Publicidade
Botão de Assistente virtual
Opinião

RS-239: a rodovia onde a morte é pano de fundo para a imprudência

Por Jauri Belmonte
Publicado em: 14.10.2019 às 11:07 Última atualização: 15.10.2019 às 06:43

Pegar a estrada é tenso. Para se ter a certeza de que voltará são e salvo para casa ao fim de cada dia, talvez tenha que abrir mão de qualquer agnosticismo que carregue nas veias, apegando-se a qualquer credo necessário. Reforço esse pensamento toda vez antes de sair de casa ou, até mesmo, quando, nas horas vagas, vejo noticiários e leio jornais. É impressionante o número de mortes em decorrência do trânsito aqui no Brasil, elas são o pano de fundo para a imprudência que, infelizmente, parece não ter fim.

No meu caso, utilizo uma das rodovias mais perigosas da região todos os dias: a RS-239. Todos os dias o vai e vem consome algumas horas. Por opção, sigo morando na minha cidade natal (Taquara) e faço quase 50 quilômetros até o meu local de trabalho, o Grupo Sinos, em Novo Hamburgo. Assim como para muitas pessoas, a necessidade me obriga a muito mais que andar, dirigir, todo Santo Dia pela ceifadora e deficitária 239. Ou seja, sou testemunha ocular da imprudência que não cansa de matar. 

Porém, penso que, muito além das opções de transporte ou do questionamento de logística que separa os vales do Paranhana e Sinos, os frequentes acidentes - sejam eles com morte ou não - e suas formas acabam dando contornos de medo a qualquer motorista, pedestre, ciclista ou quem for. Mas a imprudência segue, em todas as suas formas. 

Ainda que a rodovia necessite de muitas correções em diversos pontos, o pavimento da rodovia é bom se comparado ao de outras tantas rodovias gaúchas e brasileiras, inclusive àquele que, durante tanto tempo, ligou as cidades de Taquara e Rolante. Ali não havia acostamento, as pistas eram simples, mas, mesmo assim, muitos andavam - e ainda andam - como se não houvessem limites. Aliás, excesso de limites que se soma à irreflexão de um todo e de uma sinalização que, à noite, é bastante deficitária. Definitivamente, vários são os 'floreios' que causam espanto e medo na RS-239. Nem pardais, lombadas ou fiscalização acabam por reprimir os infratores. Quem anda ali sabe do que estou falando. Poderia ter aqui, todos os dias, uma coluna listando as situações já vistas e vividas nesta rodovia, mas creio que seria sanguinário demais da minha parte. Vocês, leitores, merecem coisas mais agradáveis.

Mas não podemos oprimir a realidade. Alguns motoristas se recusam a aguardar longos 15 segundos até a via estar completamente livre para, aí sim, ingressar. Não é uma questão de ganhar tempo, mas, sim, de poupar vidas. Ainda que a morte seja um processo natural da vida, perder a vida na estrada não é o ideal. Muitos morreram, morrem e, infelizmente, morrerão nas estradas. O trânsito é uma arma abstrata em nossas vidas, da qual precisamos para o deslocamento diário. 

Há pouco mais de uma semana, um caminhoneiro teve a sorte de sair ileso - apenas com um arranhão no joelho - após colidir com outro, em Sapiranga. Aliás, muitos já perderam a vida na mesma rodovia por não trafegar em um veículo tão grande. Carros, motos, caminhões ou, até mesmo, pedestres agem por impulso, são imprudentes. Sucessivamente, em locais mais nocivos, como em Parobé, pessoas perdem a vida nas proximidades de uma passarela. Eles não são culpados, mas em muitas situações, a imprudência dos motoristas se soma a das vítimas.

Por fim, na rodovia do abate, a atenção, aliada à sorte, é a chave de tudo. Só assim, quem sabe, para não se tornar mais um número em uma estatística que não cansa de aumentar.


O artigo publicado neste espaço é opinião pessoal e de inteira responsabilidade de seu autor. Por razões de clareza ou espaço poderão ser publicados resumidamente. Artigos podem ser enviados para opiniao@gruposinos.com.br
Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas

Olá leitor, tudo bem?

Use os ícones abaixo para compartilhar o conteúdo.
Todo o nosso material editorial (textos, fotos, vídeos e artes) está protegido pela legislação brasileira sobre direitos autorais. Não é legal reproduzir o conteúdo em qualquer meio de comunicação, impresso ou eletrônico.