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Notícias | Região SÃO LEOPOLDO

"Desabou e não conseguia parar de chorar": Decisão do júri de casal preso pela morte de técnico de enfermagem causa surpresa

Vítima, que trabalhava no Hospital Centenário, foi morta com 15 facadas dentro de casa em maio de 2018

Publicado em: 01.09.2023 às 10:49 Última atualização: 01.09.2023 às 11:16

Preso há cinco anos acusado da morte de um técnico de enfermagem em São Leopoldo, um casal foi absolvido do crime em júri realizado nesta semana na cidade.

A artesã Débora Terezinha Conceição, 47 anos, e o namorado dela, o garçom Eduardo Souza da Silva, 27, eram acusados da morte do técnico de enfermagem Jorge Henrique Bastian, 62.

Bastian, que era marido de Débora, foi morto com, pelo menos, 15 facadas dentro da casa onde morava, no bairro São Miguel na noite do dia 3 de maio de 2018.

Tribunal do Júri ocorreu na terça-feira passada no Fórum de São Leopoldo | Jornal NH
Tribunal do Júri ocorreu na terça-feira passada no Fórum de São Leopoldo Foto: Arquivo/GES

Débora e o namorado foram presos por agentes da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) pouco mais de um mês do crime.

Na delegacia, ambos negaram a autoria. Na época, o inquérito da Polícia Civil apontava que ambos teriam orquestrado a morte de Bastian, após a vítima ter descoberto a relação extraconjugal de Débora com Silva.

Durante o julgamento, realizado na última terça-feira (29) no Fórum leopoldense, as defesas de Débora e Silva apresentaram uma nova versão para o fato.

No plenário, testemunhas, inclusive familiares dos réus, afirmaram que o relacionamento de Débora e Silva era de conhecimento da vítima, que já estaria separada da esposa e que aceitava o novo namoro dela, desde que as visitas de Silva à casa onde a vítima residia com Débora e os filhos pequenos ocorressem quando ela não estivesse.

Segundo Débora, numa primeira versão dada por ela à Polícia, Bastian teria sido morto durante um assalto à residência onde eles moravam.

Mais tarde, em uma audiência com o juiz, a mulher alegou que o crime teria sido cometido pelo genro dela, membro de facção, que na época estava foragido e com quem Bastian teria tido desavenças por discordar do comportamento do jovem, que atualmente está preso cumprindo pena de 23 anos de reclusão por um latrocínio cometido em Porto Alegre.

Ao juiz, Débora disse que demorou para denunciar o genro porque teria sido ameaçada de morte junto com os filhos pelo homem, já que presenciou o crime.

13 horas de plenário

O júri que começou às 9 horas foi o mais longo deste ano no Fórum leopoldense. Ao todo, foram 13 horas de plenário até a sentença do juiz José Antônio Carlos Piccoli, absolvendo os dois réus.

Responsável pela defesa de Silva, o defensor público Lisandro Wottrich, clasificou o julgamento como “emblemático” e “emocionante”.

“Tenho na minha carreira mais de 700 plenários e este foi um dos maiores júris que já fiz. Foi uma das grandes batalhas que já vi e terminar com sucesso foi uma conquista para mim, para a Defensoria Pública e para a minha equipe”, comenta.

Wottrich recorda, ainda, a emoção de Silva ao ser informado, dentro da cela do Fórum, da decisão pela absolvição.

“Ele desabou no chão e não conseguia parar de chorar. Fiquei muito emocionado com a emoção que ele estava sentindo. Foi uma vitória para a inocência deste menino que perdeu cinco anos da vida dele. Espero que agora ele consiga retomar a vida”, diz Wottrich.

Segundo o defensor, desde a data da prisão preventiva, Silva cumpria pena em regime fechado na Penitenciária Estadual de Jacuí.

Já Débora aguardava o julgamento em prisão domiciliar em razão de problemas de saúde. A reportagem aguarda retorno da defesa de Débora sobre o caso.  

Vítima trabalhava no Hospital Centenário

Bastian foi morto a golpes de faca desferidos contra o pescoço, a cabeça, as costas e uma das pernas. O caso gerou grande comoção na cidade na época, já que Bastian era bastante conhecido por trabalhar há quase 10 anos no Hospital Centenário.

Segundo colegas e pacientes ele era reconhecido pela alegria, disposição e generosidade com que realizava sua função. 

Renata Strapazzon

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