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Pressão por estudos pode prejudicar desenvolvimento das crianças

Infância é momento para aliar o aprendizado à ludicidade e brincar

Por Cristiano Santos
Publicado em: 06.05.2019 às 03:00 Última atualização: 08.05.2019 às 19:28

Foto por: Fotolia
Descrição da foto: Estímulo também pode ser feito por meio do lúdico e da diversão
Ter filhos inteligentes é o desejo de muitos pais. Porém, a pressão para que as crianças aprendam em momentos em que o cérebro ainda não está maduro o suficiente para determinados assuntos pode ser prejudicial à saúde emocional deste público. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp), o psicólogo e pedagogo Luiz Antonio Corrêa, é necessário o resgate a fantasias, como Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, e brincadeiras recreativas. "Parece retrocesso, mas não é. Quando trabalhamos as emoções, estimulamos a cognição, o hipocampo, hipotálamo", reforça.

Cada fase da vida reserva um momento diferente para aprender, mas que varia conforme a pessoa. Neste sentido, Corrêa é crítico às escolas que forçam a alfabetização precoce, aos dois ou três anos, ou o ensino de matérias não apropriadas para a idade. "Se a criança brinca, trabalha com massinha, quebra-cabeça, o cérebro estará habilitado para quando se defrontar com letras e números e ser alfabetizada".

Estímulos

Foto por:
Descrição da foto: ESPECIALISTAS: Andréa, Luiz Antonio e Ana Lúcia reforçam atenção e tempo para a criança, que não deve ser tratada como um adulto em miniatura
Para o especialista, a estimulação ao aprendizado, atenção, concentração, memória e a criação de novas redes neurais não é apenas por conteúdos, mas também através do lúdico e da diversão. "O cérebro se potencializa com outras atividades, mas as escolas querem mostrar para nós que a criança precisa de conteúdos acima do nível dela para se tornar potente", lamenta.

Mais tempo livre para brincar e ficar no ócio

A criança não tem mais tempo para aproveitar brincando em razão das tantas lições que acumula. Mas o segredo de a tornar inteligente, conforme Corrêa, não é dar um monte de lições. "Não é a quantidade, e sim a qualidade do exercício", conta, ao reforçar que em cada etapa da vida temos um nível de aprendizado que precisa ser respeitado, oportunizando criar sistemas para estímulos neurais. "Mas, uma criança pequena tem mais é que estar na rua brincando", defende.

A facilidade de aprendizagem muda de criança para criança. Em algumas situações, é aconselhável a intermediação de um profissional para ajudar na maturação cerebral. "Eu não posso ficar esperando que a criança vá aprender sozinha, ela precisa de estímulo. Se já não aprendeu, tem que ser descoberto o que a prejudicou", ressalta a neuropsicopedagoga Ana Lúcia Hennemann.

Para a psicóloga e especialista em neuropsicopedagogia Andrea Varisco, até mesmo ficar no ócio pode ser produtivo, fazendo com que a criança reflita. "É importante ficar sem fazer nada, e também triste, porque tu formas pensamentos e estimulas outras redes neurais", reforça.

Dificuldades no aprendizado

Existe uma série de problemas, hoje em dia, que podem causar dificuldades de aprendizagem, no campo neurológico, psicológico e social. "Situação esta que se reflete nos baixos índices de avaliações nacionais já no período em que as crianças se encontram nos anos iniciais da educação, pois em 2016 o MEC divulgou resultados da ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização) evidenciando que 54,73% dos alunos que cursam o 3º ano do Ensino Fundamental I, apresentam Baixo Rendimento Escolar (BRE) em matemática, leitura e escrita", reforça Corrêa.

Problemas

Doenças emocionais comuns aos adultos, segundo Corrêa, estão sendo notadas com maior frequência nas crianças, como depressão, esquizofrenia e bipolaridade. "A patologia precisa de um fator desencadeante. O estresse é uma das situações que mais potencializa ou desencadeia psicopatologias. Tudo por causa da tensão emocional e doenças psicossomáticas", salienta.

"Precisamos deixar a criança ser criança; ela não é um adulto miniatura", reforça. A psicóloga Andrea lembra que a maturação cerebral conclui por volta dos 25 anos. Em cada idade, o cérebro vai expandindo suas redes. "Quem sabe a chave de tanta doença emocional seja desencadeada por uma pressão humanamente impossível para a capacidade cognitiva da criança", reflete.


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