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Notícias | Rio Grande do Sul RESULTADO

Mutirão já identificou oito pessoas desaparecidas no Rio Grande do Sul, diz IGP

Resultado representa 18% de todos os casos revelados pelo IGP desde o início do trabalho do Banco de Perfis Genéticos, em 2014

Publicado em: 16.08.2021 às 14:54 Última atualização: 16.08.2021 às 15:39

A angústia de pelo menos oito famílias gaúchas teve fim após descobrirem o paradeiro de familiares desaparecidos. Com o mutirão dos Departamentos de Perícias Laboratoriais, Médico-legal e de Identificação do IGP, foi possível identificar os corpos, através da coleta de material genético, e assim entregá-los às famílias. 

Angústia de pelo menos oito famílias gaúchas teve fim após descobrirem o paradeiro de familiares desaparecidos Foto: Ascom/IGP

Os mutirões para localização e identificação de desaparecidos ocorreram em onze locais de Porto Alegre, região metropolitana da Capital e também em cidades do interior do Rio Grande do Sul, entre 14 e 18 de junho. Ao todo, foram realizadas 189 coletas, mais de três vezes o número de amostras cedidas por familiares em 2020, quando 59 familiares procuraram o IGP. Foi preciso deslocar uma equipe apenas para processar as amostras que foram coletadas em todo o estado durante o mutirão.

O aposentado João Marcos de Souza pode repousar os restos mortais do pai no mesmo local onde a mãe está enterrada. Foram 12 anos à procura do pai, que sofria de Mal de Alzheimer e desapareceu em 2009. O corpo foi encontrado em 2014, mas não havia condições técnicas para a identificação pela papiloscopia, nem materiais odontológicos disponíveis para identificação pela arcada dentária. A única forma de identificação disponível, então, seria a comparação com o material genético de um familiar.

A solução começou a ser desenhada em junho, durante o mutirão na Praça do Avião, em Canoas. João Marcos cedeu o material, que foi processado no Laboratório de Genética Forense e incluído no Banco de Perfis Genéticos do IGP – onde já estava armazenada a amostra genética coletada desde que o corpo foi encontrado. A confirmação de que as duas amostras tinham perfil genético compatível entre pai e filho aconteceu um mês depois. “Fiquei impressionado com a qualidade do trabalho e a rapidez com que as informações chegaram. Fomos avisados pela Delegacia e pude retirar o corpo do meu pai, que estava no Departamento Médico-Legal”, afirma João Marcos.

As oito confirmações obtidas representam 18% de todos os casos revelados pelo IGP desde o início do trabalho do Banco de Perfis Genéticos.“É bom ver que a nossa ação trouxe resultado, por mais que ele leve a uma situação triste. É importante dar essa resposta para as famílias, para que elas possam viver o luto”, avalia a perita criminal da Divisão de Genética Forense do IGP, Polyana Maier.

A quantidade de familiares e de localizações obtidas ultrapassou as expectativas do Laboratório. O mutirão foi realizado nos locais que concentram a maior quantidade de desaparecidos. Conforme os especialistas, a experiência ensina que os corpos normalmente são encontrados próximos ao local do sumiço.

Desde 2014 todos os corpos sem identificação que passam pelo IGP/RS tem material genético coletado, o que possibilitou a formação de um banco de perfis genéticos que conta hoje com mais de quinhentas amostras. “Já tínhamos uma quantidade significativa de amostras de cadáveres, mas faltava ampliar a quantidade de amostras dos familiares, o que foi possível através do mutirão” explica Polyana.

Serviço continua

O mutirão acabou, mas a coleta de material genético para pessoas que tem familiares desaparecidos é um serviço permanente, e pode ser feita em todos os Postos Médico-Legais do IGP no Estado e no Laboratório da Divisão de Genética Forense do IGP (Avenida Azenha 255, em Porto Alegre).

A coleta é feita por suabe oral e/ou amostras de sangue, e são utilizadas apenas com a finalidade de encontrar pessoas desaparecidas. O material é processado e inserido no Banco de Perfis Genéticos do IGP (BPG/RS), que armazena o material genético de todos os cadáveres sem identificação do Estado.

Se a identificação for positiva, a Polícia Civil comunica a família, que pode retirar o corpo (se a morte ocorreu após mais de 30 dias, os restos mortais são enterrados, em gavetas individuais, no cemitério do município onde se deu a localização). Se a identificação não acontecer, o material permanece no BPG. Semanalmente são feitos cruzamentos para tentar a identificação.

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