O isolamento social imposto pela pandemia, a crise econômica que veio a galope e o avanço acelerado do comércio on-line derrubaram a abertura de lojas físicas no País. Entre inaugurações e fechamentos, o comércio varejista perdeu 75,2 mil pontos de venda. No Rio Grande do Sul, foram encerradas 4,92 mil lojas, o quinto maior tombo.
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Os dados são de um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e o levantamento considera lojas com vínculo empregatício que entram no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Apesar da digitalização acelerada do comércio por conta da pandemia, o varejo brasileiro é ainda muito dependente do consumo presencial, que responde por cerca de 90% das vendas.
Essa relação é nítida, segundo Bentes, quando se constata que o impacto maior da pandemia ocorreu no primeiro semestre, com o fechamento líquido de 62,1 mil lojas. Nesse período, o índice de isolamento social atingiu o pico de 47% e as vendas recuaram quase 18% em abril.
No segundo semestre, quando se iniciou o processo de reabertura e o consumo foi impulsionado pelo auxílio, o saldo negativo de abertura de lojas foi bem menor e ficou em 13,1 mil.
Todos os segmentos do comércio fecharam mais lojas do que abriram no ano passado. O enxugamento nos pontos de venda pegou até os "queridinhos" do varejo, como supermercados e lojas de materiais de construção, que ganharam grande impulso nas vendas por causa do auxílio emergencial.
Mas o segmento que mais fechou loja do que abriu em 2020 foi o de artigos de vestuário, calçados e acessórios, com um saldo negativo de 22,29 mil pontos de venda, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC).
O segmento de vestuário fechou o ano com um estoque de lojas 10% menor em relação a dezembro de 2019 e com uma retração de quase o dobro do recuo do estoque total de lojas no varejo.
O varejo como um todo encerrou o ano de 2020 com 1,221 milhão de lojas ativas, um número 5,8% menor do que em 2019.
"O estrago foi maior no varejo não essencial, como as lojas de e vestuário, livrarias e no comércio automotivo", observa o economista-chefe da CNC e responsável pelo levantamento, Fabio Bentes.
No caso dos artigos de vestuário, além da retração nas vendas pelo fato de as pessoas estarem confinadas em casa e consumido menos esse tipo de produto, as pressões de custos de aluguéis, especialmente de shoppings, onde a maioria dessas lojas estão instaladas, cresceram em ritmo exponencial.
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