Publicidade
Notícias | São Leopoldo ALVO DE OPERAÇÃO

Vereador publicou crítica a colega suspeito de crime sexual um dia antes de ser afastado por 'rachadinha'

Rafael Souza (PDT) postou nota de repúdio contra suplente exonerado ontem e que fazia parte do alto escalão da Prefeitura de São Leopoldo. Nesta manhã, ele foi alvo de ação policial

Por Renata Strapazzon
Publicado em: 22.12.2022 às 16:25 Última atualização: 22.12.2022 às 18:49

Horas antes de ser alvo de uma operação da Polícia Civil nesta quinta-feira (22), o vereador de São Leopoldo Rafael Souza (PDT) havia postado em suas redes sociais uma nota de repúdio em que criticava o suplente de vereador investigado por estuprar as filhas adolescentes. Souza destacou em sua fala que nunca imaginou que ele fosse um "criminoso".

Vereador publicou crítica a colega suspeito de crime sexual um dia antes de ser afastado por 'rachadinha'
Vereador publicou crítica a colega suspeito de crime sexual um dia antes de ser afastado por 'rachadinha' Foto: Prefeitura de São Leopoldo/Divulgação
"Deixo aqui registro meu total repúdio a este crime. Me encontro sem palavras para expressar a perplexidade e revolta que sinto com esta notícia. Nunca imaginei que em meio a tantos elogios à família, proferidos durante as sessões da Câmara inclusive, existisse um criminoso. Isso nos traz um alerta: a violência é silenciosa”, escreveu Souza.

O político suspeito de abusar das filhas era do alto escalão na Prefeitura de São Leopoldo e foi exonerado. O nome dele não é publicado para preservar a identidade das vítimas, conforme estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Vereador e secretário afastados

Rafael Souza, a esposa dele, o assessor do vereador, o secretário municipal de Administração, Thiago Gomes e um servidor do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) são investigados pelos crimes de concussão (extorsão para praticar algum ato de competência do serviço público) e "associação criminosa estável", cujo líder seria o vereador.

Conforme a Polícia, Souza é suspeito de cobrança para a liberação dos alvarás e de valores mensais a cargos em comissão conseguidos por ele, a chamada "rachadinha".

Segundo a investigação, CCs que ganhavam salários de R$ 4 mil eram obrigados a repassar, mensalmente, o valor de R$ 2,5 mil ao vereador e à esposa dele.

Pedido de prisão foi negado pela Justiça

De acordo com o titular da Draco, o delegado Ayrton Martins de Figueiredo Júnior, a Polícia havia pedido a prisão preventiva dos investigados, o que foi negado pela Justiça. Em vez disso, foram aplicadas medidas alternativas como o afastamento por tempo indeterminado dos cargos, sequestro de bens e bloqueio financeiro dos investigados.

Segundo o delegado, foram apreendidos computadores e celulares. Também, durante o andamento do processo os investigados foram proibidos de contatar testemunhas.

Conhecido como '8K'

Souza era conhecido no meio político como "Rafa 8K". O apelido foi criado quando ele ainda era titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico (Sedettec), cargo que assumiu em 2017.

O político começou a ser investigado em 2020 após denúncia à Polícia. O relato era de que, no auge da pandemia, ele exigia o pagamento de R$ 8 mil a empresários para a liberação de alvarás. O comportamento, segundo testemunhas, motivou o apelido. Nas redes sociais, a letra K é usada para representar "mil".

Contraponto

Uma assessora de Rafael Souza (PDT) contatada pela reportagem disse que o político falará nesta tarde sobre o caso. Até as 16h20, ele ainda não havia se manifestado. O espaço está aberto para contraponto.

Procurada, a prefeitura informou que o secretário de Administração envolvido no caso foi exonerado do cargo. O servidor do Semae investigado também foi afastado. (Leia as notas na íntegra abaixo).

Nota da prefeitura de São Leopoldo

"A Prefeitura de São Leopoldo comunica que na manhã desta quinta-feira, 22 de dezembro a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão da Operação Consiglieri no gabinete do secretário municipal da Administração, e o servidor em questão foi exonerado. Informamos ainda, que zelando pela conduta ética e adequada dos princípios públicos, estamos contribuindo com todos os processos de investigação para que os fatos sejam apurados. Com relação às denúncias envolvendo alvarás, referidas na Operação, a Administração Municipal informa que nunca houve registro oficial envolvendo este tema e determinou a imediata abertura de processo administrativo para apurar tais fatos, do período 2017/2020."

Nota do Semae

"O Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo (Semae) comunica que, diante da Operação Consiglieri, deflagrada pela Polícia Civil, na manhã desta quinta-feira (22), o servidor em questão foi imediatamente exonerado.

Com relação às denúncias, referidas na Operação, o Semae informa que não existe qualquer relação das questões apontadas com as atividades de competência da autarquia."

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas
Botão de Assistente virtual