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Cotidiano | Entretenimento Música

Recesso de orquestra repercute no setor cultural

Anúncio de suspensão da Orquestra UCS ilustra dificuldades do setor cultural durante crise da pandemia

Por André Moraes
Publicado em: 11.07.2020 às 03:00 Última atualização: 11.07.2020 às 09:03

A crise econômica, combinada com as limitações da quarentena durante a pandemia, impactou fortemente no setor de cultura. Entre os setores mais impactados está o da música, baseado em performances públicas. Na música de concerto, as dificuldades que já eram intrínsecas à atividade chegaram a alguns casos em um ponto dramático.

UCS Orquestra em série Grandes Concertos, em 2017 Foto: Divulgação/UCS

Nos últimos dias, uma das maiores orquestras do Estado, a da UCS, de Caxias do Sul, anunciou uma interrupção de atividades. No dia 3 de julho Manfredo Schmiedt, então diretor artístico e regente da UCS Orquestra, se despediu da função e anunciou, pelo Facebook, a suspensão de atividades “com grande pesar”. “Infelizmente a Universidade de Caxias do Sul tomou esta dolorosa medida”, escreveu o maestro, que agradeceu à UCS, ao público e aos parceiros.

Oficialmente, fala-se que a parada é provisória. “A UCS Orquestra informa que está com as suas atividades temporariamente suspensas por conta das consequências geradas pela pandemia do novo coronavírus. Isso não representa sua extinção. Neste momento, permanecem alguns músicos efetivos e segue o planejamento de novos projetos para ampliar a busca de recursos. Assim que as condições sanitárias e financeiras permitirem, as atividades retornarão”, diz nota encaminhada pela Assessoria de Comunicação.

Repercussão

O anúncio provocou comoção no meio cultural. “Sabemos das dificuldades enfrentadas na gestão de orquestras no Brasil, mas acreditamos no importante papel que estas entidades representam para a profissionalização de músicos, o desenvolvimento de eventos culturais, a formação de plateias, e dando vida ao trabalho de tantos compositores e arranjadores”, disse nota da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo nas redes sociais. “Nos solidarizamos com todos os colegas desamparados neste momento, e desejamos que num futuro próximo possamos dividir os palcos de espetáculos do RS”, conclui a postagem do grupo hamburguense.

O professor Maurício Marques, coordenador dos Cursos Técnicos em Música da ESEP e Coordenador da Licenciatura em Música da Faculdades EST, de São Leopoldo, comenta sobre a importância, em geral, das manifestações culturais e da música. “As orquestras são responsáveis por trazer páginas importantes da música ao público, um ponto de encontro de famílias, além de ser o emprego de muitos músicos que mantêm suas famílias com os rendimentos financeiros desta atividade”, explica. “Quando vemos orquestras sendo destruídas ou quando é questionada a sua importância, penso que é uma desvalorização de uma parte importante da população, ou a subtração de um canal de comunicação e de autoconhecimento sociocultural”, comenta.

Importância social

O professor lamenta as “dificuldades perpétuas ao setor, com pouco investimento em salas para ouvir e fazer música, poucas orquestras e pouco fomento ao acesso ao estudo da música” . Ele pondera que “muitos jovens são retirados de situações vulneráveis e de abandono social através da música, saindo do ócio para um trabalho honesto e que exige muita dedicação. Neste ponto, podemos dizer que a música é responsável pela inclusão social de muitas pessoas. Não podemos fechar esta porta aos cidadãos. Precisamos investir na música, pois assim estamos investindo na própria sociedade”.

Monia Kothe, coordenadora do curso de Música, Licenciatura do Instituto Ivoti, considera que “cultura da alma é prioridade, mesmo que muitos não percebam ou valorizem. Apenas sentem falta. Sem cultura temos uma sociedade doente. Doente de afetos, de boas intenções, de empatia, de reconhecimento e de educação”. Ela argumenta que “falar em cultura como prioritária ou não traz à tona questões também conceituais. O que podemos perceber é que neste momento de distanciamento físico que estamos vivendo, a valorização de produções ligadas à música, cinema, literatura, dentre outras manifestações, está fazendo a diferença para manter a motivação como um todo.”

A professora também salienta a dimensão educacional da música, algo com que sua instituição trabalha. “Educação musical estimula o cérebro e promove a socialização, oportuniza o trabalho em equipe, o que é de extrema importância para os dias de hoje.”

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