Arsenal apreendido na Capital pode ajudar a desvendar assassinatos em Canoas
As 125 armas apreendidas durante a Operação Desarme, executada nesta terça-feira (8), vão passar por perícia para esclarecer homicídios executados por facção que saia de Porto Alegre para matar em Canoas
A Polícia Civil efetuou a maior apreensão de armas do ano, durante uma ação executada nesta terça-feira (7), no bairro Santo Antônio, em Porto Alegre. Ao todo, 125 armas de diferentes tipos e calibres — entre elas, 55 fuzis — foram encontrados em uma residência.
O mandado de busca e apreensão contou com o apoio do Exército. O proprietário do arsenal foi preso em flagrante por posse irregular de armas. A batizada Operação Desarme foi coordenada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil.
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Conforme a Polícia Civil, as armas pertenciam a um colecionador, mas a suspeita é que ele alugava armamentos para uma facção criminosa oriunda da Zona Sul da Capital. A vinculação entre o dono das armas e a organização deve ficar clara até a conclusão do inquérito, conduto há certeza do envolvimento.
"Após a apreensão de um fuzil com numeração raspada na Restinga, a investigação chegou até a casa desse Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), que armazenava 125 armas, uma delas sem registro. O armamento foi adquirido com autorização, porém uma das armas foi parar na mão de criminosos. Não há registro de furto ou roubo desse fuzil”, esclareceu o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré.
A facção apontada pela polícia é conhecida por manter os negócios com extrema violência contra desafetos e criminosos rivais. Não raro, os integrantes deixam a Capital e cometem crimes em outras cidades. Isso aconteceu pelo menos meia dúzia de vezes em Canoas neste ano, razão pelo qual a apreensão pode levar ao avanço em alguns casos.
Canoas vive um 2023 em que a violência teve lugar de destaque. Foram pelo menos 72 homicídios cometidos de janeiro a outubro e embora o Departamento Estadual de Homicídios tenha garantido a resolução de boa parte dos casos, há muitos crimes sendo apurados.
Classificado como um salto na qualidade do trabalho de investigação da Polícia Civil gaúcha, a aquisição do chamado Sistema de Identificação e Comparação Balística Automatizada foi comemorada no ano passado, quando anunciada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública.
O equipamento conhecido como indexador balístico executa o exame de cada arma. A perícia é resultado do cruzamento da análise no armamento com os dados dentro do Sistema Nacional de Análises Balísticas, garantindo exatidão ao apontar o uso de arma X em crime Y, segundo a Polícia Civil.
Flagrante garantido
A investigação que culminou na apreensão começou em 28 de outubro, quando três armas registradas por um colecionador — uma espingarda, uma submetralhadora e um fuzil — foram apreendidas com uma organização criminosa, na Zona Sul de Porto Alegre. Em depoimento, o investigado não explicou como o armamento de sua propriedade estava na posse de criminosos.
"Após a apreensão de um fuzil com numeração raspada na Restinga, a investigação chegou até a casa desse Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), que armazenava 125 armas", aponta o delegado Sodré. "São armas de guerra, de uso operacional, com elevado poder letal", conclui.
RS terá primeira delegacia de combate ao tráfico de armas
A fim de fortalecer o combate ao crime organizado, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) está trabalhando em conjunto com a Polícia Civil, para implementar a primeira delegacia especializada na investigação de tráfico de armas. A unidade vai entrar em operação em 2024. A estrutura contará com ferramentas específicas de rastreio de armamento e munição. A delegacia especializada seguirá o modelo de investigação e cruzamento de dados já adotado pela Polícia Federal e pela Receita Federal, por exemplo.
"Por meio de um trabalho especializado, vamos intensificar ainda mais as ações de desarmamento dos grupos criminosos. Além da asfixia financeira e do combate incisivo ao tráfico de drogas, também enfraqueceremos a circulação e a utilização de armas por parte dos criminosos", afirmou o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron. "Essa maior apreensão de armas do ano reforça a importância de instalarmos, com a SSP, uma delegacia especializada no rastreio e no mapeamento de armas", acrescentou.