Essa semana o apresentador Tiago Leifert e a esposa, a jornalista gaúcha Daiana Garbim, sensibilizaram o País ao revelar um câncer raro da filha Lua, de 1 aninho. A grandeza do casal ao tornar público um problema tão íntimo foi uma forma que encontraram de alertar outras famílias para um diagnóstico imediato e, consequentemente, o tratamento ágil.
Na primeira observação, o pai notava que algo diferente no olhar da filha estava lhe chamando a atenção. Os olhinhos dela apresentavam um reflexo branco, movimentos irregulares e o encarava de lado algumas vezes. A mãe, por acompanhar a pequena sempre muito ativa e detalhista nas brincadeiras, dizia que era coisa da cabeça dele. Foi na insistência de Leifert que eles resolveram procurar um oftalmologista e iniciar a luta contra a notícia. Lua foi acolhida pela percepção delicada do Tiago e isso foi crucial para que ela esteja sendo atendida com os cuidados que precisa.
Mas o retinoblastoma da Lua é apenas um dos exemplos do quanto os papais e mamães precisam entender sobre força e otimismo. Muitas vezes, pelo medo de enxergar a verdade sobre seus filhos, preferem negar o fato de que há algo diferente com eles e isso pode atrasar e muito a identificação e o assessoramento aos pequenos. Assim é com o autismo, o déficit de atenção, o dentinho torto, a hiperatividade, o estrabismo, o caminhar desequilibrado... Só para citar alguns exemplos. Entender e aceitar que o desenvolvimento da sua criança não está seguindo o processo natural, vai evitar que ela atenue o que a limita, em vez de acentuar as diferenças.
Não adianta encontrar desculpas para si mesmo dizendo: “Não, meu filho não...” Mais difícil do que você aceitar que ele exige cuidados especiais e que talvez leve uma vida diferente das outras crianças é descuidar amparo a ele o quanto antes. E a esperança virá através dos tratamentos existentes que sejam mais adequados a ele e a qualidade de vida que terá ao ver que você superou seu descrédito pelo universo de novas possibilidades que serão disponibilizadas a partir dessas intervenções.
E se fortaleça você também. Todo evento estressante gera um período de luto, que passa pela raiva, pela revolta, pela vergonha, pela rejeição ou pela culpa. Mas é só encontrar profissionais especializados e preparados para acolher seu filho, que isso logo vai se transformar em otimismo e fé. Porque nada mais esclarecedor do que conversar com quem vai explicar suas dúvidas e tirar seus medos sobre o diagnóstico e te mostrar que você não está sozinho no processo de superação desse momento de enfrentamento.
Negar o que você vê tão de perto é diminuir a imensidão de oportunidades que essa vidinha tem pela frente. A Lua está aí para ensinar algo para todos nós. Com o olhar, ela fez os papais enxergarem um mundo que não estava nos planos, mas que certamente vai abrir os olhos de muitas famílias e diminuir o drama de outros tantos pequeninos.
A aceitação é o caminho mais cheio de amor até a cura.