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Notícias | Região Avanço da pandemia

Casos de Covid-19 na região dobram nos primeiros 15 dias de julho

Total de confirmações na primeira quinzena do mês foi praticamente o mesmo do registrado em todo o restante da pandemia, até 30 de junho, na região Novo Hamburgo, saltando de 2.487 para 4.866 casos

Por Bianca Dilly
Publicado em: 17.07.2020 às 05:00 Última atualização: 17.07.2020 às 12:03

Colaboraram: Cristiano Santos, Gustavo Henemann e Micheli Aguiar

O mês de julho está apenas na metade, mas já se mostra como o mais agressivo em termos de números da Covid-19. Em 15 dias, as cidades que fazem parte da região Novo Hamburgo no distanciamento controlado do Estado registraram um aumento de 95,6% nos casos de coronavírus. Ou seja, até a última quarta-feira (15) o total de novas confirmações quase dobrou se comparado aos três meses anteriores, desde o início da pandemia. A quantidade de diagnósticos nos 15 municípios passou de 2.487 até 30 de junho para 4.866 até 15 de julho.

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Durante a semana, a presidente da Associação de Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars) e prefeita de Dois Irmãos, Tânia Terezinha da Silva, já destacou a evolução de confirmações. "Eu até gostaria de falar que estamos estáveis, mas não é isso que os números nos dizem. O número de casos está aumentando", frisou. Entre as preocupações que surgem com o avanço, estão a questão da ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), falta de kits e medicamentos para entubar pacientes e a necessidade de manter equilíbrio entre saúde e economia.

Além disso, outro pleito em andamento pela Amvars diz respeito aos respiradores. "Estamos trabalhando com um levantamento de municípios menores que têm respiradores, mas não têm UTIs, e às vezes nem hospital. Se for necessário fazer a concessão de uso desses aparelhos pelos hospitais que contam com a estrutura, vamos fazer", acrescenta, sobre a preocupação com os novos casos, que podem virar futuras internações em um sistema de saúde que já está sobrecarregado.

Novo Hamburgo

Novo Hamburgo somava, até terça-feira, 1.586 confirmações e 60 mortes. Os primeiros 15 dias do mês totalizam 831 casos, 110% a mais do que o registrado entre 29 de março, data do primeiro caso confirmado no Município, e 30 de junho. Nesses três meses foram notificados 755 casos.

O aumento das confirmações de Covid começa a ter outra dimensão ainda em junho. No dia 8, eram 10 confirmações. Em 22 de junho, foram 51. No dia seguinte, 74 e no último dia do mês, o total diário foi de 80 casos. Padrão que só se agravou em julho. No dia 6, por exemplo, 117 pessoas receberam a confirmação de Covid em Novo Hamburgo. O recorde diário desde o início da pandemia.

"O avanço não nos surpreende. A chegada do inverno já anunciava isso e Novo Hamburgo, por ser a maior cidade da região, recebe pessoas de todo o entorno, além de ter moradores daqui que trabalham em Porto Alegre, epicentro da pandemia no Estado", justifica o secretário municipal de Saúde, Naasom Luciano.

Outro dado que chama a atenção é o número de mortes. Dos 60 óbitos provocados pela Covid, 24 foram registradas apenas entre 1º e 15 de julho. Os recuperados somam 800, percentual de quase 50% - taxa inferior à do Estado, que está em 84%.

Trabalho das equipes está em dia

O diretor-presidente da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), Ráfaga Fontoura, destaca que o trabalho das equipes está em dia. "No momento, apesar do aumento, nossa estrutura de saúde vem se mostrando suficiente. Não há pacientes sem atendimento, à espera de UTI, por exemplo. Se um paciente de Novo Hamburgo precisar, ele terá, no mesmo momento", pontua.

Sobre os próximos passos, Ráfaga lembra do plano de contingência do Município. "Temos mais dois gatilhos pela frente. A transformação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro em Centro de Referência para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e o hospital de retaguarda", cita.

É a taxa de ocupação que ativa os próximos gatilhos. "E temos mantido ela estável. O plano de contingência tem um alerta para a ocupação, quando a estrutura está sobrecarregada, mas o que ocorre aqui é que nossos leitos rodam muito, porque a equipe médica está preparada para dar esse atendimento. Então, nossa estrutura tem dado conta", reitera Naasom.

Para definir o que será feito logo adiante, Ráfaga pede atenção para os dias que estão por vir. "As próximas duas semanas são fundamentais para o plano de contingenciamento. Se continuarmos nessa estabilização, se tudo der certo e se for possível até um arrefecimento, então esses gatilhos não serão necessários. Tudo vai depender da taxa de ocupação e transmissão", conclui.

Recordes de casos

Sapiranga teve em 10 de julho o número máximo de novos diagnósticos até então: 42 casos. Para Campo Bom, o recorde foi verificado na última segunda-feira, com 43 confirmados. Com 24 pacientes de Covid-19 na última quarta-feira, este foi o dia de recorde em Ivoti desde o início da pandemia, sendo 15 pessoas de uma mesma empresa. Ainda ontem, Taquara informou 17 resultados positivos.

O maior aumento

Com 313,15%, o maior avanço na comparação entre os dois períodos foi constatado em Sapiranga. De 76 subiu para 314. Porém, a prefeitura contesta o dado e afirma que até 30 de junho eram 109 confirmações na cidade. O dado difere do que apresentava a Secretaria Estadual da Saúde (SES). Pelo número informado pela administração municipal, o aumento ficaria em 188,07%.

Pior situação do RS na terapia intensiva

A taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) na região de Novo Hamburgo do distanciamento controlado tem crescido desde o início do mês. Até as 16 horas de ontem, conforme monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde (SES), dos 98 leitos adultos disponíveis, apenas 3 estavam livres - ou seja, 96,9% ocupados. É o pior quadro do mês, que iniciou com 81% de ocupação, e também entre todas as regiões do Estado.

Do total de internações, 45 (47.4%) eram de confirmados com Covid-19. Outros 12 (12.6%) de pessoas com suspeita da doença ou outra Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Mais 38 (40%) pacientes estão internados na terapia intensiva por outros problemas.

A taxa de ocupação no Município era de 96.5% (somando redes de saúde púbica e privada), com apenas 2 dos 57 leitos livres. Contudo, ontem à tarde, todos os leitos no Municipal estavam ocupados, com 24 internações na terapia intensiva, conforme o boletim diário da Secretaria Municipal da Saúde. "Se montarmos 400 leitos, todos eles serão ocupados. Não é uma matemática tão simples, porque é a Central de Regulação do Estado que encaminha os pacientes de diferentes cidades", acrescenta Naasom.

Dos 35 leitos de UTI de Novo Hamburgo, 25 estão habilitados exclusivamente para tratar pessoas com a doença. No entanto, cinco dos dez leitos de UTI alugados pela Prefeitura da empresa RTS Rio apresentaram problemas técnicos e estão fora de operação.

Leitos de UTI bloqueados em Osório e Tramandaí

O Hospital São Vicente de Paulo, em Osório, e o Hospital Tramandaí, em Tramandaí, mantém bloqueados os leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI) devido à falta de medicamentos essenciais para manutenção de pacientes entubados e em ventilação mecânica. Desta forma, as casas de saúde não estão recebendo novos pacientes. Não há previsão de quando os medicamentos devem chegar. Em Tramandaí, a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas - que administra o Hospital Tramandaí - optou por bloquear os leitos de UTI no começo da semana, e a situação continuará assim por tempo indeterminado. No momento, os 16 leitos de UTI adulto e Covid-19 estão ocupados. Conforme o diretor-presidente do Hospital São Vicente de Paulo, Marco Aurélio Pereira, a UTI da casa de saúde de Osório tem cinco pacientes internados, apesar de haver demandas de internação. "Estamos bloqueando os leitos assim que vão sendo desocupados. Informamos as autoridades judiciárias e de Saúde, tanto locais como a nível estadual. Estamos com vários medicamentos em estoque zero", afirmou Pereira.

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