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Bocha, truco cego e tetarfe: Jogos campeiros ganham destaque na Semana Farroupilha

CTGs criam até oficinas para ensinar sobre as regras de esportes em comemoração ao Dia do Gaúcho; confira os detalhes

Publicado em: 19.09.2023 às 03:00 Última atualização: 20.09.2023 às 15:01

Se o Rio Grande do Sul tivesse seus Jogos Olímpicos, talvez não houvesse atletismo, natação ou ginástica. Bem possível que modalidades como bocha campeira, truco cego e tetarfe é que estariam em evidência. Mas se não tem Olimpíada por aqui, tem a Semana Farroupilha, quando este tipo de jogos ganham holofotes em Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e acampamentos.


Truco cego foi ensinado no acampamento de Sapiranga  | Jornal NH
Truco cego foi ensinado no acampamento de Sapiranga Foto: Susi Mello/GES-Especial

Coordenador da 30º Região Tradicionalista (RT), Carlos Moser explica que cada jogo tem suas regras e atrai diferentes tipos de perfis. De acordo com Moser, a bocha campeira tem crescido vertiginosamente e atraído famílias inteiras. "É um esporte socializado entre os tradicionalistas, com praticantes dos 12 aos 80 amos. A bocha campeira é o esporte da moda", complementa.

O coordenador da 30ª RT pontua que o truco cego tem adesão especialmente entre jovens nos galpões. Já a adesão ao tetarfe ainda é tímida. Coordenador de Esportes no Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Hildo Delfes de Lima frisa que a entidade tem buscado incentivar a práticas de jogos campeiros, como o tetarfe.


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No Acampamento Farroupilha de Sapiranga, teve até oficina recentemente para ensinar um dos jogos campeiros com mais regras: o truco cego. A aula foi ministrada por Fernando Engers, diretor de Esporte Campeiro de Truco Cego da 30ª Região Tradicionalista (RT), e por Rafael Kettermann, coordenador do Departamento de Truco do CTG Galpão Sentinela do Pago, de Sapiranga.

Quem aceitou o desafio de aprender foram Ivete Silveira, 60 anos, e Neli Silveira Naissinger, 74, que disputaram contra os maridos, Círio Inawitz, 71, e Severo Naissinger, 74, respectivamente.

Regras básicas do truco cego


Fernando Engers e Rafael Ketterman são aulas de truco cego | Jornal NH
Fernando Engers e Rafael Ketterman são aulas de truco cego Foto: Susi Mello/GES-Especial

O baralho é diferente dos jogos de canastra e pife. Ele é um baralho espanhol, no qual se excluem as cartas de números oito e nove, além dos coringas. No total, são 40 cartas. O jogo pode ser disputado um contra um, de duplas ou de trios. A partida começa com a distribuição de três cartas para cada um dos participantes, seguindo por diversas rodadas.

O truco cego tem três jogadas características. Conforme a Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha (CBTG), o Envido é uma preliminar da partida. Nessa etapa, os jogadores podem ou não ganhar tentos extras pela comparação dos pontos que cada um tem em mão.

No Envido, a contagem dos pontos ocorre com duas cartas do mesmo naipe. Já a etapa da Flor consiste no jogador ter três cartas do mesmo naipe. O vencedor das duas primeiras etapas será o que tiver a maior soma de pontos. Posteriormente, o truco é dividido em três rodadas e vencerá o que se sair bem em duas delas. A qualquer hora o jogador pode pedir truco, que eleva a aposta.

Tetarfe


Tetarfe é uma combinação de quatro modalidades | Jornal NH
Tetarfe é uma combinação de quatro modalidades Foto: Arquivo pessoal

Unindo quatro modalidades diferentes, tejo, tava, argola e ferradura, o tetarfe exige pontaria. A disputa ocorre entre equipes em uma cancha de 9 metros de comprimento por 2 metros de largura. Ao longo da cancha são demarcadas áreas para cada modalidade - tejo (4 metros de distância), argola e ferradura (5 metros) e tava (7 metros).

Cada competidor faz uma sequência de arremessos que varia conforme a modalidade, assim como a pontuação. O objetivo final da equipe é marcar a maior pontuação possível no conjunto das provas.

No caso do tejo, a regra básica consiste em conseguir atirar fichas em um buraco onde é cravada uma adaga. Quanto mais próximo da adaga a ficha cair, maior a pontuação.

Na tava, também chamada de jogo de osso no Estado, o objetivo é arremessar o osso do garrão do boi (tava) com chapas de bronze e ferro. Os pontos são definidos pela posição da tava na cancha.

Na argola, a meta é encaixar o objeto, em diferentes tamanhos, em uma barra de ferro. A pontuação muda conforme a circunferência da argola.

No caso da ferradura, o objetivo também é acertar uma barra de ferro presa na cancha. Mas, a pontuação é baseada na forma como a ferradura se prende à barra. O ideal é prendê-la na barra de ferro antes delas tocar o solo.

Bocha campeira


Oficina de bocha com estudantes no Acampamento Farroupilha de Sapiranga | Jornal NH
Oficina de bocha com estudantes no Acampamento Farroupilha de Sapiranga Foto: Rafael Bender /divulgação

A cancha deve ter 34 metros de comprimento por 10 metros de largura. São delimitadas as cabeceiras ou ninhos, onde ficarão os competidores (espaço de dois metros em cada ponta). Ainda há mais três espaços de 10 metros na cancha, onde é a área do jogo.

Os competidores devem jogar a bocha de madeira ou sintética. A pontuação será definida de acordo com a proximidade da bocha com o balim (bola pequena) - o primeiro a ser arremessado para iniciar a partida.

O balim deve ficar entre os 10 metros do meio. Para lançar a bocha, o jogador poderá dar até dois passos. Se o balim, ao ser atingido, ultrapassar os 20 metros, os jogadores poderão se aproximar dos 10 metros para efetuar a jogada. Sempre que o balim for batido e ultrapassar os limites da cancha, será considerado balim fora de cancha. Esse esporte campeiro é jogado em trio.

Susi Mello

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Susi Mello

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