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Eleições O QUINTO NINJA

Giuseppe Dutra Janino, um dos pais das urnas eletrônicas, é de Canoas

Matemático de 61 anos orgulha-se de fazer parte da história do processo democrático no País

Por Raquel Kothe
Publicado em: 29.09.2022 às 17:26 Última atualização: 29.09.2022 às 17:56

Nasceu em Canoas um dos cinco criadores da urna eletrônica. Ele se chama Giuseppe Dutra Janino, tem 61 anos, é matemático, consultor em eleições digitais e biometria, e foi por 15 anos secretário de Tecnologia da Informação (STI) do Tribunal Superior Eleitoral, onde trabalhou por 25 anos.

Giuseppe Dutra Janino
Giuseppe Dutra Janino Foto: Carlos Moura/Ascom/TSE
Filho de pai militar da Aeronáutica, Giuseppe nasceu no Hospital da Base Aérea de Canoas e viveu por onze anos na vila militar. Depois foi estudar no Colégio Militar em Porto Alegre e, aos 18 anos, passou no concurso para a Aeronáutica. Foi para Guaratinguetá, em São Paulo, frequentar a Escola de Especialistas da Aeronáutica e se especializou em controle de tráfego aéreo.

Depois de dois anos do curso, foi enviado para Brasília e trabalhou por onze anos da Torre de Controle do aeroporto da capital federal. Foi se especializando e prestando alguns concursos. Em 1995 passou em 1º lugar no primeiro concurso para o quadro de analistas do TSE.

Giuseppe logo foi designado pelo ministro Carlos Velloso a integrar o grupo que conduzia o projeto final de engenharia da urna eletrônica, que estrearia em 1996.

Foi integrado a um grupo formado por três profissionais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e um do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (Ita). "Três deles eram de descendência oriental, por isso todos eram chamados de ninjas, assim eu me autointitulei o quinto ninja", conta Giuseppe. Esta também é a inspiração para o título do livro: O Quinto Ninja, lançado pelo matemático em setembro de 2021.

Ter tido a oportunidade de contribuir e acompanhar a história de sucesso da maior eleição digital do Planeta, é motivo de orgulho para Giuseppe. Ele ressalta que o Brasil é a quarta maior democracia do mundo e a única com eleição digital. "100% dos pontos são padronizados com o equipamento e com a mesma versão do software. São mais de 500 mil urnas, em um país com 8,5 milhões de metros quadrados. São mais de 150 milhões de eleitores", resume. "O processo de votação ocorre em nove horas e na sequência, no mesmo dia temos o resultado". São poucos países com essas características, lembra o matemático. Ele conta que é chamado pelo ministro Velloso de "o guardião da urna eletrônica".

Complexo de vira-latas é a explicação de Giuseppe para quem tenta desqualificar o processo eleitoral em função das urnas eletrônicas. "É uma grande honra e divido com todos os brasileiros o orgulho de ter sido um dos criadores da urna eletrônica", revela. Modesto, acredita que o pai da urna mesmo é o ministro Velloso. "Mas como pai também é quem cria, acho que posso ser considerado também", argumenta.

"Eu defendo a conquista dos brasileiros. Essa onda de questionamentos sempre existiu, há 30 anos batemos no fundo do poço, quando as eleições eram convencionais e tínhamos lentidão, prática de erros e muitas fraudes. As eleições estavam sempre em suspeição", relembra. "Eu faço uma analogia que ao mitigar a mão do homem, o processo eleitoral embarcou no trem na tecnologia e evoluiu nessa mesma velocidade", compara.

Conforme Giuseppe, desde as eleições para presidente dos EUA, em 2016, com a condução de Trump, surgiu uma onda de fake news como estratégia de desqualificar pessoas e instituições. "Em 2018 estávamos esperando esses ataques entre os candidatos, mas fomos surpreendidos que as metralhadoras tenham se voltado contra a Justiça Eleitoral", avalia.

Para o gaúcho, a única forma de vencer as notícias falsas que tomaram conta de muitos locais da sociedade é com informação de qualidade.

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