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Notícias | Rio Grande do Sul Passo Fundo

Acusados de matar menino Bernardo vão a júri cinco anos após o crime

Pai e outras três pessoas vão a julgamento nesta segunda-feira no Noroeste do Estado

Por Fábio Radke
Publicado em: 10.03.2019 às 13:28 Última atualização: 10.03.2019 às 15:05

Foto por: Reprodução
Descrição da foto: Bernardo Boldrini tinha 11 anos quando foi morto
Começa nesta segunda-feira (11), às 9h30, no Fórum de Três Passos, o júri dos quatro acusados pela morte do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, em abril de 2014. O crime com desfecho em Frederico Westphalen ganhou repercussão nacional e ainda hoje comove, em especial, a comunidade de Três Passos e da região Noroeste do Estado. Seja em grupos nas redes sociais ou por meio de flores e cartazes depositados no antigo endereço dos Boldrini, diversas mobilizações lembram a vítima e ao mesmo tempo pedem justiça no caso.

O Ministério Público (MP) tem a expectativa de que os quatro réus sejam condenados às penas máximas previstas para os crimes para os quais são acusados. A acusação será feita pelo promotor de Justiça Bruno Bonamente. Obanco dos réus será ocupado pelo pai da criança, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, Edelvânia Wirganovicz e seu irmão Evandro Wirganovicz. Boldrini e Graciele são indiciados por homicídio quadruplamente qualificado. Em razão de motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou defesa da vítima. O médico – bastante conhecido na região de Três Passos – também cumpre pena por ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele,responde por homicídio triplamente qualificado, enquanto Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, por homicídio duplamente qualificado.

Testemunhas

Cabe à juíza Suciline Engler Werle, que responde pela 1 a Vara Judicial da cidade, apontar a sentença aos acusados. Inicialmente, os sete jurados ouviriam um total de 28 testemunhas em um julgamento de aproximadamente sete dias. Entretanto, nos últimos dias, dez testemunhas foram retiradas da relação pelos advogados, restando assim 18. São todas as oito testemunhas do réu Evandro e duas do médico Boldrini. Não há uma explicação para a medida legal adotada pelos defensores.

Foto por: Reprodução/Facebook
Descrição da foto: Leandro, o pai, e Graciele, a madrasta, estão presos

70 espectadores

De acordo com informações do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul(TJ/RS), o salão do Júri da Comarca de Três Passos receberá um total de 70 pessoas, sendo 25 para profissionais de imprensa, 15 para veículos de comunicação credenciados e 10 para Tribunal de Justiça e Ministério Público. Os demais 45 lugares restantes serão colocados à disposição do público em geral, entre eles familiares da vítima e dos acusados. Moradores e pessoas da comunidade, diariamente, podem ter acesso a senhas, distribuídas pelo Cartório, no saguão do Foro, sempre a partir das 9 horas, nos dias de duração do julgamento. No processo concluído e apresentado à Justiça, os responsáveis pela investigação ouviram mais de 50 testemunhas,resultando em 8.190 páginas divididas em 39 volumes.

''Uma voz que se calou''

Procurado pela reportagem do ABC Domingo, o advogado Marlon Taborda declinou de uma manifestação oficial quanto ao caso Bernardo em razão da morte da avó de Bernardo, Jussara Uglione, em 2017. Entretanto, em relação à morte de sua cliente responsável pelo processo movido contra o arquivamento do inquérito que investigava a morte de Odilaine, mãe de Bernardo, afirmou: “Uma voz que se calou”.

No dia 8 de abril de 2011, o inquérito da morte de Odilaine foi arquivado pela primeira vez. O entendimento da Justiça era de que houve suicídio. Porém, a partir de perícias encomendadas por Jussara, algumas dúvidas foram levantadas. Uma nova investigação referente à morte de Odilaine, no mês de maio de 2015, concluiu que houve de fato suicídio. A Justiça determinou em 22 de agosto de 2016 que o caso fosse arquivado.

Quanto à morte de Odilaine, ela teria cometido suicídio dentro do consultório de Leandro Boldrini no dia 10 de fevereiro de 2010. A mãe de Bernardo teria escrito uma carta um dia antes da sua morte. Jussara Uglione morreu no dia 25 de agosto de 2017, aos 76 anos, por complicações médicas.

Defesas não se manifestam

Os advogados contratados pelos acusados preferem o silêncio. Ezequiel Vetoretti, que ao lado de Rodrigo Grecellé é responsável pela defesa de Leandro Boldrini, não quis se manifestar sobre o júri. Já o advogado de Evandro, Helio Francisco Sauer, classificando o caso como bastante rumoroso, também optou por não emitir nenhuma declaração. O advogado Vanderlei Pompeo de Mattos, contratado para defender a madrasta Graciele, assim como a defesa de Edelvânia, não atenderam as ligações.

Relembre o caso

O garoto Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, foi assassinado no dia 4 de abril de 2014, comum a super dosagem do sedativo midazolam. Ele vivia com pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini.

O pai de Bernardo chegou a procurar a Polícia no dia 6, para comunicar o desaparecimento do filho. O garoto teria sido visto pela última vez às 18 horas do dia 4, quando ia dormir na casa de um amigo.

No dia 14, Edelvânia Wirganovicz confessou à Polícia, que ela e seu irmão Evandro Wirganovicz ajudaram a enterrar o garoto em uma cova na Linha São Francisco, Distrito de Castelinho, no interior de Frederico Westphalen. No mesmo dia o corpo foi encontrado e, alémde Edelvânia, Boldrini e Graciele foram presos no mesmo dia como os suspeitos da morte do garoto.

Em 10 de maio de 2014 Evandro Wirganovicz foi preso por suspeita de ter ajudado a esconder o corpo de Bernardo. Ele, sua irmã e o casal esperam julgamento de recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A definição pelo júri popular dos quatro foi proferida pelo juiz Marcos Luís Agostini em agosto de 2015. Uma manutenção da sentença saiu em outubro de 2016.

O réu Boldrini teve recurso negado pelo STJ em abril de 2017, enquanto Graciele teve pedido de prisão domiciliar negado em março do ano passado.

Já em novembro passado, o STJ recusou pedido de Edelvânia para anulação dos depoimentos recolhidos na investigação. A definição da data do júri popular por parte da juíza Sucilene saiu em dezembro.

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