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Notícias | Rio Grande do Sul CRIME EM SÃO GABRIEL

Brigadianos presos pela morte de Gabriel são denunciados pelo Ministério Público

Trio responderá por homicídio doloso triplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica

Por Ubiratan Junior
Publicado em: 05.09.2022 às 18:24 Última atualização: 05.09.2022 às 21:43

Os três policiais militares presos pelo assassinato de Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, em São Gabriel, foram denunciados, nesta segunda-feira (5), pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS). As denúncias se baseiam nos inquéritos da Polícia Civil e da Corregedoria da Brigada Militar. Na Justiça comum, os PMs responderão por homicídio doloso triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima); já na Justiça Militar, por ocultação de cadável e falsidade ideológica.

MPRS detalhou a denúncia contra os policiais na manhã desta segunda-feira (5)
MPRS detalhou a denúncia contra os policiais na manhã desta segunda-feira (5) Foto: Eduarda Ferreira/MPRS
O segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen e os soldados Cléber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso estão presos preventivamente desde 23 de agosto, no Presídio Militar de Porto Alegre.

Na denúncia à Justiça comum, a promotora Lisiane Villagrande Veríssimo da Fonseca descreve que os policiais militares, durante patrulhamento ostensivo, abordaram a vítima, que foi algemada e brutalmente agredida com golpes de cassetete na região cervical. Na sequência, a colocaram no interior da viatura e com ela se deslocaram até a localidade do Lava Pé, local onde o corpo foi ocultado.

Responsável pela denúncia à Justiça Militar, o promotor de Santa Maria, Diego Corrêa de Barros, afirma que não há dúvidas sobre a ocultação do cadáver por parte dos acusados. "[O corpo] foi literalmente descartado em um açude. Em relação à falsidade ideológica, diz respeito ao primeiro momento após a ocorrência do fato, em que os policiais militares denunciados realizam um boletim de ocorrência, justamente visando a ocultar o que havia anteriormente ocorrido."

Outras participações no crime

O MPRS não descarta a participação de outras pessoas, além dos PMs, na ocultação do corpo de Gabriel, isso porque, conforme apontou o GPS da viatura, o veículo teria ficado parado por cerca de 50 segundos no local onde a vítima foi deixada, tempo, em tese, insuficiente para a conclusão da ação. No entanto, até o momento, não há provas concretas quanto ao envolvimento de terceiros no crime.


"Não é descartada a hipótese de um futuro aditamento para a inclusão de outras pessoas. Isso que eu posso dizer. Existem algumas perícias pendentes e algumas extrações de dados [de celulares] ainda. Não se descarta essa possibilidade, mas o certo é que esses três participaram", salienta Barros.

 

Já sobre o crime de homicídio, a promotora Lisiane afirma que as investigações apontam apenas para a participação dos três brigadianos. "Não vemos a possibilidade da participação de outras pessoas. Talvez nos crimes militares possa haver a participação de outras pessoas, o que não é descartado", finaliza.

Relembre o Caso

Gabriel Cavalheiro foi encontrado morto uma semana após abordagem policial
Gabriel Cavalheiro foi encontrado morto uma semana após abordagem policial Foto: Reprodução
Gabriel desapareceu na noite de 12 de agosto, após abordagem de três policiais no bairro Independência, em São Gabriel. Os pais do jovem registraram o sumiço na Polícia Civil no dia 15 daquele mês, data em que as buscas na localidade de Lava Pés começaram. 

No dia 16 de agosto, a Brigada Militar juntou-se à força-tarefa. Uma semana após ao desaparecmento, em 19 de agosto, o corpo do jovem foi encontrado no açude. No dia 23, os três policiais foram presos preventivamente.

Laudo da perícia divulgado no dia 29 de agosto aponta que Gabriel morreu em decorrência de golpe na região cervical.

Contraponto

A defesa do sargento Jacobsen disse que não teve acesso ao documento da denúncia formulada pelo MPRS. "Quanto à denúncia do Ministério Público Militar, revela-se clara a inépcia de sua narrativa, obscura e sem conexão mínima com o fato criminoso que se atribui a Jacobsen. A defesa renova a inocência do Sargento, salientando que os objetos das denúncias não permitem concluir pela participação dele no que foi denunciado, senão apenas revela atribuição de culpa genética, abstrata, cuja prova produzida afastará a conjectura apresentada flagrantemente em descompasso com a realidade", diz a nota enviada pelo advogado Maurício Adami Custódio. 

A nota ainda afirma que "a imputação de homicídio qualificado, ao que se sabe pela entrevista coletiva dos Promotores, aparenta estar contrastante com o que concluído pela Brigada Militar acerca do dolo e da nebulosa individualização de condutas que certamente será objeto de impugnações da defesa tão logo seja formalmente citado, caso recebida a acusação."

A reportagem procurou as defesas dos soldados Lima e Pedroso, mas até as 21h40 não recebeu retorno.

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