Motoristas de Uber Flash desaparecem com doces e salgados de confeiteira: "Fiquei só com o prejuízo"
Microempresária Jaqueline Cardoso relata perda de clientes depois que quatro entregas sumiram com profissionais do app
Aos 41 anos, Jaqueline Cardoso conduz um bem-sucedido negócio de festas e eventos em Canoas. A microempresária aprendeu com a mãe como fazer doces e salgados e ao longo dos anos expandiu a clientela para fora da cidade graças a recomendações e novos pedidos.
A empresa de Jaqueline começou a ter problemas há alguns meses. Não devido ao tempero em algum salgado ou excesso de glacê em um bolo. O problema mesmo são as entregas. Ela estima já ter perdido R$ 4 mil por conta de entregas contratadas com a empresa Uber que não chegam ao destinatário.
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Após este caso inicial envolvendo um motorista de Uber Flash. Outros três se repetiram. O pior caso foi um envolvendo um motorista que, insatisfeito pela reclamação de Jaqueline feita à empresa, voltou ao endereço da fábrica e atirou os doces e salgados no chão.
"O cara sumiu e voltou no outro dia com a minha encomenda, mas daí eu já tinha perdido o dinheiro e a cliente", relata. "Ele disse que eu estava incomodando e, não satisfeito, jogou no chão, as minhas coisas. Foi um absurdo."
A microempresária fez uma tentativa de contato com a empresa Uber sem sucesso, no qual, o máximo que conseguiu, foi o contado direto de motoristas vinculados a Uber Flash.
"Fui à sede da empresa em Porto Alegre e mesmo assim não adiantou nada", desabafa. "É brabo, porque além da questão do dinheiro, não posso assumir responsabilidades e depois deixar as pessoas na mão. Trabalho com casamentos, festas de um aninho, etc. Há muito sentimento envolvido."
Solução paliativa
Como solução paliativa para o problema, a microempresária deixou de usar a empresa Uber Flash e passou a se valer de um motorista de confiança para a garantir que a clientela receba as encomendas.
"É brabo ver algo que a gente trabalha com tanta dedicação se perder assim, porque tenho uma fábrica com empregadas que trabalham com tanto amor e carinho quanto eu. Não posso ficar perdendo encomendas desse jeito."
Polícia em cima
Jaqueline conta que já procurou a Polícia Civil (PC). O caso está sendo apurado pela 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas, responsável pela área no bairro Olaria onde fica situada a fábrica da microempresária.
"Procurei a Polícia mais como proteção mesmo, porque dinheiro e clientes eu já perdi", observa. "Acho que não é todo mundo que poderia estar trabalhando como Uber Flash desse jeito. É preciso ter um pouco de compaixão pelo trabalho alheio."
Responsável pela 3ª Delegacia de Polícia, a delegada Luciane Bertoletti confirmou estar em cima do caso para apurar as circunstâncias que envolvem os furtos da trabalhadora. "A investigação está no começou", resumiu.
Sem retorno
A reportagem entrou em contato com a empresa Uber. Até o fechamento da matéria, a empresa ainda não havia dado um retorno sobre o caso.