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Notícias | São Leopoldo Caso João Alberto

Ato de repúdio ao racismo tomou as ruas de São Leopoldo

Dezenas de pessoas participaram do ato, que teve início em frente à Câmara de Vereadores e culminou em uma passeata pela Rua Independência na manhã de sábado

Por Jean Peixoto
Publicado em: 22.11.2020 às 22:17 Última atualização: 23.11.2020 às 07:52

"Você não precisa ser negra para lutar contra o racismo.” A frase impressa na camiseta da professora aposentada e militante do movimento negro leopoldense há mais de 30 anos, Nadir Maria de Jesus, 58, traduz o espírito do ato realizado em frente à Câmara de Vereadores capilé na manhã do último sábado (21). O protesto, que reuniu dezenas de pessoas, foi motivado pelo assassinato brutal de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, que foi espancado até a morte por seguranças do supermercado Carrefour do bairro Passo D’Areia, em Porto Alegre, na noite da última quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra. A indignação com o crime gerou protestos em frente à unidade porto-alegrense na sexta-feira e em diversos supermercados da rede em todo o Brasil, inclusive, durante o final de semana.

Nadir, que já foi conselheira tutelar e hoje ocupa o cargo de chefe do Departamento de Igualdade Racial da Secretaria de Direitos Humanos de São Leopoldo, conta que o ato foi organizado às pressas mediante à gravidade do ocorrido. “Foi um lindo ato. Triste, mas necessário”, descreve. A ação foi promovida pelo Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana, pela Associação Artecultura pela Paz Isaura Maia e pelo Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial.

Ampla Adesão

A ação teve início por volta das 10h30, com uma roda de conversa, música e microfone aberto para o diálogo em frente à Câmara Municipal. Conforme Nadir, todos os que quiseram manifestar-se ao microfone tiveram a oportunidade. O educador social Ismael Mendonça, 36 anos, ficou sabendo do ato pelas redes sociais e decidiu apoiar o movimento. “Participei do ato porque me indignei com o assassinato do Beto, assim como com a morte dos milhares de jovens negros, todos os dias. Essa população é a que ganha menos, maioria dos desempregados, das pessoas em sub habitações, encarceradas. Não posso me conformar com essas injustiças”, sublinha.

Passeata

Carregando cartazes com frases pedindo pelo fim do racismo, os manifestantes deslocaram-se da Câmara Municipal e percorreram a Rua Independência até o entroncamento com a Rua Lindolfo Collor. “Foi a primeira vez que tivemos um número expressivo em uma manifestação desse tipo na cidade. Os lojistas nos ouviram e aplaudiram. Algumas pessoas aderiram a caminhada e foram solidárias conosco. Foi uma aceitação da cidade pelo ato”, avalia Nadir.

Ela ressalta a importância da luta antirracista para impedir que outras mortes como a de João Alberto ocorram. “Assim como nos matam de uma hora para a outra, fizemos um ato de uma hora para outra. Não é um movimento somente das pessoas negras. A casa 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Estamos cansados de perseguições nos espaços onde vamos deixar nosso dinheiro. Queremos respeito, e reconhecimento. Se vidas negras importam, elas precisam estar e serem importantes nos espaços de decisão e poder. Justiça pelo Beto e por todos os oprimidos desse país”, reforça.

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