Grupo responsável por esquema de agiotagem e ameaças em Canoas é alvo de operação
Polícia Civil divulgou um vídeo que mostra o momento em que um integrante da organização faz disparos em frente a uma casa para ameaçar o morador
Foi o incêndio de uma barbearia em Canoas, no início do ano, que levou a Polícia Civil a dar início a uma investigação que identificou uma organização criminosa responsável por um esquema de agiotagem, ameaças e violência cometidas contra trabalhadores e moradores do bairro Mathias Velho.
A primeira fase da batizada Operação Extorsor, lançada em abril, mirou e acertou o grupo que causava a destruição de estabelecimentos comerciais e fazia ameaças de morte a quem não pagava valores exigidos de uma dívida considerada sem fim. A apuração levou a novos nomes que faziam parte do esquema.
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Conforme o delegado Marco Guns, titular da 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas, especialmente após a pandemia, pessoas com dificuldades financeiras procuraram agiotas, que há anos atuam no bairro Mathias Velho. Contudo, não era conhecida pela Polícia a violência com que os criminosos vinham tratando os "negócios".
Ele aponta que nesta segunda etapa, a investigação conseguiu garantir imagens por meio de vídeos no qual os criminosos aparecem "tocando o terror" em quem não paga os valores exigidos. Nas imagens, um homem aparece no início da manhã disparando em frente a casa de um "devedor" para causar medo à vítima.
"Nesta segunda fase, houve avanços da investigação no sentido de identificação de específicos agiotas que atuam vinculados a grupos de cobrança", explica.
Veja o vídeo
Grupo responsável por esquema de agiotagem e ameaças em Canoas é alvo de operação.
— Diário de Canoas (@diariodecanoas) July 20, 2023
Polícia Civil divulgou um vídeo que mostra o momento em que um integrante da organização faz disparos em frente a uma casa para ameaçar o morador. ???? pic.twitter.com/wa0uHB1s3E
Tortura psicológica
A origem das cobranças se dá pela contratação de empréstimo com agiotas que, após receberem valor muito acima do já contratado, repassam a dívida, não mais existente, para integrantes dos identificados grupos de cobrança, que passam a exigir dinheiro das mais aleatórias vítimas.
"Os constrangimentos às vítimas, executados de forma violenta, com permanentes mensagens contendo graves ameaças, depredação de patrimônio e disparos de armas de fogo contra residência", aponta. "Tudo baseado em dívidas inexistentes ou já pagas pelas vítimas".
Durante a ação desta quinta-feira, foram apreendidos dois veículos de alto valor - um Honda Civic e uma BMW X6 -, utilizados para prática das extorsões, além de uma pistola 9 milímetros achada com um suspeito preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo.
"Vamos continuar investigando, já que foram novamente identificados familiares e novos inquilinos de imóveis como alvos dos criminosos, que passam a ser feitos refém de verdadeira tortura psicológica", esclarece Guns. "Chegamos a identificar vítimas que tentaram suicídio devido à pressão sofrida pelos criminosos".
Barbearia queimada
Na manhã de 27 de janeiro, criminosos armados invadiram uma barbearia no bairro Harmonia e, ignorando até mesmo a presença do proprietário e clientes dentro do estabelecimento, atearam fogo no local como uma ameaça devido à dívida com criminosos. Coube às pessoas apenas correr para tentar fugir das chamas.
"A Polícia Civil não vai mais permitir que a comunidade vire refém de pessoas que se acham acima da lei", adverte o delegado. "Houve até o sequestro de uma pessoa, levada até a Prainha do Paquetá, como ameaça de que seria morta, caso não pagasse. Isso vai acabar", avisa.