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Notícias | Região SAPUCAIA DO SUL

Faxineira raptada e torturada pela ex-patroa dá outra versão para o crime e fala sobre as agressões: "Não sei como ela não me matou"

Mulher, de 50 anos, revela ter medo de novas investidas contra a família e pensa em se mudar de Sapucaia

Publicado em: 30.10.2023 às 13:01 Última atualização: 30.10.2023 às 13:34

As marcas pelo corpo não deixam a faxineira de 50 anos esquecer o terror que passou na última quinta-feira (26), quando foi torturada depois de ser chamada para um trabalho em uma casa no bairro Scharlau, em São Leopoldo.

No entanto, é a violência psicológica que sofreu que faz a mulher chorar toda vez que fala sobre o crime do qual foi vítima. “Estou abaixo de remédios. Não consigo dormir. Perdi a minha paz”, resume.


Faxineira foi torturada na semana passada em São Leopoldo  | Jornal NH
Faxineira foi torturada na semana passada em São Leopoldo Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

Moradora do Loteamento Colina Verde, no bairro Vargas, em Sapucaia do Sul, a faxineira, que pede para não ser identificada, foi agredida pela ex-patroa, uma empresária de 45 anos, moradora do bairro Pasqualini, e por outras três comparsas em uma emboscada.


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No dia do fato, a faxineira havia sido chamada para um trabalho na casa de uma das comparsas da ex-patroa. Chegando ao local, ela foi agredida e encapuzada e levada para outro endereço.

Neste outro local, a vítima foi agredida com coronhadas na boca e teria sofrido cortes com estilete e queimaduras de cigarro pelo corpo. Depois, as agressoras teriam dado banho gelado nela.

“Não sei como ela não me matou. No momento em que me davam banho gelado, elas filmavam com o celular e mandavam eu pedir perdão no vídeo”, recorda a vítima, relatando que ficou por mais de três horas sendo torturada.

Em seguida, as agressoras levaram a mulher sem roupas no porta-malas de um carro e a deixaram em um local ermo. Sem saber em que cidade estava, a faxineira lembra ter sido socorrida por um homem a cavalo. “Parecia bem interior. Pedi ajuda a este homem e ele chamou a Brigada. Os policiais me levaram para o Hospital de Portão”, diz.

Depois de receber alta, a vítima, orientada pelas filhas, foi até a Delegacia de Polícia, onde registrou um boletim de ocorrência, relatando tudo o que havia ocorrido. “Ela (a ex-patroa), disse para eu não envolver a Polícia. Me ameaçou, dizendo que era de facção e que se eu a denunciasse ela mataria toda a minha família e colocaria fogo na minha casa e no salão de beleza da minha filha”, lembra.

Por medo, a vítima diz que ao ser socorrida pelos brigadianos, disse a eles a versão ordenada pela agressora. “Ela mandou eu falar a quem me socorresse que eu havia sido assaltada e estuprada por dois homens”, recorda.

Motivação seria dívida de roupas

Cientes do fato, agentes da 2ª Delegacia de Polícia de Sapucaia iniciaram buscas pela suspeita. Ela foi encontrada em uma elétrica na Rua Henrique Dias, no bairro Santa Catarina, em Sapucaia, da qual é dona e para onde foi depois de ter levado o carro em uma lavagem para limpar as manchas de sangue da vítima que haviam ficado no porta-malas.

Ao perceber a proximidade da Polícia, ela ainda tentou escapar, mas acabou sendo capturada na Avenida Sapucaia, no Centro. Com ela os policiais apreenderam um revólver calibre .38 e o celular da vítima.

À Polícia, a empresária alegou que o crime teria tido motivação passional, após a empresária ter visto uma troca de mensagens entre a faxineira e o marido, apontando uma suposta relação extraconjugal do marido com a ex-funcionária.

Esta versão, no entanto, é rechaçada pela vítima. “Não tem cabimento. Trabalhei três anos para a família e sempre houve respeito entre mim e o marido dela”, diz. Segundo a vítima, a motivação teria sido uma dívida de quase R$ 1 mil em roupas, contraída por ela e pelas filhas na loja que a ex-patroa mantém em São Leopoldo.


Mulher teve o corpo cortado com estilete  | Jornal NH
Mulher teve o corpo cortado com estilete Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

A cobrança da dívida, segundo a vítima, teria motivado uma discussão e a troca de agressões físicas entre elas dias antes da emboscada. Agora, a vítima diz temer pela vida dos familiares e pensa em se mudar de cidade.

"Estou em pânico. Não deixo minhas filhas saírem de dentro de casa. Escuto barulhos e penso que é alguém invadindo a casa”, conta. “Eu só quero justiça. Estou sem conseguir trabalhar. A faxina é o meu sustento e não sei quando vou ter condições de sair de casa. Ela me machucou e me humilhou muito. Ficava o tempo todo me chamando de negra ladra, que eu não passava de uma faxineira. Ela tem que pagar pelo que fez”, completa.

Prisão preventiva

Responsável pela investigação do caso, o delegado Gabriel Lourenço revela que a prisão em flagrante da suspeita e principal mentora do crime foi convertida em preventiva. “A Polícia Civil trabalha pra identificar as demais pessoas que participaram desse delito”, comenta.

Segundo ele, para a Polícia, a presa segue alegando que o crime tenha motivação passional. “Teria sido em razão de uma suposta relação extraconjugal entre o marido da presa e a vítima”, pontua Lourenço.

O delegado destaca que aguarda autorização judicial para acessar as supostas mensagens nos aparelhos telefônicos dos envolvidos.

Renata Strapazzon

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Renata Strapazzon

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