Artista recorda começo da carreira em Novo Hamburgo em reencontro com o palco do Teatro Municipal; conheça
Lu Gatelli traz memórias de infância no bairro Santo Afonso e fala sobre a "Casa Torta", projeto que virou atrativo turístico de cidade de Minas Gerais
Convidada a ser jurada no 1º Festival Estadual Mulheres na Comédia, que aconteceu neste mês em Novo Hamburgo, uma artista hamburguense, que vive em Minas Gerais, deixou um recado especial. "O riso agrega, aproxima as pessoas, deixa a vida mais leve, dá mais jogo de cintura. É preciso manter, até a morte, uma vida mais leve. Podemos levar as coisas menos a sério. Uma vez um palhaço falou que o adulto é uma criança adulterada. Achei lindo isso", diz Lu Gatelli, 46 anos, atriz, diretora, autora, palhaça e pela primeira vez jurada de um evento cultural.
Ela conversou com a reportagem no dia 11 de agosto, um dia antes de um reencontro especial com o palco do Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno, o mesmo no qual pisou para fazer seu teste na vaga oferecida pelo grupo teatral Luz & Cena quando tinha 14 anos, que marcou o início de sua vida artística.
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Ela reforça que o riso pode mudar a vida das pessoas de muitas formas. "Há estudos que, quando você ri e gargalha, o seu cérebro entende como está se sentindo. Então, quando não está bem, força o riso, que ativa dopamina, serotonina e endorfina, substâncias que o riso libera e faz aumentar o bem estar. Cientificamente é comprovado que o riso faz bem para o nosso corpo."
A capelinha na Santo Afonso ganha versão no palco
Na apresentação solo da peça "Nossa Senhora do Bom Humor", Lu Gatelli revive sua infância utilizando a linguagem da palhaçaria. Ela conta que morava ao lado de sua avó paterna Nataliria Luz da Silveira, no bairro Santo Afonso, que lhe pediu para levar às vizinhas a capelinha da santa. Na tradição do catolicismo, a imagem de Nossa Senhora vai em uma pequena capela de madeira para a casa das pessoas e fica por um dia até seguir para a próxima casa.
"Eu me sentia especial e fazia com maior carinho. Era um momento de troca com minha avó e nas oficinas de teatro, a infância, a avó, a nossa ancestralidade sempre aparecem", relembra.
No palco, a personagem Solulu traz uma representação da tal capelinha. Na peça ela convida a plateia a cantar em coro com ela, proporcionando um momento onde se aprofunda a conexão com o sagrado, mas também com as boas gargalhadas.
Do primeiro emprego até idealizar a "Casa Torta"
Lu Gatelli cresceu no bairro Santo Afonso, estudou no "Sagradinho", apelido carinhoso da Escola Sagrado Coração de Jesus. Quando seu pai, Dirceu Gatelli da Silveira, faleceu, ela tinha 13 anos e sua mãe Maria Tereza Gatelli Silveira disse que ela precisava trabalhar. E conseguiu.
"Abri o Jornal NH e nos 'Classificados' estava escrito que procuravam atriz para trabalhar em teatro infantil. Era o Luz & Cena. Eu vim na maior cara de pau do mundo, sem nunca ter feito nenhuma peça na vida. A Elisa Machado (diretora do Luz & Cena) perguntou se eu era atriz e eu disse 'tem algum problema?' e ela falou 'não'. Saí aquele dia com emprego e com uma carreira artística, uma profissão", relembra.
Em 1992 foi a primeira apresentação no Teatro Paschoal Carlos Magno e até 1998 morou em Novo Hamburgo. Depois seguiu para o Rio de Janeiro, conheceu seu marido e sócio na companhia de teatro e teve dois filhos.
A mudança para Minas Gerais ocorreu em 2015 e um ano após inaugurou a Casa Torta, em Bichinhos, distrito de Prados, em Tiradentes. O local, inaugurado em 2016, é atrativo turístico e é um espaço para adultos brincarem lembrando a infância. Há jogos, poesia, cenários, brinquedos antigos e 25 atividades lúdicas. A Casa Torta foi idealizada como um cenário lúdico e fantasioso, para quebrar regras, brincar com as curvas, provocar o riso e resgatar a criança que tem dentro de cada um.