CICLONE EXTRATROPICAL: Desastre natural foi o mais letal em 40 anos no RS
Das 55 cidades afetadas no Estado, 30 ficam na região do Grupo Sinos
Com 16 mortes confirmadas, o ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul na semana passada é o maior desastre natural relacionado a chuvas intensas das últimas quatro décadas no Estado. Desde 1980, não há registros de outro episódio que tenha acarretado tantas perdas humanas devido a enxurradas no Estado.
O evento gerou comoção social e mobilizou os órgãos governamentais no socorro e atendimento às vítimas. Em sequência ao amparo às famílias afetadas, o próximo passo será a recuperação das estruturas danificadas e destruídas.
Até esta terça-feira (20), foram notificados à Defesa Civil Estadual danos e pessoas atingidas em 55 municípios. Trinta delas em cidades da área de abrangência do Grupo Sinos. Até quarta-feira (21), o Estado contabilizava que o ciclone havia deixado 14.836 pessoas desalojadas e 1.520 desabrigadas. A maioria já voltou para casa.
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Base de dados
Em novembro de 2022, a SPGG lançou um mapeamento das ocorrências de desastres naturais no Estado, analisando a sua distribuição e frequência. O material, elaborado a pedido da Defesa Civil Estadual, contempla o período entre 2003 e 2021.
Para verificar dados anteriores ao ano de 2003, é necessário consultar outras bases. Uma pesquisa de Bernadete Weber Reckziegel, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), apresentada em 2007, realizou um levantamento dos desastres desencadeados por eventos naturais adversos no Estado entre 1980 e 2005. Segundo o estudo, nenhum deles causou tantas mortes como o ciclone deste ano.
Mais mortal que todos os fenômenos climáticos entre 2017 e 2021
Apenas entre 2017 e 2021, mais de 4,4 milhões de gaúchos foram direta ou indiretamente atingidos por desastres naturais em 482 municípios do Estado, havendo identificação de 14 mortes, ou seja, menos do que o total provocado pelo ciclone. Ainda de acordo com a pesquisa da SPGG, outros dois eventos chamados ciclone bomba ocorreram em 2020, com uma morte no Rio Grande do Sul. E antes desses eventos, em 2004, ocorreu o furacão Catarina, com 11 mortes, todas em Santa Catarina.
Destaca-se, ainda, a ocorrência de uma microexplosão, evento vinculado à tempestade, que afetou Porto Alegre em janeiro de 2016, com temporal e ventos de até 119,5 km/h, causando prejuízos públicos de grande repercussão na capital, sem registro de óbitos.
As cidades da região atingidas*
Araricá, Bom Princípio, Brochier, Campo Bom, Capela de Santana, Dois Irmãos, Esteio, Feliz, Gramado, Harmonia, Igrejinha, Lindolfo Collor, Nova Hartz, Nova Petrópolis, Novo Hamburgo, Montenegro, Osório, Parobé, Portão, Riozinho, Rolante, Santa Maria do Herval, São José do Hortêncio, São Leopoldo, São Sebastião do Caí, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara, Tupandi e Vale Real.
*Ivoti não consta na relação da Defesa Civil do RS, mas aconteceram alagamentos na cidade, inclusive no Núcleo de Casas Enxaimel.
As vítimas
- Adriana Maciel, 55 anos, Esteio
- Agnes Schmeling (filha), de 57 anos, de Maquiné
- Agnes Schmeling (mãe), de 91 anos, de Maquiné
- Airton Pinto Pereira, de 57 anos, em Caraá
- Almir Marques Portela Lopes, de 69 anos, de Maquiné
- Altamiro Carlos Lopes, de 76 anos, de Caraá
- Bebê de quatro meses, de São Sebastião do Caí
- Francisco Gumercindo dos Santos, de 73 anos, de Bom Princípio
- Homem não identificado, de 29 anos, de Gravataí
- Homem não identificado, em Gravataí
- José Beretta, de 77 anos, em Caraá
- Leandra da Silva Alves, de 14 anos, em Caraá
- Milton Luís de Lima, de 60 anos, de Novo Hamburgo
- Nadir da Silva Lopes, de 73 anos, de Caraá
- Nicolas Willian do Prado Carlos, de 27 anos, de São Leopoldo
- Thiago Hendges de Oliveira, de 23 anos, de São Leopoldo