de Igrejinha Erni Guilherme Engelmann, aos 72 anos. Ele estava internado há duas semanas no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e tratava um problema pulmonar crônico. Nos últimos meses, a capacidade dos pulmões de Erni era de apenas 19%.

O empresário nasceu em Três Coroas, mas foi em Igrejinha que construiu a vida e se estabeleceu profissionalmente. A mãe, Anita Engelmann, era uma figura conhecida na cidade. Foi parteira e chegou a construir uma maternidade na época. O pai, Edgar Engelmann, faleceu quando Erni tinha apenas 18 anos.

No comércio, Erni foi um dos primeiros a inaugurar uma loja de calçados na rodovia de Igrejinha. Junto com a esposa Suleica Engelmann, os dois administravam a empresa do ramo calçadista Sapatu’s, com lojas em Igrejinha e Gramado. Além disso, Erni também era proprietário do posto Abastec, também de Igrejinha.

O escritor convivia com a doença há cerca de 30 anos. Com a ajuda de fisioterapia e outros tratamentos médicos conseguiu prolongar o tempo de vida. Nos últimos anos, no entanto, o quadro de saúde piorou. No hospital, uma infecção pulmonar atingiu o organismo e ele não conseguiu reagir ao tratamento.

Mesmo não tendo filhos, encontrou nas crianças da família um amor de pai. De acordo com o sobrinho, Sandro Klein, Erni era muito querido pelos familiares. "Meus filhos foram quase adotados pelo casal, de tanto que ele gostava deles. Era muito integrado com a família", afirma. A relação dos dois era muito próxima. Sandro lembra que o tio sempre o incentivou profissionalmente. "Ele era um apoiador da família e dos amigos. Sempre ajudou muita gente", diz.

Paixão pela história de Igrejinha

Além do lado empreendedor, Erni mantinha uma paixão forte pela cultura alemã. Mesmo não sendo um historiador de formação, a curiosidade e o encanto pela história dos antepassados era o que lhe motivava. Escreveu a trilogia “A Saga dos Alemães - Do Hunsrück para Santa Maria do Mundo Novo", uma edição bilíngue lançada no Brasil e na Alemanha. A obra é resultado de uma grande pesquisa acerca da imigração alemã no Rio Grande do Sul, realizada no Vale do Paranhana.

De acordo com o sobrinho, o interesse pela história dos imigrantes alemães surgiu do próprio tio. “Ele sempre gostou de questionar. Com os amigos da Alemanha que tinha vínculo, sempre participava de grupos de genealogia”, conta Sandro.

Ao lado do amigo Nélio Schimidt, também pesquisador, atuavam juntos em pesquisas sobre os imigrantes, através do grupo Genealogia-RS-Pesquisa Teuto-Brasileiras, com a edição de diversos livros. “Era uma pessoa muito querida, muito especial. Em relação a perda literária nós não vamos ter, pois temos um acervo enorme em que ele era um dos mantenedores. Vamos sentir a perda da conversa pessoal que tínhamos, além do conhecimento que ele trazia das viagens à Alemanha”, lamenta.

Erni também participava ativamente na comunidade de Igrejinha. De acordo com o prefeito Leandro Horlle, além de ser um grande escritor, era referência para moradores locais e de outras cidades. “Ele deixou um legado com as obras históricas e a visão comunitária. Era uma pessoa marcante, obstinada e comprometida em fazer as coisas acontecerem. É uma perda muito significativa para a cidade”, afirma.

O empresário era engajado com entidades sociais da cidade. Na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Igrejinha, onde a esposa é a atual presidente, Erni era voluntário e apoiador. Na década de 1980, também fez parte da diretoria executiva como vice-presidente.

Despedida

O corpo será velado nesta quinta-feira (20), a partir das 8 horas, na Capela Martin Luthero, no Centro de Igrejinha. O sepultamento ocorre às 16 horas, no Cemitério Martin Luthero.