"As relações étnico-raciais precisam ser aprendidas", diz professora em encontro que teve debate sobre educação antirracista
Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha reuniu dezenas de participantes no Espaço Cultural Albano Hartz, onde beleza e arte também foram tema
Combater a desigualdade racial, dar visibilidade e debater questões sobre o papel da mulher negra na sociedade brasileira e hamburguense é o objetivo do Coletivo Pretas, que, nesta terça-feira (25), celebrou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha com um evento aberto à comunidade e dedicado a educação antirracista, no Espaço Cultural Albano Hartz, em Novo Hamburgo.
O 2º Encontro da Mulher Negra da cidade reuniu participantes e palestrantes numa roda de conversa que buscou encorajar e compartilhar as experiências de cada uma. “Nós decidimos formar esse coletivo para discutir as nossas necessidades. Trabalhamos com ações de empoderamento, crescimento pessoal e profissional, e ancestralidade, pois a mulher negra busca força dos antepassados”, explica Sandra Regina Carvalho Soares, uma das fundadoras do Coletivo.
O movimento iniciou há um ano, exatamente nesta mesma data. Desde lá, o Coletivo Pretas conta com 36 integrantes e já realizou diversas atividades junto à comunidade. “Queremos mostrar a beleza e a pluralidade da mulher preta. Queremos superar a invisibilidade que sofremos”, destaca Sandra. Além disso, a fundadora ressalta que o grupo não é só para mulheres negras, todas são bem-vindas.
A programação do evento contou com exposição de quadros, comercialização de cosméticos e maquiagem, além de homenagem à escritora Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista negra a publicar um livro no Brasil.
Arte
Logo na entrada do Espaço Cultural, quem subia as escadas se deparou com obras coloridas e representativas. Elas são obras de Raquel da Silva, artista plástica que participou do encontro expondo telas que retratam mulheres e homens negros, incluindo Zumbi dos Palmares, líder quilombola.
A artista, que é deficiente auditiva, trabalha há 9 anos no Pio XII e conta que o interesse pela arte começou ainda quando criança. De acordo com Raquel, o pensamento dela vai longe quando começa a pintar.
Beleza
Quem também participou e palestrou foi a especialista em cabelos crespos, cacheados e ondulados, Larissa Dutra. Durante o evento, a empreendedora trançou os cabelos das mulheres que compareceram. Para ela, o evento e a data representam uma oportunidade de parar para falar sobre isso. “Tem que ser falado todos os dias, para podermos construir uma sociedade mais segura de si”, destaca.
Já Denise Silva, diretora de vendas da Mary Kay, levou um kit de produtos para maquiar as convidadas. De acordo com a profissional, proporcionar esse momento às mulheres traz amor próprio e autoestima. “Elas também podem ter liberdade financeira, visão de futuro”, menciona, já que muitas podem empreender no ramo também.
Educação antirracista na escolas
Um dos assuntos abordados durante a roda de conversa foi a educação das escolas. Fernanda Duarte de Oliveira é professora da EMEB Profª Adolfina Diefenthäler, em Novo Hamburgo, e relata a dificuldade de ser uma professora negra no ensino escolar. “Hoje é um dia que marca uma luta. As mulheres negras educam desde sempre. Devemos exaltar a data de hoje e trazer para dentro da escola, falar sobre ancestralidade, e valorizar a relação com o outro. As relações étnico-raciais precisam ser aprendidas”, defende a educadora.
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“Queremos que sejam ouvidas. Aproveitamos para convidar todas as mulheres pretas que queiram participar do coletivo. Mulheres brancas também são bem-vindas. Nosso objetivo é agregar, e não segregar”, complementa. No perfil do Instagram (@coletivopretass) é possível acompanhar o trabalho do grupo.