Quando a dor de enterrar um filho se transforma na missão de acolher enlutados

Ao completar 20 anos, Jardim da Memória divulga, pela primeira vez, o que motivou o início do cemitério parque em Novo Hamburgo

Francine Silva

Conteúdo Especial | Núcleo 360

Foi necessário quase duas décadas para que a família de Alfredo Bilo conseguisse compartilhar o que motivou a criação do Jardim da Memória, em Novo Hamburgo. Afinal, a dor de enterrar um filho não conhece relógio. Inclusive, não existe palavra — em idioma nenhum — que nomeie a condição de um pai e de uma mãe que perde seu filho. Foge da lógica da vida, do que é esperado quando se pega o filho no colo pela primeira vez.

Em 3 de junho de 1992, a família Bilo se despediu do seu filho mais novo, o Alfredinho. Diagnosticado com uma doença degenerativa rara aos dois anos, o menino lutou bravamente pela vida. Foram seis anos percorrendo todos os médicos possíveis, pesquisando tratamentos, buscando apoio espiritual e emocional. Até que a doença o levou, três meses após seu aniversário de oito anos.

Alfredo Bilo em frente à cripta da família, onde está enterrado o filho Alfredinho

No entanto, o luto que consumiu a família também foi o responsável por gerar frutos. Frutos, esses, que são colhidos por mais de 20 mil famílias que têm no Jardim da Memória o acolhimento no momento mais difícil da vida: o de se despedir dos seus entes queridos.

Para Bilo, Alfredinho foi um anjinho que veio ao mundo por esse propósito, para que fosse criado um jardim de memórias, onde as pessoas possam ressignificar o luto. “Em meio a lágrimas, a memória de seu sorrido foi a luz que rompeu a escuridão e deixou florescer a fé em Cristo no coração de todos que com ele conviveram. Então, conseguimos redescobrir a grandiosidade da vida concedida por Deus. Ele deixou sementes de amor, que hoje vivem intensamente no nosso coração”, declara. 

Um relato comovente

Alfredo Bilo

Mesmo passados 31 anos daquela despedida, Alfredo Bilo se emociona todas as vezes que lembra do filho mais novo. Sentado ao lado da cripta onde repousa o corpo de Alfredinho, em um dos espaços do Jardim da Memória, Bilo fez questão de dizer que ainda dói — e muito — contar sobre a perda. Afinal, o luto não conhece relógio, nem espaço, nem lugar.

“É uma inversão da vida. Nos machucou muito. Foi um momento de muita dor, de carregar a cruz, mas também de muito amor e que nos fez melhores”, conta com a voz embargada. Foi a partir dessa experiência de morte, que nasceu o sonho do Jardim da Memória, que em novembro completa 20 anos. “Hoje, podemos dizer que conseguimos entender os desígnios de Deus”. 

Confira, abaixo, o relato completo em vídeo

 

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