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Notícias | Rio Grande do Sul Estado encolhendo

Pouco atraente para migrantes, RS perdeu 700 mil habitantes ao longo de oito anos

O resultado vai além da baixa natalidade e da maior expectativa de vida dos gaúchos: a pouca quantidade de imigrantes é um fator decisivo

Publicado em: 15.07.2019 às 18:37 Última atualização: 16.07.2019 às 07:36

Foto por: Carolina Greiwe / Ascom Seplag
Descrição da foto: Estudo foi elaborado pelo pesquisador Pedro Zuanazzi, do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Seplag
Por contar com a menor taxa de crescimento populacional do país, o Rio Grande do Sul tem crescimento no percentual de idosos, ao mesmo tempo em que diminui o número de pessoas que integram o grupo em idade potencialmente ativa (15 a 64 anos). Essa movimentação tem origens além da baixa natalidade e da maior expectativa de vida dos gaúchos em relação ao cenário nacional: o RS é um Estado que pode ser considerado “fechado” para trocas migratórias. Isso ocorre pois conta com baixos percentuais de emigrantes e, principalmente, de imigrantes, resultando na menor taxa líquida migratória fora do Nordeste brasileiro.

Caso todos os nascidos no Estado retornassem ao RS, a população ultrapassaria a marca de 12 milhões, mesmo considerando que todos os imigrantes também retornassem aos territórios de origem. Este quadro foi destacado pelo estudo divulgado nesta segunda-feira (15) pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) sobre o movimento migratório e o quanto esta transição demográfica gera impactos tanto do ponto de vista econômico como em termos de desafios de políticas públicas para os próximos anos.

“O Rio Grande não tem se mostrado atrativo para reter pessoas, especialmente os mais jovens, muito menos para cativar gente de fora. O Estado precisará ´importar´ pessoas”, define a secretária Leany Lemos.

Oito anos de redução

Um dos destaques do trabalho realizado pesquisador Pedro Zuanazzi, do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Seplag, é o ponto em que mostra que o RS é o que mais perdeu participação perante a população brasileira na comparação com os demais Estados do Sul e Sudeste em oito anos (2010–2018). Passou de 5,6% em 2010, para 5,4% no ano passado, dois décimos que representam 347 mil pessoas.

Na nota que elaborou, Zuanazzi observa que o processo de envelhecimento da população gaúcha (20% da população terá mais de 65 anos em 2035, por conta das baixas taxas de fecundidade e da maior expectativa de vida) é similar aos estados vizinhos. Porém, esse recuo em termos de participação nacional deve ser creditado também às trocas migratórias, pois o RS tem um fluxo reduzido nos dois sentidos. “O problema não é o número que sai, pois a emigração não é elevada em relação às outras unidades da federação. Esta reduzida taxa líquida decorre, principalmente, pelo baixo ingresso de pessoas”, destaca.

Impacto no Estado

Historicamente o RS apresenta déficit migratório, causando, apenas em 2018, diminuição de 0,12% da população. Em Santa Catarina, por exemplo, o processo foi inverso: cresceu 0,41%. Conforme Zuanazzi, “o saldo migratório passa a ter um papel ainda mais relevante uma vez que a maioria dos migrantes é formada por pessoas de 20 a 35 anos, que estão no começo de seus períodos produtivos, contribuindo para o crescimento da região por um longo período”.

Na avaliação do pesquisador, esse fator tem impacto direto não apenas no crescimento do PIB do RS, “mas no longo prazo dificultará ainda mais compromissos obrigatórios, que não reduzem seus valores conjuntamente com a redução populacional, como é o caso da Previdência e da dívida pública”. Haveria a necessidade, segundo ele, de um salto em termos de produtividade por trabalhador para compensar estes reflexos.

Na visão da secretária Leany, o RS tem um grande desafio, após superar as questões fiscais, tornar-se capaz de atrair novos investimentos, reduzir a burocracia estatal e estimular a inovação. “Precisamos, acima de tudo, atrair jovens de outros Estados e manter aqui nossos talentos”, acrescentou.

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