Depois de um fim de semana de temperaturas amenas, com termômetros alcançando os 30ºC, o Rio Grande do Sul se prepara para dar adeus ao "veranico" e encarar uma nova onda de frio extremo. A partir de terça-feira (27), as temperaturas devem cair, e a tendência é de registro de marcas históricas no Estado. Entre quarta e quinta-feira, há chance de neve nas áreas de maior altitude.
De acordo com a MetSul Meteorologia, o ar polar, que vai se deslocar do Norte da Argentina para o Sul do Brasil, começa a ingressar no Rio Grande do Sul no decorrer da terça-feira. As mínimas devem ocorrer à noite, quando vai começar a ficar muito frio no Estado.
Meteorologistas estimam que esta será uma das erupções de ar polar de maior intensidade dos tempos recentes na Região Sul, e as marcas mínimas, especialmente em municípios de maior altitude, devem ficar entre as mais baixas registradas nos primeiros 20 anos deste século. No caso do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a onda de frio deve figurar entre as mais fortes da história recente.
Rio Grande do Sul e Santa Catarina podem enfrentar de seis a sete dias seguidos com mínimas abaixo de zero em seus territórios. O frio mais intenso deve ocorrer entre quarta e sexta, com as menores mínimas na sexta-feira, quando muitas cidades devem registrar temperaturas negativas.
Mesmo com a presença do sol, as tardes devem ser de temperatura máxima baixa entre a quarta e a sexta, abaixo dos 10ºC em muitos municípios.
No Rio Grande do Sul, marcas de -7ºC a -9ºC podem ser registradas nos Campos de Cima da Serra e em baixadas da região da Serra do Sudeste e da área de Soledade. Na Serra Gaúcha e no Centro-Serra (área de Sobradinho), as mínimas em baixadas devem ficar entre -4ºC e -6ºC.
Na Grande Porto Alegre, marcas de -1ºC a 1ºC devem ser registradas no final da semana.
A MetSul Meteorologia alerta para muito baixa sensação térmica por efeito do vento já começando na noite de terça-feira e, especialmente, na quarta e na quinta-feira. Mesmo sem um ciclone intenso na costa como nos dois últimos eventos de ar polar, espera-se vento por vezes moderado e com ocasionais rajadas pela grande intensidade do ar frio.
Nas áreas de maior altitude do Estado, a sensação térmica (utilizando-se a fórmula mais moderna do National Weather Service dos Estados Unidos) pode atingir marcas de -10ºC a -20ºC.
Conforme a MetSul, são valores perigosos que podem causar até congelamento da pele e do tecido inferior (frostbite) de partes expostas do corpo, como dedos. Portanto, turistas que se dirigirem a esses locais devem estar cientes do frio extremo e da necessidade de proteção extra para o vento forte e a sensação excepcionalmente baixa.
Vento e nuvens, em princípio, devem impedir uma sequência de dias de geada ampla e generalizada no Centro-Sul do Brasil. Passado o pico da onda de frio, mais para o fim da semana, pode haver geada em maior número de pontos. Algumas áreas, porém, podem ter geada já na quarta e na quinta.
Uma preocupação da MetSul neste evento, considerando a perspectiva de vento e de frio abaixo de zero em muitos locais, é o alto risco de que se produza a chamada geada negra.
Não é a forma tradicional de geada que branqueia paisagens e cobre de gelo automóveis e telhados. Trata-se de um fenômeno em que se dá a morte de vegetais por congelamento. O risco de geada negra é alto em localidades de média e elevada altitude.
A probabilidade de nevar nas áreas de maior altitude do Sul do Brasil, entre quarta e quinta-feira, é altíssima, segundo a MetSul. Já não se pode descartar neve cedo na quarta-feira na retaguarda da frente fria, mas a maior probabilidade de ocorrência do fenômeno é entre a noite de quarta e a manhã de quinta.
As regiões com mais alta chance são a Serra Gaúcha, os Aparados da Serra e o Planalto Sul Catarinense. Entre as cidades com maior possibilidade de registro de queda de neve estão: São Francisco de Paula, Cambará do Sul, Jaquirana, Bom Jesus, São José dos Ausentes, Vacaria, Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urupema e Urubici.
Em cidades de baixa altitude, não se descarta precipitação invernal na forma de graupel ou chuva congelada. Em locais de menor altitude ou próximos do nível do mar, em caso de instabilidade, pode ocorrer chuva congelada.