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Notícias | Especial Coronavírus Corrida pela vacina

O que se sabe até agora sobre as vacinas brasileiras

Em intervalo de poucas horas, Butantan e governo federal surpreenderam ao anunciar os imunizantes

Publicado em: 27.03.2021 às 03:00

ButanVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, será produzida sem depender da importação de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) Foto: Governo do Estado de SP
A semana em que o País ultrapassou a triste marca de 300 mil mortes por Covid-19 e que o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prometeu - sem dar prazo - imunizar 1 milhão de pessoas por dia termina em clima de expectativa pela vacina desenvolvida totalmente em solo brasileiro. O próprio governo admite que somente a imunização em massa será capaz de diminuir a crise de saúde e econômica que o Brasil enfrenta há um ano.

Dois projetos em estágio avançado foram anunciados nesta sexta-feira: um do Instituto Butantan, ligado ao governo do Estado de São Paulo, e outro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), ligada à Universidade de São Paulo (USP) e patrocinado pelo governo federal. Este foi anunciado pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, horas depois de o governador paulista João Doria dar detalhes da Butanvac, que é como será chamada a vacina do Butantan.

Corrida pela vacina

Pontes nega que o anúncio feito nesta sexta-feira à tarde tenha relação com a notícia de Doria, que surpreendeu o País pela manhã. O ministro inclusive mostrou documento que havia sido protocolado na véspera, pedindo autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes da vacina em humanos - serão 360 voluntários inicialmente. O imunizante da FMRP ainda não tem um nome definido.

Em fevereiro, a faculdade já havia enviado à Anvisa um dossiê com os resultados dos testes prévios de eficácia da vacina que, segundo a USP, protegeu animais infectados. Após a primeira análise, a agência devolveu o pedido para ajustes. De acordo com a USP, os estudos são coordenados pelo professor Célio Lopes Silva, do Departamento de Bioquímica e Imunologia e coordenador do Laboratório de Vacinas Gênicas da FMRP.

Neste momento está em curso a fase de teste de toxicidade da nova vacina. O estudo em humanos será iniciado tão logo a Anvisa autorize e deve levar cerca de três meses. Segundo Marcos Pontes, o apoio do governo a este e outros 14 projetos é "estratégia de soberania". "Vimos a dificuldades que tivemos com importação", disse.

Grande trunfo

A vacina do Instituto Butantan também está entrando na fase de testes em humanos, tanto que o órgão solicitou nesta sexta autorização da Anvisa para a aplicação em voluntários. O presidente do Butantan, Dimas Covas, espera para logo o aval da agência. A previsão é iniciar a aplicação ainda em abril para que esta fase esteja concluída "em no máximo três meses", de forma que o uso seja liberado neste ano.

Coletiva de imprensa para anúncio da ButanVac, vacina 100% nacional Foto: Governo do Estado de SP
O potencial de usar a estrutura já existente no instituto para fabricar o novo imunizante contra a Covid-19 sem depender de insumos importados é, segundo especialistas, o grande trunfo da Butanvac. Segundo Doria, não haveria qualquer empecilho para a produção da CoronaVac ou da vacina contra a influenza, a popular vacina da gripe. No entanto, os especialistas alertam que ainda é cedo para contar com esta vacina ainda no segundo semestre. O mesmo vale para o projeto FMRP, patrocinado pelo governo.

A expectativa do Butantan é iniciar a produção da própria vacina em larga escala ainda no primeiro semestre. Serão aproximadamente 40 milhões de doses até o fim do ano. A capacidade de produção chega a 100 milhões de doses ao ano, com prioridade para uso no País. Parte irá para o exterior, uma vez que Vietnã e Tailândia estão ao lado do Brasil no consórcio internacional para produção da vacina.

Dose única

O diretor do instituto destaca o baixo preço e a segurança do método semelhante ao da vacina da gripe como as principais vantagens da Butanvac. Dimas Covas disse ainda que o produto é mais imunogênico, ou seja, tem possibilidade de ser aplicado em dose única. "É a geração 2.0 da vacina. Nós aprendemos com as anteriores e agora sabemos o que é uma boa vacina para a Covid-19. Essa já incorpora algumas dessas modificações", informou.

O novoimunizante do Instituto Butantan

Batizada de Butanvac, a vacina já teria passado por fases pré-clínicas de testes (em células de laboratório e em animais) com bons resultados. Ainda há poucos detalhes sobre o processo de desenvolvimento, iniciado em março do ano passado. Segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, a vacina será fabricada dentro de ovos de galinha, no mesmo processo da vacina da gripe e de outras pelo mundo. Milhões de ovos com embriões ainda vivos vão receber outro vírus, inofensivo para os humanos, carregando a informação genética do Sars-CoV-2. O resultado será uma vacina inativada, feita com fragmentos de vírus mortos.

 

E o da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Ministro Marcos Pontes mostra pedido feito à Anvisa, na quinta Foto: Anderson Riedel/PALÁCIO DO PLANALTO
Os ministros Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Queiroga (Saúde) não detalharam o processo de produção da Versamune®?-CoV-2FC. O desenvolvimento é feito em parceria com a Farmacore Biotecnologia e a PDS Biotechnology Corporation. A USP informou que "o objetivo é desenvolver uma vacina nanoparticulada". Ela contém o antígeno S1 vinculado a um "carregador" desenvolvido por empresa americana. Ao entrar na célula, estimula o sistema imune inato, produzindo citocinas que facilitam a estimulação do sistema imune, produzindo linfócitos que impedem a entrada do vírus na célula.

 

Registroda Sputnik

O laboratório União Química e o Fundo Soberano da Rússia (RDIF) apresentaram nesta sexta-feira novo pedido à Anvisa de uso emergencial no País da Sputnik V, imunizante desenvolvido na Rússia. Em janeiro, a agência devolveu a solicitação de mesmo teor, sob alegação de que não recebeu dados mínimos para a análise. O laboratório brasileiro afirma, agora, que entregou todas as informações para abrir a avaliação. O Ministério da Saúde comprou 10 milhões de doses deste imunizante, que começam a chegar ao País no próximo mês. O Consórcio do Nordeste, formado por governadores da região, comprou outras 37 milhões de unidades.

 


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