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Notícias | Rio Grande do Sul JUSTIÇA

Carrefour fecha acordo e irá pagar R$ 115 milhões após morte de Beto Freitas

Acordo decorre do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, no dia 19 de novembro de 2020, no Carrefour da zona norte de Porto Alegre

Por Ubiratan Junior
Publicado em: 12.06.2021 às 12:14 Última atualização: 14.06.2021 às 14:14

Supermercado Carrefour fechou acordo em R$ 115 milhões com MPRS, pela morte de Beto Freitas Foto: Paulo Pires/GES
O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPRS), anunciou nesta sexta-feira, 11, a definição do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Carrefour. A rede de supermercado terá que destinar R$ 115 milhões para estabelecimento de políticas de enfrentamento ao racismo.

O acordo decorre da morte de João Alberto Silveira Freitas, ocorrida no dia 19 de novembro de 2020, no Carrefour da zona norte de Porto Alegre.

Trata-se do maior TAC assinado no que se refere aos valores envolvidos e destinados a políticas de reparação e promoção de igualdade racial no Brasil. “Estamos transformando um fato triste, a perda da vida do João Alberto, em algo construtivo, na intenção de que isso não se repita”, disse a promotora de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, Gisele Müller Monteiro, que assina o termo pelo MPRS.

De acordo com Gisele, foram seis meses de negociações semanais diretas com os movimentos sociais representativos da população negra e demais entidades que assinam o TAC, de forma a construir um plano de atuação que dialogasse com as demandas sociais dos movimentos negros e para que o acordo, de fato, impactasse a sociedade e trouxesse pessoas negras, pardas e indígenas para posições de liderança e de igualdade.

Para o procurador-geral de Justiça, Marcelo Lemos Dornelles, o acordo tem uma importância simbólica na luta contra o racismo estrutural, principalmente pela repercussão do que foi acordado que diz respeito à capacitação e orientação em relação ao tema. Dornelles ressalta, ainda, a agilidade e rapidez da atuação interinstitucional. “Se o caso estivesse sendo tratado em âmbito judicial, o processo poderia levar décadas até chegar a uma decisão final”, destaca ele. 

Em nota, o Grupo Carrefour afirma que o TAC tem vigência de três anos prevendo o investimento de R$ 115 milhões. Além disso, o Grupo destacou que ações já iniciadas e confirmadas pelo acordo, tem como foco a promoção da educação, por meio de bolsas educacionais e de qualificação profissional, o empreendedorismo de pessoas negras e o desenvolvimento de projeto socioculturais, com o objetivo de combater o racismo estrutural no País. 

“O termo assinado não reduz a perda irreparável de uma vida, mas é mais uma medida tomada com o objetivo de ajudar a evitar que novas tragédias se repitam. Com esse novo passo, o Grupo Carrefour Brasil reforça sua postura antirracista, ampliando a sua política de enfrentamento à discriminação e à violência, bem como a promoção dos direitos humanos em todas as  lojas”, afirma Noël Prioux, presidente do Grupo Carrefour Brasil. 

A nota da rede do supermercado, na íntegra, bem como todos os compromissos assumidos com o TAC, podem ser acompanhados através do site Não Vamos Esquecer, de responsabilidade do Grupo Carrefour Brasil. 

Também assina o TAC pelo MPRS a subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, Angela Salton Rotunno. As medidas acordadas serão fiscalizadas pelos órgãos participantes, verificadas por auditoria externa independente e aquelas destinadas à seleção de projetos e concessão de bolsas implementadas por meio de editais públicos.

Além do MPRS participaram da elaboração do TAC o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE-RS), Defensoria Pública da União (DPU) e as entidades Educafro – Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes e Centro Santo Dias de Direitos Humanos.

O que prevê o TAC

O Termo de Ajustamento de Conduta assinado prevê a execução, pelo Carrefour, de um Plano Antirracista, a partir do estabelecimento de diversas medidas internas e de impacto social, incluindo protocolos de segurança, relações de trabalho, canal de denúncias, treinamentos para dirigentes e trabalhadores em relação a atos de discriminação e racismo estrutural. Também inclui compromissos em relação à cadeia ou rede de fornecedores e reparação de danos morais coletivos. Nesse sentido, o valor acordado terá como destino iniciativas como a oferta de bolsas de educação formal (R$ 74 milhões), contribuição para projeto museológico, campanhas educativas e projetos sociais de combate ao racismo (R$16 milhões), além de projetos de inclusão social (R$ 10 milhões), entre outras.

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