Um resultado negativo para o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho – a soma de todas as riquezas –já era esperado, ainda que a data de leitura – janeiro a março deste ano –, não houvesse grandes efeitos da pandemia de coronavírus no Estado. Foi a estiagem que atingiu em cheio a economia do Rio Grande do Sul no primeiro trimestre do ano. Na comparação com o mesmo período do passado, a queda foi de 3,3%, puxada especialmente pela agropecuária que amargou queda de 14,9%.
"Os impactos da estiagem não se restringem ao primeiro trimestre. Ainda veremos seus efeitos no segundo trimestre do ano", afirma o pesquisador do DEE/Seplag Martinho Lazzari.
O desempenho negativo da agropecuária no Rio Grande do Sul contrastou com o crescimento na atividade registrado no Brasil, de 1,9%. Apesar do desempenho abaixo do esperado nas principais culturas de verão, algumas registraram desempenho positivo no período no Estado, como é o caso de uva (+12,3%), arroz (+4,4%) e maçã (+4,1%).
Na Indústria, a única atividade com indicador positivo foi a Indústria extrativa mineral (+1,8%). Construção (-3,8%), Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-18%) e Indústria de transformação (-2,6%) registraram quedas e tiveram desempenho inferior ao do país. Na indústria de transformação, tiveram destaque os desempenhos negativos das atividades de Fabricação de máquinas e equipamentos (-12,8%), Produtos químicos (-9,7%) e de Veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,4%).
Nos Serviços, a queda foi puxada por Comércio (-2,8%) e Outros serviços (-4,0%). As atividades de Transportes, armazenagem e correio (+1,5%), Serviços de informação (+0,9%) e Atividades imobiliárias (+1,3%) registraram alta e atenuaram o recuo geral no setor.
No Comércio, o segmento de Hipermercados e supermercados (+6,8%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (+9,4%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+1,7%) tiveram desempenho positivo. Quedas foram registradas nas vendas de tecidos, vestuários e calçados (-23,5%), veículos (-14,8%), combustíveis e lubrificantes (-9,1%) e móveis e eletrodomésticos (-13,45).
"Ainda que o impacto da crise decorrente do novo coronavírus venha a ser maior no segundo trimestre, a interrupção das atividades e a mudança de comportamento dos consumidores e empregadores já em março contribuíram para a taxa de -3,3% do primeiro trimestre”, destaca a chefe da Divisão de Indicadores Estruturais do DEE, Vanessa Sulzbach.