Um homem de 28 anos foi preso preventivamente nesta quarta-feira (23) suspeito de estuprar as próprias filhas, de 6 e 8 anos, no bairro Estância Velha, em Canoas. Segundo a Polícia, as crianças vinham sendo abusadas e constantemente ameaçadas pelo próprio pai, que prometia continuar com os abusos caso elas relatassem a situação a alguém. O crime foi descoberto a partir da análise de desenhos feitos pelas irmãs.
A avó foi a primeira a perceber que algo estaria errado. Ela presenteou as netas com um caderno e, ao observar os desenhos, de cunho precocemente sexual, notou um pedido de socorro implícito. Conversando com a mãe das meninas, à época casada com o abusador, verificaram que o comportamento de ambas havia mudado – elas pareciam mais agressivas e muito chorosas.
Orientada a levar as filhas a atendimento, ela descobriu que as crianças vinham sendo abusadas sexualmente pelo próprio pai. Também eram coagidas para manter os fatos em segredo. Registrada a ocorrência policial, o crime foi confirmado a partir de depoimentos das vítimas de violência, os chamados "depoimentos especiais".
Disse ainda ter notado que ele tinha muito nojo de urina e que, por esse motivo, quando percebia que iria ficar a sós com o pai em casa, urinava propositalmente nas calças buscando evitar os abusos.
Assim que a prisão foi decretada pelo Poder Judiciário, policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Canoas cumpriram a ordem judicial no intuito de preservar a integridade física e psíquica das irmãs.
O delegado Pablo Rocha, titular da DPCA de Canoas, explica que a forma pictórica (por desenhos) de expressão é muito comum entre crianças e revela fatos que a vítima talvez não conseguisse expressar conscientemente.
Segundo o delegado, a criança, ao desenhar, se manifesta de forma livre, sem receios, pois julga estar sozinha, desvigiada, em seu mundo lúdico, sem a pressão e o controle dos adultos. "É o desenho, portanto, forma importante de manifestação do pensamento infantil, que deve obrigatoriamente ser objeto de grande atenção por parte dos pais, avós e cuidadores", alerta.