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Notícias | Rio Grande do Sul NA BRIGA PELO PIRATINI

Eleição no RS é uma disputa marcada por troca de ofensas

Segundo turno teve inúmeros confrontos diretos entre Leite e Onyx, onde os candidatos mais discutiram e pouco apresentaram

Por Eduardo Amaral
Publicado em: 29.10.2022 às 08:00 Última atualização: 29.10.2022 às 18:59

O segundo turno entre Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL), que tem o capítulo decisivo neste domingo, foi marcado por encontros tensos entre os postulantes ao Piratini e acusações mútuas. Em todos os debates que os dois se encontraram, e foram oito desde o fim do primeiro turno em 2 de outubro, o que mais se ouviu foram os candidatos chamarem um ao outro de mentiroso.

Onyx e Leite disputam pelo governo do Rio Grande do Sul
Onyx e Leite disputam pelo governo do Rio Grande do Sul Foto: Arte: Gabriel Renner


Em meio a troca mútua de farpas, o que pouco se discutiu foram os projetos para o futuro do Estado. O que foi possível foi ver o Rio Grande do Sul se tornar notícia nacional em duas oportunidades pelos desentendimentos entre os dois políticos. Primeiro quando Onyx se recusou a apertar a mão de Leite ao final do debate realizado pela Rádio Gaúcha. Depois quando Leite perguntou, por nove vezes consecutivas, a Onyx qual a sua alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal, e ficou sem resposta em todas elas.

O ex-ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL) apostou na ideia de nacionalizar a campanha, vinculando seu nome ao de Bolsonaro e vinculando Leite a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Leite, por sua vez, fez o caminho contrário, tentando trazer a pauta do segundo turno para o Rio Grande do Sul e evitou sempre se envolver na questão nacional, se recusando inclusive em abrir o voto, mesmo quando cobrado pelo PT gaúcho.

Agora o confronto final será nas urnas e cabe ao eleitor escolher qual dos dois governará o Estado nos próximos quatro anos.

A relação com o Parlamento

Últimos governadores do Estado, José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB) tiveram mandatos com maciço apoio da Assembleia Legislativa (AL), onde ambos os governadores conquistaram uma base ampla enquanto se via uma esquerda dividida e enfraquecida. Entretanto, a situação para o próximo governador promete ser um pouco mais delicada, primeiro pelo fortalecimento dos partidos de esquerda e centro-esquerda que, caso unidos, somam 19 deputados (sendo 11 do PT). O número de opositores é suficiente para barrar projetos do Executivo, como por exemplo eventuais privatizações, medida prevista pelos dois candidatos. O outro desafio será curar feridas deixadas por uma campanha fratricida, que rachou a direita e a centro-direita.

Dadas as composições partidárias, Leite tem a maior bancada com 13 deputados, mas com um problema dentro de casa. O MDB (com seis deputados) partido do vice na chapa de Leite, rachou no segundo turno, com uma parte embarcando na campanha de Onyx, abrindo possibilidade de compor em eventual governo dele. Mas, se o tucano for o escolhido, essa ala terá que fazer as pazes com Leite.

Segunda maior bancada da AL, o PP foi base no governo Leite, mas neste segundo turno migrou para a campanha de Onyx. Mas a composição com o partido pode ser facilitada para as duas candidaturas já que se mostra bastante flexível a apoiar governos de direita mais moderada.

Independente de quem vencer, será necessária muita negociação para juntar os cacos quebrados na disputa eleitoral e fortalecer uma base de situação.

No debate do Grupo Sinos, os candidatos tiveram muitos confrontos e poucas propostas
No debate do Grupo Sinos, os candidatos tiveram muitos confrontos e poucas propostas Foto: ARQUIVO/GES

Religião e eleição nacional

O ex-ministro Onyx Lorenzoni baseou boa parte da sua campanha na ligação com o presidente Jair Bolsonaro, que busca a reeleição. Também buscou vincular o adversário ao PT, o grande alvo da extrema direita representada por Onyx e Bolsonaro. Mas além da nacionalização, não faltaram críticas diretas a Leite e ao seu governo.

Onyx citou sempre que possível o fato de Leite ter buscado uma candidatura presidencial mal sucedida. Convergentes na pauta econômica, a extrema direita de Onyx e a direita moderada de Leite andaram de mãos dadas nos primeiros anos de governo. Mas a relação entre eles azedou bastante neste segundo turno instigada pelo estilo agressivo de Onyx. A religião também foi estratégia marcante, já que citar Deus e passagens bíblicas se tornaram uma constante no discurso, que era entrecortado por críticas à "dureza de coração" de Leite. Onyx ainda conseguiu se mostrar extremamente calmo durante os debates, usando este fator para provocar o candidato e pedir que mantivesse a "calma." Com essas estratégias, Onyx se alinha à campanha presidencial e chega com chances de vitória.

O que no diferencia é a verdade, o que o Eduardo diz, o Eduardo não escreve

Irritação e apoio da esquerda

Favorito no início da campanha, Leite foi surpreendido no primeiro turno quando venceu Edegar Pretto (PT) por uma diferença de apenas 2,4 mil votos, que lhe garantiu a vaga no segundo turno que foi vencido por Onyx, que reverteu o cenário apontado pelas pesquisas. Mesmo assim, o tucano optou por não nacionalizar a eleição gaúcha, não declarando apoio a nenhum dos candidatos que disputam o Planalto.

Em coletiva, rodeado de bolsonaristas, Leite declarou que manteria a neutralidade na disputa entre Bolsonaro e Lula. Mesmo assim, na última semana angariou apoio do PT, em troca os tucanos paulistas apoiaram o candidato petista ao governo de São Paulo. Em sua carreira, Leite tentou transparecer a imagem de um homem calmo e de centro, mas na disputa contra Onyx o tom mudou: foi mais agressivo, acusando o adversário diversas vezes de mentiroso e incompetente. A passagem de Onyx por cinco ministérios no governo Bolsonaro foi usada pela campanha tucana para tentar colar no adversário a pecha de incompetente. Leite chega à eleição em recuperação, com apoios relevantes, mesmo sem fazer acenos claros.

Não adianta falar em verdade e ser uma usina de mentiras ou falar em amor e fazer insinuações preconceituosas

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