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Notícias | Rio Grande do Sul ANÁLISE

O papel dos petistas gaúchos no novo governo Lula

Composição do Governo Federal deve ter menos integrantes do Rio Grande do Sul

Por Eduardo Amaral
Publicado em: 05.11.2022 às 07:00 Última atualização: 06.11.2022 às 15:44

Há 20 anos, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a primeira disputa presidencial, o petismo vivia um momento de crescimento em todo País. Depois de quatro tentativas frustradas, o partido chegava ao Palácio do Planalto, enquanto ainda comandava o Rio Grande do Sul e a capital do Estado. Sendo um esteio do partido em todo País naquele momento, foi natural a nomeação de gaúchos petistas aos cargos de primeiro escalão do governo iniciante.

Diferente de 2002, petistas gaúchos têm menos força para ocupar cargos
Diferente de 2002, petistas gaúchos têm menos força para ocupar cargos Foto: Paulo Pires/GES
Na primeira foto ministerial do governo Lula, cinco políticos com histórico de atuação no Estado apareciam. Dilma Rousseff, que embora seja mineira construiu trajetória política no Estado, Olívio Dutra, Tarso Genro, Miguel Rossetto e Emília Fernandes. Mas, duas décadas depois o cenário é bastante diferente e, com o PT gaúcho fora das esferas de poder Executivo tanto no Estado quanto na Capital, e um governo que terá de iniciar fazendo mais concessões aos aliados de centro-direita após Lula vencer o presidente Jair Bolsonaro (PL), que buscou a reeleição em 2022.

Menos petistas

Com um cenário mais adverso, petistas admitem que o governo deverá ampliar as alianças e ter uma presença menor no governo do que em outros momentos. "Vai ser um governo de coalizão, queremos ampliar ainda mais essa frente, temos partidos que somaram conosco no segundo turno, tem partidos que setores nos apoiaram", afirma o presidente estadual do PT e deputado federal reeleito, Paulo Pimenta. O político, que integra a equipe de transição do Governo Federal, deixa claro que o próximo governo terá uma menor participação petista na comparação com as gestões anteriores do partido. "Não há nenhuma disposição de fazer desse governo um governo petista, evidente que o PT, como o maior partido, vai ter um papel relevante nessa composição toda, mas é um governo de reconstrução nacional."

Especulações começam

Quando questionado sobre a composição ministerial, Pimenta é taxativo ao descartar que qualquer nome esteja sendo analisado no momento. "Qualquer nome é absoluta especulação, primeiro lugar quem vai conduzir isso é o presidente Lula. Tem gente que quer plantar nome na imprensa, se promover, pelo que conheço do presidente Lula inclusive começa a se queimar."

Acontece que o próprio Pimenta é um dos nomes cotados para assumir o primeiro escalão, mas o político desvia do assunto e fala de outros nomes do Estado que podem compor o próximo governo Lula. "Temos ótimos nomes, o Edegar (Pretto), que teve uma votação consagradora, temos o Tarso (Genro), a Maria do Rosário, a Manuela (D'Ávila, PCdoB), o Miguel Rossetto, o Henrique Fontana. Meu nome acaba aparecendo pelo fato de ter sido o deputado mais votado da história do PT no RS, por ser o presidente do partido, coordenador da campanha, ter sido líder da bancada. Mas asseguro que esse debate será feito lá na frente."

Edegar Pretto, que foi o candidato petista ao governo do Estado, vai na mesma linha do colega de partido. Ainda assim, ele entende que a legenda e os movimentos sociais gaúchos poderão sim indicar nomes. "O PT sempre teve quadros a oferecer para compor os governos que constituímos nacionalmente."

Decisões estão nas mãos de Lula

Depois da eleição, Lula tirou férias e deve retomar a liderança dos debates sobre o próximo governo na segunda-feira. Pimenta e Pretto pontuam que as indicações ministeriais serão decisão de Lula, que anunciou na campanha a criação de um Ministério dos Povos Originários. O petista ainda precisará acomodar partidos de polos bastante opostos para acomodar todos os apoiadores da eleição. "O Lula é um construtora de consensos, do diálogo, consegue conviver e dialogar com amplos setores da sociedade", avalia Pretto ao projetar o próximo governo. Entre os apoiadores que chegaram no segundo turno está Simone Tebet (MDB), que tem sido cotada pela imprensa para compor o próximo governo.

Nomes gaúchos que aparecem com força

Mesmo que o partido evite falar em nomes agora, alguns começam a despontar para ocupar ministérios no próximo mandato. Nos bastidores os políticos gaúchos abaixo aparecem fortalecidos para ocupar cargos no primeiro escalão.

Paulo Pimenta (PT): O presidente estadual do PT é um dos nomes mais próximos de Lula na
atual conjuntura nacional. Ele esteve ao lado de Lula desde a sua prisão, e foi fortalecido com a reeleição para a Câmara dos Deputados, além de integrar a equipe de transição. O histórico faz com que petistas de outras correntes o cogitem como ministro.

Edegar Pretto (PT): Aposta de renovação dentro do partido, Pretto conquistou uma expressiva votação na disputa ao Piratini, que o coloca em destaque no partido. Sem mandato para os próximos anos, a posição em ministério ou autarquia com representação estadual, seria importante para mantê-lo como candidato viável para 2026.

Manuela D’Ávila (PCdoB): Candidata a vice-presidente em 2018 com Fenando Haddad (PT) e a prefeitura de Porto Alegre em 2020, Manuela tem destaque nacional e é sempre um nome cotado para posições importantes. Pesa contra ela incômodo interno no PT por não ter integrado a campanha de Pretto e o partido não ter integrado a chapa ao Senado.

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