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Rio Grande do Sul registra redução de 88,6 mil empregos formais em 2020

Mulheres, trabalhadores menos escolarizados e a população com idade igual ou superior a 50 anos foram os mais afetados pela retração

Publicado em: 15.10.2020 às 17:23 Última atualização: 15.10.2020 às 17:29

Em um contexto de pandemia e de estiagem, o Rio Grande do Sul registrou entre janeiro e agosto de 2020 a extinção de 88,6 mil vínculos de emprego formal, o que representou redução de 3,5% do contingente total de empregos do segmento mais protegido do mercado de trabalho.

Mulheres, trabalhadores menos escolarizados e a população com idade igual ou superior a 50 anos foram os mais afetados pela retração. Comércio e Serviços foram os setores da economia que mais apresentaram fechamento de vagas.

Trabalho e renda Foto: Marcelo Casal/Arquivo/Agência Brasil

A variação do emprego formal, que teve como fonte os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, é um dos apontamentos disponíveis no Boletim de Trabalho, divulgado nesta quinta-feira (15) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).

Emprego formal

A oscilação nos números do emprego formal no Estado acompanhou a tendência de agravamento da situação decorrente do enfrentamento ao coronavírus. Os resultados negativos se estenderam de março a junho, com o pior momento registrado em abril, quando 79,3 mil vínculos foram eliminados. De acordo com o Boletim, a partir de julho o mercado passou a apresentar sinais de recuperação, com a tendência de alta, tímida, porém, confirmada em agosto. Ainda assim, no acumulado de janeiro a agosto, a redução atingiu 88,6 mil empregos.

Na comparação com o Brasil, a variação do Estado entre janeiro e agosto foi mais negativa do que a média nacional (-2,19%) e a quinta pior entre os Estados, apenas à frente de Alagoas, Rio de Janeiro, Sergipe e Pernambuco. Considerando somente agosto, a recuperação no estoque de empregos formais no RS foi de 0,3% em relação a julho, percentual também abaixo da média brasileira (0,66%), o que representou a criação de 7.228 vínculos formais no Estado. No período, o total de vínculos de empregos formais chegou a 2,42 milhões de vagas.

Por setor, Comércio (-5,5%) e Serviços (-3,7%) tiveram as perdas mais significativas no emprego formal. A Indústria de transformação (-2,3%) e a Construção (-1,5%) apresentaram reduções mais brandas, enquanto a Agropecuária, setor em que o emprego formal é menos significativo do que a ocupação não formalizada, foi a única a registrar variação positiva (+0,1%).

Em números absolutos, as atividades mais afetadas no período foram o comércio varejista (-27 mil empregos formais), preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-16,5 mil), alimentação (-16,1 mil), transporte terrestre (-6,2 mil) e alojamento (-4,9 mil). Resultados positivos foram registrados na fabricação de produtos de fumo (+5,9 mil), atividades de atenção à saúde humana (+3,5 mil) e fabricação de produtos alimentícios (+2,7 mil).

As mulheres representaram 54,8% dos vínculos formais extintos nos oito primeiros meses de 2020, participação superior aos 47% que detêm no total de empregos formais do RS. Em termos de escolaridade, os mais afetados tinham Ensino Médio completo (43,5%), Ensino Fundamental incompleto (21,1%) e Ensino Fundamental completo (17,1%). No item idade, os empregados formais de 50 a 64 anos representaram 36,2% dos desligamentos no período.

Entre as nove Regiões Funcionais do Estado (RF), oito delas tiveram perdas de janeiro a agosto. Com exceção da RF2, que engloba os Vales do Rio Pardo e Taquari, beneficiada pela sazonalidade da cadeia do fumo, as demais registraram quedas importantes. A RF4, que inclui o Litoral Norte, teve a redução mais expressiva (-10,5%), seguida da RF1, de Porto Alegre e Região Metropolitana, e que responde por quase metade do emprego formal do RS, com -5,0%.

Mercado de trabalho no segundo trimestre

Quando a avaliação vai além dos vínculos de emprego formal, o Boletim de Trabalho mostra que a pandemia e a estiagem tiveram sua maior influência no mercado de trabalho no segundo trimestre do ano.

A Taxa de Participação na Força de Trabalho (TPFT), que indica a porcentagem de pessoas em idade de trabalhar (14 anos ou mais) que estão empregadas ou em busca ativa de trabalho, chegou a 58,6% no segundo trimestre de 2020 ante 63,6% no primeiro trimestre, o que significa que um grande número de pessoas saiu do mercado de trabalho.

Entre os destaques desta seção do Boletim está a evolução dos números dos trabalhadores por conta própria no RS, os autônomos, que registraram no segundo trimestre de 2020 a maior participação no contingente de ocupados no Estado (26,7%), enquanto os empregados com carteira assinada vêm reduzindo sua participação, que já chegou a 43,1% no primeiro trimestre de 2014 e agora está em 39%.

Em pleno contexto de pandemia, o número de trabalhadores por conta própria formais teve aumento de 21,8% no segundo trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior, o que equivale a 97 mil pessoas, enquanto entre os informais houve redução de 160 mil ocupados na mesma base de comparação.

Ocupação e desocupação

O nível de ocupação – que é o percentual de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar – atingiu 53,1% no segundo trimestre de 2020 contra 58,3% nos três primeiros meses do ano, o menor nível da série temporal da Pnad Contínua, iniciada em 2012.

O Boletim mostra ainda que a taxa de desemprego no RS representou 9,4% da população economicamente ativa entre abril e junho, ante 8,2% do segundo trimestre de 2019 e 8,3% do primeiro trimestre de 2020. No Brasil, a taxa chegou a 13,3% no segundo trimestre de 2020.

Na comparação com o segundo trimestre de 2019, a desocupação no Estado aumentou mais entre os homens, os jovens de 15 a 29 anos, as pessoas com ensino superior incompleto e entre aquelas de cor preta ou parda.

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