Palestra sobre Lanceiros Negros e oficinas de dança, chula e chimarrão marcam os Festejos Farroupilhas do Paranhana

O sábado (16) foi de apresentações de dança e histórias sobre a Revolução Farroupilha, especialmente sobre o papel dos Lanceiros Negros. Durante a programação do 15° Festejos Farroupilhas do Paranhana, junto ao evento Recanto Cultural, em Taquara, o presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/RS, Subseção Taquara, Mateus da Silva Rosa Pereira, palestrou sobre os fatos marcantes e a importância para a história do Rio Grande do Sul.

Na Sede Campestre do CTG "O Fogão Gaúcho", no Parque Anibaldo Renck, às margens da RS-115, centenas de estudantes, das três redes de ensino de Taquara, pais e visitantes acompanharam o momento. Para o presidente dos Festejos, Juliano de Azevedo Barbosa, o tema é importante para que as crianças aprendam desde cedo sobre a história do Estado. "Muitas crianças não sabem. É importante divulgar para que entendam de onde surgiu", afirma.

Silvia Adriana Gelinger, 50, conta que fez questão de ficar no evento para ouvir a palestra. "Todo o momento cultural que oferece conhecimento é importante, em especial o tema do negro. A gente vê que a televisão romantiza muito, pois a realidade foi muito diferente do que é mostrado. O que eles viveram foi difícil, duro. E isso nos faz refletir, e lutar para que não venha se repetir", avalia a diretora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Taquara.

Para ela, o momento serve como uma mudança dentro da sociedade. "Eu decidi ouvir porque quero ser uma multiplicadora dentro da minha escola. Para que eu consiga levantar a autoestima. Para que saibam que são pessoas de valor", afirma Silvia.

Mateus da Silva Rosa Pereira é advogado e falar sobre o tema é fundamental para ele. Como membro da comissão de Igualdade Racial, é uma oportunidade de ocupar espaços e transmitir conhecimentos. "Falamos sobre a liberdade e a igualdade. Temos que procurar tornar público a história dos antepassados que lutaram por justiça", enfatiza.

Programação para a criançada e família

O Recanto Cultural, Escola e Comunidade, foi pensado para disseminar a cultura e a tradição gaúcha através do ensino-aprendizagem dos alunos em apresentações que referenciam a história do Rio Grande do Sul. O sábado é considerado um dia letivo para as escolas da rede municipal. Cerca de 3,5 mil crianças participaram de oficinas culturais de dança, chula e chimarrão.

Para as apresentações, os temas são "Tradição e Família: Unindo Gerações na Semana Farroupilha". De acordo com Barbosa, o evento foi organizado no sábado justamente para integrar a comunidade. "As famílias aproveitam para acompanhar e torcer para os filhos. É lindo. Um momento de troca entre as crianças e as famílias", afirma.

A professora de Novo Hamburgo Édina Oliveira da Rosa, 35, assistia as apresentações das turmas ao lado da filha Rafaela Martins, 5. Participando do evento pela primeira vez, ela conta que adora a Semana Farroupilha e procura sempre falar sobre o 20 de setembro para a pequena. "Vai ser encantador ver ela dançando. E a família tem que estar junto, para mostrar a importância da nossa tradição", completou.

Sobre os Lanceiros Negros

Formado por homens escravizados, os Lanceiros Negros lutaram ao lado do exército Farroupilha contra o Império, com a promessa de liberdade ao fim do conflito. Entretanto, quando se aproximou o fim da guerra, cerca de 100 escravizados, desarmados e comandados pelo farroupilha Davi Canabarro, foram massacrados pelo exército imperial no distrito de Piratini, no Cerro dos Porongos, hoje município de Pinheiro Machado. Esse episódio ficou conhecido como Massacre dos Porongos e facilitou as negociações de paz dos farroupilhas com o Império, que culminou na assinatura do Tratado de Poncho Verde, em 1845.

Fonte: Secretaria Estadual da Cultura