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Opinião

A fatalidade ocorrida em Gravataí é um alerta para o futebol

Por Jauri Belmonte
Publicado em: 28.10.2019 às 15:03 Última atualização: 29.10.2019 às 07:52

Se tivermos um pouco de compaixão, podemos assegurar que o futebol está de luto. Em meio à tristeza e, talvez, aos resquícios da falta de cautela, a queda de um raio durante a prática do esporte mais popular do País, em Gravataí, que vitimou um homem e deixou outros 14 feridos no último domingo (27), foi uma fatalidade. Isso é inegável. Assim como Valdenir Missaia, 27 anos, trabalhador e pai de família, perdeu a vida enquanto se divertia com amigos em um dia de folga, qualquer um de nós poderia estar no lugar dele. A Defesa Civil emitiu alertas sobre a previsão para o fim de semana, os cenários imagináveis extrapolam a normalidade, mas não merecem julgamentos.

Saindo do carro com um guarda-chuva em punho, cruzando uma calçada para entrar em um supermercado; abrindo o portão de casa, aproximando-se de uma árvore; ou, até mesmo, sentado em uma arquibancada vendo uma partida do seu time do coração. Vários são as situações em que a força da natureza pode nos superar em milésimos. Você, que lê o texto, pode imaginar várias outras. Fique à vontade. 

No cenário do ludopédio, sucessivas foram as vezes em que descargas elétricas foram protagonistas em campo. E o pior: no profissional. Ainda que exista a previsão do tempo, emissão de alerta por meio de órgãos e qualquer recomendação básica de prevenção à prática de esportes sob o mau tempo, inclusive de meteorologistas, a negligência acontece. Sejam comissões de arbitragem, federações ou qualquer envolvido que se possa imaginar. Em 2014, por exemplo, enquanto acompanhava uma partida entre Noia e Lajeadense em uma noite de verão, vencida pelo Anilado por 2 a 1, no Estádio do Vale, um raio caiu no bairro Liberdade, aos fundos da goleira Sul. Obviamente que em meio ao estrondo e ao clarão assustador, o jogo foi paralisado por poucos minutos, mas logo voltou. Torcedores, atônitos - acomodados nos assentos ou próximos à grade, além de atletas, não ficaram feridos, felizmente.

No mesmo palco, em 2016, durante um jogo entre hamburguenses e xavantes, em um empate em 1 a 1, raios foram frequentes em meio à um temporal que alagou a Capital do Calçado. Na oportunidade, Leandro Vuaden não parou a partida. Mas não paramos por aí. Existem casos isolados no futebol que podemos pegar mundo afora, como em 2014 quando um atleta morreu ao ser atingido por um raio em jogo da Liga Peruana. As precauções são poucas. Também tivemos casos mais recentes como em 2018, quando outro atleta perdeu a vida atingido por um raio em um jogo da primeira divisão da África do Sul. 

Embora casos como esses já tivessem sido recorrentes pouca coisa mudou. Em meio às chuvas torrenciais de verão, especialmente nas competições do início do ano, a bola segue rolando. Neste ano, aqui no Brasil, dois casos semelhantes aconteceram, mas, felizmente, sem vítimas fatais. O primeiro foi durante um jogo entre Água Santa e Atlético Mineiro pela Copa São Paulo de Futebol Júnior, em que um forte temporal caía sobre a Arena Inamar, na cidade de Diadema, quando aos 45 minutos do segundo tempo um raio atingiu o gramado e o Zagueiro Henrique foi atingido. Ele saiu do gramado de ambulância, mas se recuperou pouco depois e nem chegou a ser levado para um hospital. Neste caso, a arbitragem não parou a partida, ainda que a recomendação seja a paralisação da partida, por se tratar de uma área aberta. 

Mas será que depois de tantos alertas, em que vidas estão sob risco, algo vai mudar no futebol?

Esperamos que sim, não é justo que esperemos outra fatalidade.


O artigo publicado neste espaço é opinião pessoal e de inteira responsabilidade de seu autor. Por razões de clareza ou espaço poderão ser publicados resumidamente. Artigos podem ser enviados para opiniao@gruposinos.com.br
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