Há seis décadas, caneta registrava os eleitos em Novo Hamburgo
Eleições tinham voto em cédula de papel e o resultado demorava dias para ser oficializado
No próximo domingo (2), por volta das 22 horas, o Brasil terá os resultados finais das eleições. É a previsão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), depois que os Estados mais a oeste foram orientados a se adequar ao fuso horário de Brasília. Mas nem sempre foi assim. A urna eletrônica do jeito que se conhece hoje, com impressão do boletim de votação logo que a seção é encerrada, às 17 horas, é recente, tem 26 anos. Até então, a votação era em cédulas de papel e a apuração manual, assim como o preenchimento dos boletins.
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A eleição de 1968, que elegeu Alceu Mosmann (Arena), já foi mais "tecnológica". A caneta esferográfica só foi utilizada pelo juiz eleitoral da época, João Schuster, e pelo auxiliar judiciário Daniel Rodrigues para assinar a ata de três folhas de ofício.
O eleitorado já somava 26.308 cidadãos e a abstenção se mantinha abaixo dos dois dígitos: 9,2%. Outra curiosidade: com apenas dois partidos políticos - Arena e MDB - cada um inscreveu três candidatos a prefeito. Além do vitorioso Mosmann, a Arena disputou com Waldemar Gieb e Ruy Noronha. O MDB inscreveu Manasses Goulart, Milton Vergara Correa e Alcides Friedrich.
O pleito de 1972 tinha boletins ainda mais avançados. As cédulas seguiam de papel e a apuração manual. O resultado, proclamado, três dias depois, está registrado em folha padrão, preenchida à máquina. Miguel Schmitz foi eleito pela da Arena, que inscreveu ainda Urbano Arnecke e Elio Laufer. O MDB concorreu também com três candidatos: Américo Copetti (10.180 votos), Guilherme Grens e Sandra Hack. Como a legenda adversária fez mais votos, Schmitz levou a prefeitura com o aval de 7.747 eleitores.
Cédulas e gritos
Quem acompanhou o escrutínio - contagem de votos - até 1994, última eleição com cédulas em papel no Brasil, sabe bem como era: quatro escrutinadores numa mesa que recebia as cédulas. Um a um os votos eram contados. Primeiro para cargo A, depois cargo B e assim por diante. A mesma cédula voltava para as mãos dos apuradores, tantas vezes quanto eram os cargos em disputa. Muitos votos eram ganhos "no grito" pelos fiscais de partidos que se acotovelavam no entorno. Na dúvida se era nome X ou Y, valia aquilo que era interpretado. Os boletins eram preenchidos à mão e, se tivesse algum erro - ou engano -, paciência.
Urnas seguras e segredo do voto é garantido
Os juízes eleitorais de Novo Hamburgo, Adriano Parolo e Juliane Pereira Lopes, defendem a segurança do voto do jeito como é hoje, com urnas eletrônicas. Em artigo publicado sábado no ABC, escreveram: "A urna, lembre-se, não está conectada à Internet, não permite conexão com redes ou acesso remoto, de forma que somente a total ignorância - ou má fé - permite sugerir que possa ser objeto de ataque de hackers".
E lembram que ao final da votação é impresso o boletim de urna, "que computa todos os votos de cada seção eleitoral, que poderá ser confrontado com o resultado divulgado pelo TSE". E a não impressão do voto garante o sigilo da escolha do eleitor.