Campo Bom quer acabar com circulação de carroças, mas projeto não agrada recicladores; entenda
Proposta que tramita na Câmara de Vereadores inclui auxílio emergencial considerado insuficiente pelos proprietários de carroças
A exemplo de cidades como São Leopoldo e Novo Hamburgo, a prefeitura de Campo Bom quer acabar com a circulação de carroças até dezembro do ano que vem. O primeiro passo foi proibir, desde junho, os veículos com tração animal no Centro.
Tramita na Câmara de Vereadores um projeto que prevê auxílio emergencial de R$ 651 mensais por seis meses, prorrogável por igual período, aos carroceiros. A prefeitura promete ainda cursos profissionalizantes e o encaminhamento ao mercado de trabalho. O governo também quer adquirir um veículo alternativo, tipo cavalo de lata, aos recicladores.
Na ocupação Bicho de Pé, no bairro Aurora, onde residem 15 famílias de recicladores que dependem da carroça para o trabalho diário, Gilson Rogério Ferreira, 54 anos, afirma que tomou conhecimento do projeto no dia em que a proposta foi entregue à Câmara. "É frustrante, pois não nos procuraram para debater. Fomos surpreendidos com a proposta, que é de muito mau gosto, pois não paga nem a comida do mês", reclama.
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Dionildo Machado, 43 anos, também não concorda. "Dizem que é pra acabar com os maus-tratos, mas não maltratamos nossos cavalos." O reciclador afirma que depende da carroça para sustentar a esposa e quatro filhos. Machado compara com o projeto de São Leopoldo: "Lá, os carroceiros receberam R$ 1 mil por mês durante um ano e agora devem receber uma indenização de R$ 6 mil."
Secretário justifica proposição
A iniciativa da prefeitura visa regularizar a situação dos 35 carroceiros que residem em Campo Bom. Para ter acesso ao benefício, terão que se cadastrar junto à Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social. As carroças serão emplacadas e os cavalos chipados. Os carroceiros podem entrar em contato com o Cras Centro (3597-9147) ou Grande Operária (3597-4791 e 99295-6182).
O secretário Gabriel Colissi, de Desenvolvimento Social e Habitação, esclarece que o objetivo do benefício de meio salário mínimo é possibilitar um prazo para que os carroceiros consigam se profissionalizar e ingressar no mercado formal de trabalho.
"Além disso, é um valor que o município tem condições de pagar atualmente, por meio da avaliação do setor financeiro", explica.