Obras no Salgado Filho avançam, mas dependem de realocações de famílias

Com 82% da obra concluída, a ampliação da pista de pouso e decolagem no Aeroporto Internacional Salgado Filho deve ficar pronta dentro do prazo, ou seja, em maio de 2021. O investimento é de aproximadamente R$ 135 milhões. Ainda não é possível saber se os aviões de grande porte conseguirão pousar em Porto Alegre. Isso ocorre porque a Fraport Brasil – Porto Alegre, empresa que administra o empreendimento, depende da realocação total das famílias da Vila Nazaré, vizinha do aeroporto, para dar o projeto como encerrado. O terreno onde as casas foram construídas será a área de segurança de final de pista e vai receber equipamentos de auxílio à navegação aérea.

Segundo a assessoria de imprensa do Departamento Municipal de Habitação da Prefeitura de Porto Alegre (Demhab), as unidades habitacionais para abrigar as 1,3 mil famílias já foram construídas e restam 284 para serem removidas da Vila Nazaré. A expectativa é que todas estejam em novo endereço até o final deste ano.

Conforme o Demhab, até o momento, 757 famílias já se mudaram para o Loteamento Irmãos Maristas, bairro Rubem Berta, e outras 364 para o Loteamento Senhor do Bom Fim, bairro Sarandi, somando 1.121. Inclusive, no começo do mês, 77 famílias assinaram contrato para receber a nova casa.
O Departamento esclarece que as famílias que não foram transferidas para as casas novas ainda não apresentaram toda documentação necessária junto à Caixa Federal. Para evitar que o terreno possa ser alvo de novas ocupações, assim que os moradores são removidos, as moradias são demolidas e a Fraport ocupa o espaço com máquinas.

De acordo com a Fraport, os 82% finalizados incluem as etapas de projeto, limpeza, preparação, escavações e terraplanagem. No mês passado, foi iniciada a etapa de pavimentação que deve seguir pelos próximos sete meses. A pista vai passar dos 2.280 metros para 3.200 metros, podendo assim receber aeronaves maiores, que operam voos de longa distância.

Terminal de cargas previsto para segundo semestre do ano que vem

Em junho, a Fraport deu início à construção do novo Terminal de Cargas Internacional (Teca). A melhoria deve receber mais de R$ 50 milhões, destinados à construção e também à aquisição de equipamentos de tecnologia da informação, mobiliários e toda a estrutura para o início das operações. Já foram concluídos 24% das obras do complexo de 10,6 mil metros quadrados, com previsão de entrega no segundo semestre de 2021.

O espaço, que terá quase o dobro do atual, terá novas áreas administrativas e escritórios modernos, projetados para proporcionar um atendimento mais eficiente. Também contará com estacionamento exclusivo para ônibus e novas docas, sendo cinco para atividades de importação e outras oito dedicadas à exportação, permitindo mais operações e otimizando a logística de mercadorias, equipamentos e veículos.

O novo terminal quase vai triplicar a capacidade de processamento e movimentação de cargas, aumentando de 35 mil para até 100 mil toneladas ao ano. Atualmente, o Teca Internacional em funcionamento opera 24 horas com o recebimento e armazenagem de insumos de importação e exportação. Os principais produtos são eletrônicos, maquinários e equipamentos, têxtil, eletromecânicos, calçados, automotivo e metal mecânico.

Fachada do terminal para passageiros deve ficar pronta antes

A terceira obra em andamento no Salgado Filho, a fachada do Terminal de Passageiros, deve ficar pronta até o final deste ano. A construção, que começou em junho, está 75% concluída, com orçamento de R$ 5,3 milhões vai mudar o visual do espaço. Com a melhoria, a intenção é a entrada do aeroporto dentro de um padrão, igualando o a parte mais antiga, de 2001, à mais nova, inaugurada em novembro de 2019.

Verba do financiamento deve ser usada até 2021

A Fraport garante que não vão faltar recursos para finalizar as melhorias. Apesar da indústria da aviação ter sido uma das mais afetadas pela crise em razão da Covid-19, os recursos necessários para os projetos já haviam sido considerados e reservados. No entanto, a concessionária diz que se as obras da pista ultrapassarem dezembro de 2021, prazo estabelecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para acessar os recursos do financiamento, é possível que ocorram dificuldades para a finalização, pois não haveria outra fonte de recursos para concluir a obra.

O impacto da pandemia no setor

A aviação civil foi um dos setores que mais sofreu com a pandemia, com queda de 92% no movimento no auge da pandemia. No Salgado Filho, embora haja um crescimento de voos, a recuperação é lenta. Em 2019, no mês de agosto, 677.392 passageiros passaram pelo aeroporto. No mesmo período deste ano, mês em que as restrições foram diminuídas, o total foi de 151.887. Já na área de carga, a redução também foi sentida. Em 2019, no mês de agosto, os voos domésticos transportaram o volume de 1,54 milhão de quilos. Neste ano, no mesmo período, foram 931 mil quilos.