O prognóstico não é bom para os 15 municípios da região liderada por Novo Hamburgo no enfrentamento à pandemia. Depois de receber um "aviso" do Estado neste sábado devido ao aumento da taxa de ocupação de UTIs, é questão de dias para que as prefeituras recebam um "alerta" e ingressem na segunda das três fases do plano estadual batizado de Sistema 3 As.
Quando recebe um "alerta" a região já é obrigada a apresentar um plano de ação que provavelmente incluirá restrições de atividades. Ao comentar, neste sábado, o "aviso" emitido pelo Estado, o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Sinos (Amvars), Luciano Orsi, disse à repórter Bruna Mattana que, diante da piora dos indicadores, a região pode sim endurecer as regras. E tudo indica que isso vai acontecer, infelizmente. Entenda em três pontos (mais um extra no final):
1. MOBILIDADE EM ALTA, AGLOMERAÇÕES TAMBÉM
Convivemos com o vírus há 15 meses e sabemos que ele não anda sozinho por aí. Somos nós, os humanos, que transportamos o bichinho da rua para casa e vice-versa (na maioria das vezes sem perceber, o que é mais perigoso). E a mobilidade vem aumentando muito na região nas últimas semanas.
O ir e vir não seria um problema se todos cumprissem à risca as medidas sanitárias que recomendam uso de máscara adequada e de forma correta, que se evite aglomerações, e que se mantenha ambientes arejados e mãos sempre limpas. Mas sabemos que não é bem assim.
2. CASOS EM ALTA E INTERNAÇÕES TAMBÉM
É verdade que os números da região de Novo Hamburgo estão longe do caos de março. Mas também estão longe do que se viu nos dois piores momentos de 2020. A pandemia estabilizou em padrões elevados por aqui, o que por si só já é um problema. A situação preocupa porque, segundo o governo do Estado, na última semana a média móvel de casos cresceu 50,7% na região (em todo o território gaúcho o aumento foi de 15,3%). O índice é muito alto, um dos piores entre as 21 regiões. E, como se sabe, mais contágio significa mais gente precisando de hospital em um intervalo de tempo muito curto.
No dia 8 de maio o Rio Grande do Sul tinha 3.976 pessoas internadas (com Covid-19 confirmada ou suspeita). Neste sábado já eram 4.483, ou seja, 507 a mais em duas semanas. Na região, o gráfico da ocupação de leitos clínicos e de UTI já indica crescimento, ainda que pequeno. A boa notícia é que os óbitos seguem em queda e isso certamente está pesando a favor da região nas avaliações diárias do governo.
3. VACINAÇÃO MAIS LENTA POR AQUI
Seja CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer, a vacina é a única saída contra o vírus. Portanto, quanto mais gente protegida, melhor. Acontece que o Vale do Sinos está em penúltimo no ranking regional de imunização, com 21,2% da população vacinada com primeira dose (o pior índice é da região é a de Taquara, com 19,9%, e o melhor da região de Santa Rosa, com 30%). Ou seja: na prática estamos menos protegidos que outras regiões, considerando números proporcionais. E mais gente exposta eleva o risco de contágio, internação e óbito. É a lógica.
4. NOVAS VARIANTES
O cenário acima leva em conta dados oficiais do governo do Estado e conhecimento científico amplamente divulgado, quase uma lógica que a pandemia ensinou até aqui. Se a temida variante indiana chegar ao Estado e à região, tudo pode ficar ainda mais complicado. O Ministério da Saúde diz estar atento a ela e disposto a evitar que essa versão bem mais transmissível se instale no País. Vamos torcer. E fazer a nossa parte. Está se cuidando? Continue. Relaxou nas últimas semanas? Mude de postura imediatamente