Vereador investigado por 'rachadinhas' era conhecido como '8K' por cobrar R$ 8 mil para liberar alvarás
Rafael Souza (PDT) começou a ser investigado em 2020, quando ainda era secretário na Prefeitura de São Leopoldo. Atual secretário de Administração também foi alvo de ação policial nesta manhã
Afastado do cargo de vereador durante operação da Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (22) por suspeita de "rachadinha", Rafael Souza (PDT) era conhecido no meio político como "Rafa 8K". O apelido foi criado quando ele ainda era titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico (Sedettec), cargo que assumiu em 2017.
Souza começou a ser investigado em 2020 após denúncia à Polícia. O relato era de que, no auge da pandemia, ele exigia o pagamento de R$ 8 mil a empresários para a liberação de alvarás. O comportamento, segundo testemunhas, motivou o apelido. Nas redes sociais, a letra K é usada para representar "mil".
Homem morre após cair de terraço em que trabalhava em Campo Bom
Político do Vale do Sinos é acusado de estuprar duas filhas adolescentes
Além da suspeita da cobrança para a liberação dos alvarás, Souza, já como vereador, é investigado também por "rachadinha", com a cobrança de valores mensais a cargos em comissão indicados por ele. Segundo a investigação, "CCs" que ganhavam salários de R$ 4 mil eram obrigados a repassar, mensalmente, o valor de R$ 2,5 mil ao vereador e à esposa dele.
Na tarde desta quinta-feira (22), um oficial de justiça esteve na Câmara de Vereadores e notificou a presidência da casa sobre a decisão da Justiça de afastar o vereador das suas funções no Legislativo por tempo indeterminado. Com isso, a Câmara deve realizar uma nova eleição para vice-presidente da Mesa Diretora na gestão 2023, pois Souza havia sido eleito para o cargo nesta semana.
Outros investigados
Na investida desta terça-feira, batizada de Operação Consiglieri, agentes da Draco cumpriram ordens judiciais de busca e apreensão na Câmara de Vereadores e na Prefeitura. Além de Souza, são investigados na ação policial a esposa dele, o assessor do vereador, o secretário municipal de Administração, Thiago Gomes, e um servidor do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae).
Pedido de prisão foi negado pela Justiça
O delegado responsável pela investigação, Ayrton Martins de Figueiredo Júnior, afirma que Polícia havia pedido a prisão preventiva dos investigados, o que foi negado pela Justiça. Em vez disso, foram aplicadas medidas alternativas como o afastamento por tempo indeterminado das funções, sequestro de bens e bloqueio financeiro dos investigados.
Ayrton esclarece que foram apreendidos computadores e celulares. Também, durante o andamento do processo, os investigados estão proibidos de contatar testemunhas.
A operação foi realizada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco)
Investigados
A Polícia Civil não confirmou o nome do parlamentar investigado, contudo, a reportagem apurou que trata-se de Rafael Souza (PDT). Uma assessora contatada pela reportagem disse que o político falará somente à tarde sobre o caso. O espaço está aberto para a manifestação.
Procurada, a prefeitura informou que o secretário de Administração foi exonerado do cargo. (Leia a nota completa abaixo). A imprensa do Semae informou que não houve comunicação oficial de afastamento de nenhum servidor e que, havendo isso, a autarquia se manifestará a respeito.
Nota da prefeitura de São Leopoldo
"A Prefeitura de São Leopoldo comunica que na manhã desta quinta-feira, 22 de dezembro a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão da Operação Consiglieri no gabinete do secretário municipal da Administração, e o servidor em questão foi exonerado.
Informamos ainda, que zelando pela conduta ética e adequada dos princípios públicos, estamos contribuindo com todos os processos de investigação para que os fatos sejam apurados.
Com relação às denúncias envolvendo alvarás, referidas na Operação, a Administração Municipal informa que nunca houve registro oficial envolvendo este tema e determinou a imediata abertura de processo administrativo para apurar tais fatos, do período 2017/2020."