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Eleições REPERCUSSÃO

Satanismo e Maçonaria viram tema de campanha no começo do 2º turno

Desde o primeiro dia oficial de campanha, em agosto, religião tem sido tema recorrente de campanha eleitoral

Por Davi Medeiros e Levy Teles; colaborou Lavínia Kaucz/Estadão Conteúdo
Publicado em: 04.10.2022 às 22:27

Com a definição do segundo turno da eleição presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), informações distorcidas sobre a religião dos candidatos começaram a circular com mais força nas redes sociais.


Um vídeo do chefe do Executivo em uma loja da Maçonaria serve de munição para que apoiadores do petista tentem enfraquecer o presidente diante dos eleitores evangélicos. Do outro lado, bolsonaristas compartilham fake news associando Lula a um suposto "pacto com o diabo" e ao satanismo, também tentando intensificar a rejeição ao petista nesse segmento.

Apoiadores de Lula chegaram a se "disfarçar" de defensores de Bolsonaro no Twitter para dizer que não irão mais votar no presidente. "Estou tão triste com Bolsonaro, brincando com a nossa fé cristã. Que decepção", publicou um usuário que agora usa elementos da iconografia bolsonarista em seu perfil, como o número 22, uma arma disparando e uma bandeira do Brasil, mas publicou que "a volta de Lula era o mundo voltando ao eixo" uma semana antes da eleição.

Em páginas bolsonaristas no Telegram, aplicativo de mensagens russo, usuários também disseram estar "arrependidos" após ver o vídeo do mandatário em uma loja maçônica. Outros seguidores, porém, os acusaram de ser "petistas infiltrados" para manipular a opinião pública.

Desde o primeiro dia oficial de campanha, em agosto, religião tem sido tema recorrente. Bolsonaro, por exemplo, costuma chamar a eleição de "luta do bem contra o mal" e criticar o que chama de "fechamento de igrejas" na pandemia de covid-19, reforçando a pauta religiosa da sua campanha. Já Lula acusa Bolsonaro de tentar manipular evangélicos e declarou que o presidente é "possuído pelo demônio".

O Estado brasileiro é laico. A Lei das Eleições (Lei 9.504/97), inclusive, proíbe a veiculação de propaganda eleitoral em templos religiosos.

Prisão

É comum, também, que bolsonaristas evoquem a situação da Nicarágua, compartilhando relatos sobre a prisão de religiosos naquele país e lembrando que Lula já fez acenos ao ditador Daniel Ortega. Pesquisas eleitorais mostram que os evangélicos representam um dos segmentos mais fortes como base eleitoral de Bolsonaro.

No vídeo que circula nas redes sociais após o primeiro turno das eleições, o presidente faz um discurso sobre pautas de costumes e combate à corrupção em uma loja da Maçonaria. O vídeo que viralizou nos últimos dias aparenta ter sido gravado antes da campanha eleitoral de 2018.

Quanto a Lula, as tentativas de associá-lo ao "diabo" e ao fechamento de igrejas fizeram o PT lançar um esclarecimento público sobre as crenças pessoais do ex-presidente. Intitulado "A verdade sobre Lula e o satanismo", um artigo no site do candidato reforça que ele não tem relação com "luciferianos ateístas", como diz uma notícia falsa que circula na internet.

"A verdade, como já repetimos antes, é que Lula é cristão, católico, crismado, casado e frequentador da igreja", diz o texto.

Ontem, no dia de São Francisco de Assis, o ex-presidente teve um encontro com padres franciscanos para receber uma bênção. O ato aconteceu na coordenação da campanha de Lula, no Pacaembu. Além do petista, participaram também a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), o candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo, Fernando Haddad.

Antes da bênção, Lula recebeu imagens de São Francisco de Assis e de São Benedito, um santo negro. Frei Davi discursou no encontro e pediu a Lula, se eleito, compromisso do petista com cotistas negros nas universidades públicas. "Se tem alguém que pode se dizer cristão é você", afirmou Frei Davi a Lula.

Justiça

O ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a remoção de 31 publicações que associam Lula à perseguição de cristãos e à invasão de igrejas. A decisão foi publicada no último domingo e atinge os perfis dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-secretário da Cultura Mário Frias (PL), eleito deputado federal por São Paulo, o assessor do presidente, Filipe Martins, e outros apoiadores de Bolsonaro.

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