Schwantes e Rambow, guardiões da história de Estância Velha
Fotos antigas e únicas, objetos marcantes fazem parte do acervo que eles cuidam
Sabe aquele objeto que muitas vezes descartamos? O estanciense Luiz Antonio Schwantes, 74 anos, entende que esses objetos contam histórias. Há mais de 30 anos, Schwantes começou sua coleção. De alguns chaveiros, seu acervo atual tem mais de 20 mil itens e muitos deles resgatam a história de Estância Velha, muito antes da emancipação do município.
“Tenho fotos únicas e a sirene da primeira ambulância da cidade está comigo”, conta o colecionador, um dos guardiões da história da cidade que nesta sexta-feira (8) comemora 64 anos.
Já para Jonas Ebling Rambow, 57, a missão de “guardião da história” se iniciou com um acidente de moto, em 2003. Foi buscando formas de se ocupar durante a recuperação que ele se aproximou dos documentos da cidade.
“Para buscar entender um pouco mais de genealogia e não ficar só extraindo dados e transcrevendo informações obtidas, passei a buscar conhecer a história, os valores, a cultura e tudo mais”, explica Rambow, que hoje guarda bagagem de documentos, registros, livros, informações que passaram de pessoa por pessoa, além de uma série de fotografias.
Para ver e lembrar
Cada foto e cada objeto carregam um pouco das famílias que escolheram o município para morar. O museu do Schwantes possui muitos desses contadores de histórias, entre eles, o primeiro instrumento utilizado na Sociedade de Canto União, foto do primeiro ônibus que circulou em Estância Velha, registro da primeira escola municipal e até diplomas do primeiro advogado estanciense, Victor Rut Schuck, e do primeiro dentista, Carlos Sperb, e a bicicleta do primeiro secretário de Educação, Selvíno Ritter.
“A sirene foi parar comigo através do trabalho. A primeira ambulância de Estância Velha foi doada pelo Sindicato do Calçado e anos depois ela foi a leilão. A empresa Winter, onde eu trabalhava na mecânica, comprou e fez dela um carro ‘normal’. Quando ela foi descartada, eu a reformei”, recorda Schwantes.
Atuação de protagonismo
Não basta juntar arquivos, mas tem que participar. Jonas Rambow, por exemplo, foi o responsável por trazer o Corpo de Bombeiros para Estância Velha, que já tem 23 anos. Foi um dos idealizadores do serviço no município. “De modo efetivo, fiquei até meu acidente, em 2003. Depois, com perna mecânica, ajudei no que pude até 2010. O bombeiro precisa ter competência, habilidades, estar sempre pronto, e estar limitado foi bem complicado”, conta Rambow.
Atualmente, Rambow é servidor público e continua contribuindo com sua pesquisa e acervo de fotos e documentos sobre Estância Velha.
Já Schwantes, que é natural de Caxias do Sul, mas veio para Estância Velha com 4 anos de idade, diz que lembra dos fogos que foram jogados no dia da emancipação. “Eu não participava dos eventos, mas lembro de ouvir os fogos e as comemorações”, relata.
Segundo Schwantes, ele é um estanciense e tem orgulho de tudo que coleciona e preserva sobre a cidade. Além disso, carrega um currículo com quase 40 serviços voluntários no município. “Passei pelos conselhos municipais de Idoso e Saúde, fui vice-presidente da Associação do bairro Floresta e também colaborei em Kerbs e até no Corpo de Bombeiros”, destaca.
Pesquisa de apelidos
Outro passatempo realizado por Schwantes é a contagem de apelidos. “Na época dos curtumes, dar apelidos às pessoas era muito comum. Então hoje eu tenho uma lista com 2.890 apelidos e vou atrás dos nomes. Mas são dados exclusivamente de pessoas de Estância Velha. Acredito ser o único na região que faz isso”, conta Schwantes.
Acervos podem ser visitados
Ao mesmo tempo em que são chamados de “guardiões da história”, Schwantes e Rambow fazem questão de dividir o acervo com a comunidade. “É compartilhar e gerar conhecimento. Pois minha descoberta em um documento ou em foto vai agregar e contribuir muito para quem tiver interesse”, salienta Rambow, que reforça que um pouco do que estudou está exposto na Casa da Praça 1º de Maio até 28 de setembro.
Já o acervo de Schwantes também recebe visitas, mas mediante agendamento. “Aumentei o tamanho da minha casa seis vezes para poder caber tudo o que tenho de forma organizada. É sempre uma honra compartilhar a história de cada item. Recebo os visitantes, mas apenas dois por vez e tem que vir preparado para uma viagem no tempo de pelo menos 1h30”, afirma Schwantes. Para agendar a visita é pelo telefone (51) 99972-0764.