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Notícias | Rio Grande do Sul Fragilidade política e social

Violência contra a mulher faz, ao menos, quatro vítimas em menos de 72 horas no RS

Crimes na região metropolitana, Serra e Sul do Estado chocam comunidades na última semana do ano

Por Jauri Belmonte
Publicado em: 30.12.2020 às 11:34 Última atualização: 30.12.2020 às 11:54

O crime contra a mulher não figura apenas como a tônica da violência de gênero, mas, sim, como uma fragilidade latente da política pública e social no Brasil. O país registra um caso de feminicídio a cada sete horas; enquanto o Rio Grande do Sul é o quarto estado em números quando falamos deste tipo de crime. Ainda que inúmeras variantes possam dar contornos - e contextos - a cada caso, a violência doméstica cresce ano após ano.

Desde o início desta semana, por exemplo, o mapa gaúcho ficou manchado pelo assassinato de ao menos quatro mulheres que deixaram para trás as suas vidas, sonhos e famílias castigadas pela dor da perda. Na segunda-feira (28), uma mulher de 43 anos, que não teve o nome divulgado, foi morta a tiros pelo companheiro no bairro Vila Nova, na zona sul de Porto Alegre. O crime aconteceu na madrugada. O suspeito, 26, foi preso, no fim da tarde na cidade de Arroio do Meio, no Vale do Taquari. A filha da vítima, de 13 anos, presenciou a cena, tentou intervir para defender a mãe e acabou sendo atingida por outros três disparos. A adolescente foi hospitalizada e, até a manhã desta terça-feira (30), não há mais informações do estado de saúde dela. 

A violência não parou por aí. Na terça-feira (29), a cidade de Caxias do Sul registrou dois feminicídios em, aproximadamente, 17 horas. A primeira vítima foi Maria Dalila Oliveira Moura, 38 anos. O companheiro dela, apontado como autor do crime, foi preso. De acordo com o Leouve, a Polícia afirmou que ela foi morta em casa; o corpo foi abandonado em um matagal, sob folhagens, na Estrada José Casal, no interior caxiense. O suspeito teria ateado fogo no carro para apagar as evidências do crime e confessado aos policiais ao ser preso. 

Ainda na maior cidade da Serra gaúcha, e também na terça-feira, outra mulher foi assassinada. Dhiuliani Damiani Martins, de 32 anos, foi morta a tiros no centro de Caxias por volta das 16h20. O crime aconteceu na Rua Visconde de Pelotas, próximo à esquina com a Rua Sinimbu, uma das vias mais movimentadas da cidade. Conforme a Polícia Civil, o suspeito é um adolescente de 15 anos que não tinha relação com a vítima. Ele teria atirado quatro vezes contra Dhiuliani. Além disso, um dos disparos feitos pelo menor teria atingido uma idosa que estava próxima à vítima. Ela foi socorrida pelo Samu. O suspeito foi apreendido. De acordo com a polícia, inicialmente a investigação descarta feminicídio e latrocínio.

O quarto caso foi no Sul do Estado, na cidade de Santana da Boa Vista. Na noite de terça-feira, enquanto estava em um bar, Maria Josiane Borges Leal, 36, foi atingida com diversas facadas e morreu no local. De acordo com o jornal Canguçu Online, ela estava na companhia de outras pessoas quando ocorreu um desentendimento dentro do estabelecimento. O suspeito fugiu e, até o momento, não foi encontrado.

Outros crimes na última semana

Gabriela Siqueira Goulart foi encontrada morta na Rota do Sol, em Garibaldi. Havia uma corda enrolada no pescoço dela Foto: Redes sociais/Reprodução

Ainda aqui na região, a moradora de Eldorado do Sul, Gabriela Siqueira Goulart, 26 anos, desapareceu em Canoas na semana passada. O corpo dela foi encontrado no sábado (26) na margem da RSC-456, na Rota do Sol, em Garibaldi. A polícia chegou até o corpo por meio de denúncia anônima. 

Ela era moradora de Eldorado do Sul, na grande Porto Alegre. Segundo o delegado Clóvis Rodrigues de Souza, havia uma corda enrolada no pescoço da vítima; o caso segue sendo investigado.

Já na véspera do Natal, outros dois crimes chocaram o país. No Rio de Janeiro, no dia 24 de dezembro, a juíza do Tribunal de Justiça do Estado foi morta a facadas pelo ex-marido na frente das três filhas. Viviane Vieira do Amaral Arronenzi tinha 45 anos. Na mesma noite, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, Thalia Ferraz, 23, foi perseguida e morta a tiros na frente dos familiares. O ex-companheiro é o principal suspeito. 

Em Minas Gerais, na segunda-feira (28), uma mulher, 32, foi morta a facadas na frente das quatro filhas. A delegada responsável pelas investigações afirma que a discussão começou por causa de um celular.

Na noite de segunda, uma menina de 13 anos foi morta a tiros no bairro Partenon, em Porto Alegre. Além dela, um homem de 21 anos também foi ferido, mas socorrido em estado grave.De acordo com a Brigada Militar, um trio armado teria ido ao local e feito vários disparos contra um grupo de cinco pessoas que estava na frente de uma casa. A menina morreu na hora.

Saiba como denunciar

As agressões e outros casos de violência podem ser denunciados para a Brigada Militar (BM) e a Polícia Civil pelos seguintes canais de atendimento para vítimas de violência doméstica:

  • Brigada Militar: 190
  • Disque-denúncia da Secretaria da Segurança Pública: 181
  • Polícia Civil: 197
  • Site para denúncias do Ministério Público: www.mprs.mp.br/atendimento
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